Com história previsível, reboot de “O Grito” não convence e oferece pouco a temer

Anos depois da versão japonesa original e da primeira versão americana, o clássico do terror O Grito ganha mais um remake americano, mas sem trazer nada novo.

Assim como as primeiras versões, o novo O Grito se passa nos anos 2000, começando em 2004 quando uma mulher retorna para sua família nos Estados Unidos depois de sair de uma casa macabra no Japão, mas fugir do país não foi o suficiente, já que levou com ela, para os Estados Unidos e para sua família, a maldição do grito. Depois disso somos apresentados a histórias paralelas, ambientadas em anos diversos e que, de alguma forma, acabam se entrelaçando. A narrativa não cronológica é a principal característica do reboot, que apesar de interessante no começo, acaba dando uma sensação de que nada acontece, de fato, até a parte final do filme.

A história principal se desenvolve em volta de Muldoon, uma detetive que acabou de perder seu marido para o câncer e se muda para uma nova cidade com seu único filho. Em seu novo emprego começa a investigar um caso de assassinato, a partir daí começam os flashbacks que nos levam às outras histórias, todas envolvendo assassinatos brutais não solucionados que devem ser desvendados.

As diferentes histórias possibilitam a introdução de diversos personagens, revelando um elenco de muita qualidade, mas que teve pouco material para trabalhar. Nenhum personagem foi apresentado de forma mais aprofundada ou que pudesse gerar a empatia do público. Mesmo Muldoon, interpretada por Andrea Riseborough, uma mãe que perdeu seu marido para uma doença e ainda está se recuperando não consegue despertar fortes sentimentos por conta da narrativa superficial.

Em relação à capacidade de assustar, “O Grito” também deixa a desejar. As tentativas de sustos são abundantes, mas em sua maioria previsíveis e acabam falhando. O clima dado ao filme pelo diretor Nicolas Pesce é assustador, quase todo o cenário é composto de cores escuras e amarelo e reflete bem toda a tragédia e drama vividos pelos personagens, o que é um ponto positivo do filme. As cenas gore, principalmente as dos assassinatos, também são bem-feitas, mas não compensam a previsibilidade das situações.

Depois de assistir ao remake, você provavelmente continuará se lembrando da versão americana de 2004, isso porque o longa pouco acrescenta na franquia e se prova desnecessário, sem conseguir se livrar dos clichês e desperdiçando uma premissa que poderia ter trazido novos ares e profundidade à história.

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