“Cézanne e Eu”, um “bromance” de época com a genialidade de grandes artistas

A vida de um grande artista já foi inspiração para inúmeras cinebiografias e dessa vez a diretora monegasca Daniéle Thompson optou não só por contar a história do gênio da pintura Paul Cézanne e seu melhor amigo o escritor Emile Zola desde o momento em que se conhecem no colégio na França até o fim dos seus dias, mas transformou a boa história num “bromance” do século XVIII.

A viagem pela França ainda nos tempos de Napoleão Bonaparte, começa com os jovens personagens se conhecendo. Cézanne impede que outros colegas de escola batessem em Zola que sofria bullying por ser de um jovem de origem mais humilde que os demais filhos de burgueses franceses.

O filme alterna passado e futuro e mostra ascensão  de Cézanne na sua criação movimento de arte moderna e pós-impressionista e a convivência dele com Monet, Pizarro e Renoir. Enquanto isso, Zola que tinha origem pobre passa frequentar a alta roda sociedade e quer fazer parte daquele núcleo e consegue isso através dos seus livros.

Cézanne surge como uma grande estrela do rock dos anos 1980, um gênio de personalidade forte que galanteia mulheres para serem modelos de suas obras, em contraste com o tímido Zola.

O tempo passa e sua arte não emplaca, ele não aceita se juntar ao estilo venerado da academia de arte e busca um estilo próprio e pessoal.

Enquanto isso, Zola se casa com sua paixão da adolescência e vai morar numa enorme casa no campo e nunca deixa o amigo artista . Por anos, ele ajudou financeiramente o amigo que sem recursos e sem vender obras se isolava em busca das cores perfeitas para as suas obras. O escritor se tornava o burguês que tanto criticavam na juventude.

O filme tem uma fotografia que aproveita os belos cenários naturais do sul da França que serviram como inspiração para as telas do artista que é mostrado numa visão de gênio perturbado e controverso em oposição ao amigo que fez sua carreira de escritor passou a circular entre as rodas dos artistas de Paris, casou se isolou e se prendeu “à vida de burguês” como diz o pintor em uma das muitas discussões entre eles, quando a relação de amizade sofre desgaste pelo temperamento de um e covardia de outro.

Enquanto Zola inveja a liberdade de Cézanne, o pintor em alguns momentos não se conforma com o distanciamento da amizade.

Além de ver obras clássicas surgindo na tela, é bom ver a inspirada relação dos dois protagonistas ganhando a leveza que os atores Guillaume  Canet e Guilaume Galliene é possível rir e se emocionar com um “bromance” de época que salta aos olhos com as cores a vivacidade da arte de Cézanne.

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