GÊMEO MALIGNO | COM LUTO MATERNO E REVIRAVOLTAS, NOVO TERROR TENTA SUBVERTER CLICHÊS DO GÊNERO

Depois de um evento trágico, uma família se muda para uma casa grande e isolada numa cidade do interior onde coisas estranhas passam a acontecer. É assim que começa “Gêmeo Maligno”, e 90% dos filmes de terror existentes também, mas pelo menos podemos dizer que o primeiro se esforçou para tentar subverter os clichês com suas reviravoltas, ainda que não possamos dizer tenha tido sucesso.

O evento trágico em questão foi um acidente de carro que resultou na morte de Nathan, um dos gêmeos do casal Rachel (Teresa Palmer) e Anthony (Steven Cree), deixando Elliot (Tristan Ruggeri) como filho único. Em luto, a família se muda para uma cidade pequena no interior da Finlândia, local de origem de Anthony. A população é no mínimo estranha, todos os moradores vestem roupas formais, parecem estar encarando os novos habitantes a todo momento e agem em grupo, como se fizessem parte de um culto. Se você pensou em Midsommar, essa é mesmo a energia (mas não, não chega perto de ser tão bom quanto).

Além das atitudes bizarras da cidade, Elliot começa a demonstrar comportamentos estranhos também ao chegar em sua nova casa. O menino começa a falar da presença de seu irmão morto, exigindo até mesmo que mais uma cama fosse colocada em seu quarto para Nathan. Rachel faz o papel da mãe preocupada, vista como histérica por Anthony, que faz o papel do marido racional e tranquilo, um clássico dos filmes de terror, mas é claro que Rachel tem motivos de sobra para se preocupar, muito além da histeria. E talvez Anthony também tenha seus motivos para passar a imagem de uma pessoa muito calma, mas não dá pra dizer muito além disso sem correr o risco de dar spoilers.

“Gêmeo Maligno” traz muitos elementos favoráveis, a grande maioria emprestados de filmes de terror de sucesso, junto com uma atuação de altíssima qualidade por parte da subestimada Teresa Palmer, que prospera ainda mais nesse gênero. Porém, mesmo com tantos pontos positivos a seu favor, o longa não emplaca um enredo chamativo ou original suficiente para se estabelecer como um bom filme de terror. Dirigido por Taneli Mustonen (também responsável pelo roteiro), o suspense é bem retratado, assim como o clima misterioso da cidade. As expressões de Teresa Palmer também são bem enquadradas, mas os pontos altos param por aí.

Com os dois primeiros atos num ritmo mais parado, “Gêmeo Maligno” comete um erro muito comum aos filmes do gênero: um terceiro ato corrido e um tanto quanto atropelado. As reviravoltas e plot twists são o que salvam o filme da mediocridade, embora possa não ser uma grande surpresa para você caso você já tenha assistido a um grande número de filmes de terror. A quantidade de reviravoltas acaba sendo um tanto quanto exagerada, no entanto e o ritmo acelerado tira um pouco de seus efeitos.

“Gêmeo Maligno” não é um filme bom em parâmetros gerais, mas fica na média quando se trata de filmes de terror. Não é exatamente a melhor opção, mas você ainda vai poder se divertir.

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