CREED III | MICHAEL B. JORDAN ESTREIA NA DIREÇÃO MANTENDO A CONSISTÊNCIA E A QUALIDADE DA FRANQUIA

Michale B. Jordan, assim como Adonis Creed, está preparado para seguir seu próprio caminho, dessa vez na direção. No terceiro filme da trilogia Creed, que em suas primeiras partes dependeu fortemente do Rocky Balboa, o antigo treinador nem chega a fazer uma aparição e, em vez de focar no passado de Rocky ou até mesmo de seu pai Apollo Creed, agora o foco é todo em Adonis, sua família, seu presente, seu passado e seu legado.

O filme abre com um pedaço da adolescência de Adonis e seu melhor amigo Damian. Adonis foge de casa para sair com o amigo que o leva para um local onde participa de uma luta de boxe amador para ganhar dinheiro. Damian é obviamente um ótimo boxeador, acumulando vitórias, mas também está (um pouco menos obviamente) metido com atividades suspeitas. Os dois compartilham uma infância difícil, tendo se conhecido em um dos orfanatos por onde passaram, mas enquanto Adonis acabou sendo acolhido por Mary-Anne, a esposa de seu falecido pai que lhe proveu com todos os privilégios que ele jamais tivera antes, fica claro que Damian não teve a mesma sorte e resta a ele mesmo lutar pela vida que deseja ter. A amizade dos dois, no entanto, seguia firme e forte apesar das novas divergências, até que algo acaba os separando.

Nos dias atuais, Adonis está aposentado do ringue, trabalhando como mentor e agente de novos talentos do boxe, mas levando uma vida muito mais voltada para sua família. Tessa Thompson está de volta como Bianca Creed, que se afastou dos palcos para trabalhar como produtora por conta do avanço dos seus problemas de audição. Os dois moram com sua filha Amara (Mila Davis-Kent, uma agradável novidade), que agora já é uma criança e não mais um bebê, com uma personalidade para chamar de sua. Aproveitando as glórias e o dinheiro que sua vitoriosa carreira no boxe lhe proporcionou, a família Creed está feliz e confortável até que sua paz é balançada quando Damian (Jonathan Majors, de uma qualidade inabalável) aparece depois de 20 anos sem contato e descobrimos que esse tempo foi passado na prisão e, para aumentar o conflito e a tensão entre eles, Damian considera que, de certa forma, a situação foi culpa de Adonis.

A culpa que Damian atribui a Adonis é sentida pelos dois e movido pela vontade de compensar o amigo, Adonis decide ajuda-lo em seu sonho de retomar a carreira interrompida e se tornar, finalmente, um boxeador profissional. Logo, os dois “amigos” se tornam ferrenhos adversários, a ponto de tirar Adonis de sua aposentadoria tranquila. Diferente das antigas lutas presentes tanto na franquia Rocky quanto em Creed, aqui o embate não é originário do boxe, afinal das contas os dois já tinham uma conexão muito antes de lutarem entre si, o que significa que eles carregam uma bagagem muito maior e sua disputa vai muito além do ringue. Essa luta, mais física do que emocional, é riquíssima para a valorização do filme. O boxe é uma luta interessante e emocionante para se assistir, principalmente quando é coreografada e filmada dos ângulos certos para ser vista numa tela de cinema, mas é louvável que, mesmo depois de quase 10 filmes desse universo específico, Michael B. Jordan ainda tenha conseguido inovar também nessas cenas, trazendo para as lutas elementos novos, mais subjetivos e em conexão com os conflitos que rondam a mente de Adonis fora do ringue. A emoção, mais uma vez, é o ponto crucial que rege a narrativa por todos os lados e para todos os personagens, uma marca já registrada, mas que recebe um tratamento especial capaz de manter vivo o legado da franquia e do protagonista.

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