LAUNCHPAD | DE FORMA POSITIVA, DIVERSIDADE E QUESTIONAMENTOS MARCAM A PRIMEIRA TEMPORADA

Com a proposta de diversificar as suas histórias e ampliar a forma como se contam histórias, a Disney lançou um programa para jovens cineastas focado na diversidade. No “Launchpad”, os jovens cineastas puderam escrever e dirigir um curta que viria a compor uma coleção a ser lançada no Disney+…. E o resultado não poderia ser melhor! Seis diferentes curtas chegaram a plataforma do camundongo no último dia 28 e são obras que, apesar de ser claro um direcionamento no trabalho dos jovens, apresentam uma verdadeira inovação para a Disney.

Logo no primeiro curta, “American Eid”, somos apresentados a cultura islâmica de uma família paquistanesa que imigrou para os Estados Unidos. A história é doce e leve, com um tema nada usual para a Disney, mas ao mesmo tempo com diversos pontos que fazem e muito reconhecer o estúdio (inclusive com uma referência a personagem Miss Marvel, também islâmica, que em breve ganhará o seu próprio seriado no Disney+). É um ótimo início para quem está curioso sobre a cultura islâmica e que depois podem procurar outros filmes produzidos diretamente nos países do Oriente Médio (inclusive, se você está interessado, recomendamos procurar os longas distribuídos pela Imovision).

Em “Dinner is Served”, sob uma ótima dos imigrantes chineses, nos distanciamos da doçura para encararmos um belíssimo questionamento da diversidade a qualquer custo. Diferente de outras etnias, a visão chinesa do diretor e roteirista Hao Zheng mostra um orgulho que não se permite ser usado em prol de uma agenda. É muito interessante como a identidade e as diferenças são destacadas, afinal não somos todos iguais e jamais seremos, e o curta mostra a importância de sabermos conviver com as nossas diferenças.

Para quebrar o “climão” do conto chinês, em “Growing Fangs” somos transportados para a cultura mexicana em um curta bem humorado com um contexto de monstros adolescentes. Com um roteiro simples e muito melhor do que “Crepúsculo”, por exemplo, acompanhamos os dilemas de uma jovem vampira mestiça, que mesclam a fantasia com uma realidade que todos nós já vivenciamos. A diretora e escritora, Ann Marie Pace, se debruça sobre a diversidade de uma forma extremamente natural e entrega um curta com boas lições de moral, como um bom clássico Disney.

Em “Let’s be tigers”, de Stefanie Abel Horowitz, sabe trabalhar muito bem a tensão e o mistério. Com uma história extremamente simples, talvez a mais simples de todas, somos convidados a sentir diferentes emoções em um espaço muito curto de tempo. A forma como a cineasta escolheu desenvolver a sua narrativa foi digna de grandes nomes do cinema e não seria um espanto vê-la em grandes produções no futuro.

Voltamos para a cultura mexicana em “The Last of Chupacabras”, que traz uma visão bastante dura do nosso futuro onde algumas identidades deixaram de existir. Com uma visão bastante conceitual e artística, Jessica Mendez Siqueiros entrega um belo curta, com um excelente trabalho de marionetes, mas ao mesmo tempo muito lento para seus 18 minutos de duração.

No último curta, “The Little Prince(ss), temos um tema extremamente polêmico e que, infelizmente, foi trabalhado com uma preocupação muito maior em chocar e questionar a estrutura social do que contar bem uma história. As escolhas de Moxie Peng, cineasta não-binário, não são nada inovadoras (afinal, Billy Elliot está entre nós há anos) e traz, de um modo unilateral, uma questão muito delicada que ainda é muito debatida no âmbito da psicologia infantil. Aqui não importa muito o “o que” mas o “como”, e isso faz com que o último curta seja também o mais fraco de toda a primeira coleção.

O resultado do conjunto de primeira temporada de Launchpad é muito promissor e satisfatório, vamos esperar como será a segunda temporada!As inscrições já estão abertas e é possível se inscrever de qualquer lugar do mundo! Saiba como aqui.

pt_BR