Em 1997, “MIB” (ou Homens de Preto, em português) foi um dos primeiros longas “blockbusters” a introduzir uma grande mescla de gêneros cinematográficos: comédia, ficção científica e ação. Protagonizado por Will Smith e Tommy Lee Jones, o filme foi um grande sucesso que rendeu duas sequências, em 2002 e 2012 respectivamente. Com um plano de fundo praticamente infinito, era inevitável que a Sony Pictures traria a franquia de volta aos cinemas em algum momento e agora o estúdio aposta na renovação do elenco e no distanciamento das tramas dos três primeiros filmes. Decisão certeira que resultou em “MIB: Internacional”.

Agora, o “universo” da franquia foi ampliado e traz acontecimentos além da cidade de Nova York, com cenas principalmente em Londres, Marrakesh e Nápoles. Repetindo a parceria de “Thor Ragnarok”, Chris Hemsworth e Tessa Thompson são os novos protagonistas, e apresentam uma dinâmica muito cômica na tela. Hemsworth conquistou um merecido espaço na comédia contemporânea, e mesmo trazendo inevitáveis trejeitos do comportamento de seu personagem mais famoso, consegue transparecer uma certa originalidade para o papel, principalmente no contexto da franquia. Tessa, por outro lado, traz o humor ao longa pela total ausência de carisma em tela, com uma atuação carrancuda que se torna hilária ao lado do parceiro.

O filme ainda conta com atores veteranos na trama,
Emma Thompson e Lian Nelson, que dispensam apresentações e mesmo como coadjuvantes roubam a cena quando aparecem. Em uma cena em particular, onde a personagem de Emma comenta sobre o nome “homens” de preto, a experiência da atriz é fundamental para transparecer uma superioridade ao ironizar o tema delicado em dias atuais, afirmando que rótulos são banais e que as mulheres estão acima disso.

O roteiro de Matt Holloway e Art Marcum é absurdamente cliché, porém funciona de uma forma inesperada, pois consegue divertir e tirar risadas do espectador em diversos momentos, cumprindo o objetivo do filme. A dupla de roteiristas também foi responsável pelo roteiro de “Homem de Ferro” (2008), e é inevitável encontrar muitos pontos da narrativa em comum entre os dois filmes, mas sob uma ótica diversa. A direção de F. Gary Gray peca em alguns momentos na hora de conduzir a postura da personagem de Tessa, mas acerta em cheio em controlar a medida certa de ação com comédia nas quase duas horas de filme.

Os efeitos visuais são satisfatórios dentro do proposto, mas não se destacam nos dias atuais com tantas produções com alto investimento em recursos. O que se destaca, porém, é a bela fotografia do filme, que valoriza diversas paisagens européias, especialmente nas cenas gravadas na Itália.

Assim, temos um dos poucos casos que o “reboot” de uma antiga franquia de sucesso conseguiu ser eficaz em seu propósito, renovando a marca e de quebra abrindo precedentes para possíveis novos filmes, seja com o elenco apresentando no longa, seja com novos integrantes da agência independente de relações interplanetárias. “MIB: Internacional” é só o começo.

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