7.1/10

Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda

Diretor

Nisha Ganatra

Gênero

Comédia

Elenco

Lindsay Lohan, Jamie Lee Curtis, Julia Butters

Roteirista

Jordan Weiss e Elyse Hollander

Estúdio

Walt Disney

Duração

110 minutos

Data de lançamento

07 de agosto de 2025

Anos depois de Tess e Anna sofrerem uma crise de identidade, Anna agora tem uma filha e uma futura enteada. Enquanto enfrentam os desafios da fusão de duas famílias, Tess e Anna descobrem que um raio pode cair duas vezes no mesmo lugar.

A Disney vem fazer uma nova adição ao universo cada vez mais extenso de produções que se sustentam na nostalgia para lançar sequências, reboots, remakes e etc. A maior bilheteria do ano, inclusive, foi o live-action de Lilo & Stitch, o primeiro filme de 2025 a ultrapassar a marca de 1 bilhão de dólares. Raramente essas obras conseguem justificar sua existência – e muito menos seu sucesso, e por isso eu estava um tanto cética para a sequência do clássico da Disney (principalmente do finado Disney Channel), Uma Sexta-Feira Muito Louca, lançado em 2003 (e reprisado em exaustão pelas duas décadas seguintes) e estrelado por Lindsay Lohan e Jamie Lee Curtis como filha e mãe que viviam se estranhando e trocam de corpo e são obrigadas a ver a situação pelo ponto de vista da outra. Apesar do ceticismo, ainda havia expectativas, já que o filme contaria com o retorno das duas protagonistas, assim como de Chad Murray – e todas essas expectativas foram superadas, uma vez que Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda sabe usar a nostalgia a seu favor para alavancar uma trama atual e relevante sem nunca perder o charme dos anos 2000, e render um dos melhores filmes da Disney dos últimos anos.

Muita coisa mudou desde o primeiro filme. Fora das câmeras, Lindsay Lohan passou uma verdadeira montanha-russa na sua vida pessoal até conseguir se reerguer e colocar sua carreira de volta num caminho de sucesso, Jamie Lee Curtis ganhou um Oscar, centenas de filmes sobre relação de mãe e filha foram lançados, smartphones apareceram, redes sociais e influencers mudaram nossa sociedade – nada disso é ignorado em Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda, ao invés, são elementos incorporados para contextualizar e ambientar a história, sem nunca desviar de sua alma. Duas décadas depois, Anna e Tess também mudaram, Anna não faz mais parte de sua banda, mas se tornou uma produtora musical responsável por lançar novos talentos, dessa vez Ella (Maitreyi Ramakrishnan). Tess continua trabalhando como psicóloga, também tem um podcast e está lançando um livro. A maior mudança, no entanto, está no fato de que Anna agora é mãe de uma adolescente, e isso mudou toda a dinâmica da família. Anna é mãe solteira de Harper (Julia Butters), uma adolescente que só quer saber de surfar e curtir com os amigos e, enquanto Tess era sinônimo de rigidez, agora ela é muito mais “paz e amor”, principalmente no que diz respeito à criação da neta, que ela faz questão de ter uma participação ativa. É muito bom ver que a experiência de troca de corpo do primeiro filme realmente mudou a forma como as duas interagem.

A relação de mãe e filha é sempre o ponto central do filme, mas o que desencadeia a trama é o romance. Quando Anna é chamada na escola por conta de uma briga em que Harper se envolveu, ela conhece Eric Reyes (Manny Jacinto), um chefe de cozinha britânico viúvo e pai de Lily (Sophia Hammons), a grande inimiga de Harper na escola. Num piscar de olhos os dois se apaixonam e ficam noivos, fazendo com que a família planeje se mudar para Londres, mas as meninas ainda não se dão bem e Harper odeia a ideia de ir morar em outro continente. Essa tensão piora a relação entre Anna e Tess, que também não estão na mesma página sobre a mudança, e esse cenário de desentendimento é perfeito para que aconteça uma nova troca de corpos, mas dessa vez em dobro: Anna troca de corpo com a filha Harper, mas Tess troca de corpo com Lily (acredite, faz sentido). É uma dinâmica um pouco confusa no começo, mas com o desenrolar do enredo, acompanhar as quatro se torna natural e divertido. 

As situações pelas quais passam as quatro mulheres conquistam os espectadores não pela inventividade, mas pela capacidade de manter, de alguma forma, o caos sob um equilíbrio de humor (que está no ponto certo, uma das maiores dificuldades de filmes infantis que agora têm um público que amadureceu junto com eles), afeto e sensibilidade. Algumas dessas situações imitam cenas do primeiro filme, mas sempre com algo diferente que transforma tudo numa nova experiência. De todas as produções de nostalgia, a primeira que realmente me pegou foi essa. Talvez por eu ser mais apegada ao filme original, ou talvez simplesmente por ser um filme genuinamente divertido e caloroso. A direção de Nisha Ganatra não tem medo de ir para diversos lugares, porque sabe muito bem onde está o coração dessa narrativa. Os veteranos, Lindsay Lohan, Jamie Lee Curtis e Chad Murray, voltam aos seus personagens como se não houvesse mais de 20 anos de intervalo e os novatos também se integram muito bem ao elenco. “Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda” é uma sucessão de acertos, construindo um filme perfeito para quem cresceu assistindo ao original, mas também com potencial para conquistar novos públicos.

 

Por Júlia Rezende

9

Missão cumprida

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