Misto de Stranger Things com A Hora do Pesadelo, “It: A Coisa” capta a essência das obras de Stephen King como poucos

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Conhecido por ser o “Mestre do Horror”, Stephen King já teve inúmeras obras adaptadas para o cinema. Suas histórias envolvem situações a princípio simples, que vão se tornando mais e mais tensas com o passar do tempo. Mãe e filho presos em um carro ameaçados por um cão raivoso (Cujo); quatro amigos em uma pequena cidade que se unem para encontrar o corpo de um garoto desaparecido (Conta Comigo); um escritor que sofre um acidente e é resgatado por uma fã, mas acaba se tornando seu prisioneiro (Louca Obsessão), entre outros exemplos.

A destreza de King como autor lhe permite explorar tanto o interior de um indivíduo, quanto fazer refletir sobre a sociedade na qual ele está inserido – uma habilidade que poucos escritores modernos dominam. E talvez um dos motivos que suas histórias sejam tão procuradas para serem adaptadas para o cinema é que seu estilo de escrita é bastante visual e imaginativo. Esta semana, estreia “It: A Coisa”, a mais nova adaptação cinematográfica da sua obra – uma espécie de remake do filme feito para a TV em 1990.

No filme, o surgimento de um ser demoníaco em forma de palhaço aterroriza a pequena cidade de Derry, fazendo as crianças desaparecerem. Durante as férias de verão, um grupo de amigos decide se unir, indo contra seus maiores medos para encontrar as crianças e derrotar o palhaço do mal.

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Lembro que muita gente ridicularizou a adaptação original, por parecer um filme mais cômico do que assustador. Para falar a verdade, eu concordo em grande parte. Salvo um ou outro momento mais marcante – graças a excelente interpretação de Tim Curry como o palhaço Pennywise – o filme tem atuações fracas e ritmo entediante. Devido a censura, por ser um filme para a TV, as cenas mais fortes tiveram que ser retiradas da adaptação e os efeitos visuais limitados da época também não contribuíram.

No entanto, vale ressaltar que as obras de Stephen King podem não ser tão assustadoras se comparadas ao terror “gore e jumpscares” que a audiência média do cinema atual está habituada, mas desenvolvem o medo e o trauma que seus personagens sofrem de maneira muito mais eficiente. Algo que Sócrates chamou de “medo trágico”, ou seja, o sofrimento por algo que não suportaríamos perder – seja um ente querido ou a inocência de uma criança.

O subtexto por trás das suas histórias é capaz de lidar com questões perturbadoras do ser humano ou da sociedade de maneira bastante peculiar. Alguns exemplos em suas obras são: como o confinamento e isolamento transformam o homem em um monstro (O Iluminado); a dificuldade de aceitação e assimilação do luto (Cemitério Maldito) ou a paranoia e o medo colocando as pessoas umas contra as outras (O Nevoeiro). E essa essência também está presente na nova versão de “It: A Coisa”, através da jornada pelo amadurecimento.

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Dirigido pelo promissor Andy Muschietti (de “Mama”) e escrito pelo talentosíssimo Cary Fukunaga (diretor da primeira temporada de “True Detective”), felizmente, o filme é classificado como “R”, ou seja, para maiores de 16 anos (aqui no Brasil). Essa liberdade para com o material original é expressa por meio de cenas mais impactantes e intensas, algo fundamental em uma obra de terror. Destaque para a chocante abertura do filme, pacientemente conduzida pela direção, explorando os recursos visuais e sonoros para criar uma atmosfera extremamente macabra.

Os roteiristas fazem um belo trabalho na adaptação, condensando uma obra de mais de 1100 páginas de maneira inteligente: dividindo em dois capítulos (o segundo vai depender da aceitação deste primeiro, mas a adaptação já está em andamento) e contando a trama dos garotos de forma linear (no livro, a história intercala entre a juventude e a vida adulta dos personagens). Isso funciona porque se atém aos fatos mais relevantes nesse primeiro momento e conta-se a história de maneira fluída, sem apelar para flashbacks, que poderiam ser confusos e desnecessários.

“It: A Coisa” é um filme bem equilibrado, que consegue ser impactante e sombrio, mas também capta a essência da amizade entre as crianças de maneira muito interessante. Pode parecer curioso, mas é como se estivéssemos diante de dois filmes diferentes, uma história assustadora ao estilo “A Hora do Pesadelo” e uma metáfora para o amadurecimento, com ingenuidade e brincadeiras bobas – mesmo que se utilize um linguajar mais malicioso, como se combinasse “Stranger Things” com “Superbad”. Afinal, todos já fomos crianças e sabemos como elas se comportam, não é mesmo?

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Fazendo a ligação entre esses dois polos antagônicos – da ingenuidade (crianças) até a personificação do mal (Pennywise) – está a pequena população da cidade de Derry. A trama foi adaptada para o final dos anos 80 para modernizar a linguagem para a audiência atual. Mesmo naquela época, o mundo já havia avançado em relação às dificuldades dos direitos civis em épocas passadas. Entretanto, Derry é uma cidade traumática e atrasada. Os pais e adultos do filme são negligentes, pedófilos e abusivos irresponsáveis ou super protetores. Além disso, há uma sugestão de tensão racial ainda latente contra o garoto negro e pobre Mike (Chosen Jacobs).

A dinâmica escolar é estabelecida de forma plausível, em uma época onde o bullying era mais pesado e passava impune. Assim, os garotos se juntam e formam o “loser’s club” (clube dos perdedores). O gago Bill (Jaeden Lieberher) assume uma natural posição de liderança pela motivação de ir atrás do seu irmãozinho Georgie, um dos desaparecidos. Porém, todas as crianças do grupo são incompreendidas de alguma forma, clamando internamente por ajuda, no entanto, os adultos simplesmente as ignoram. Isso faz com que elas cresçam através da necessidade.

Completam o grupo o gordinho Ben (Jeremy Ray Taylor); a bela Beverly (Sophia Lillis), que sofre abusos do pai; o falastrão Richie (Finn Wolfhard); o frágil Eddie (Jack Dylan Grazer), que se tornou hipocondríaco graças a mãe e o judeu Stanley (Wyatt Oleff). O uso de câmera de Muschietti, auxiliado pela direção de fotografia de Chung-hoon Chung (de “Oldboy” e “A Criada”), consegue fazer tudo parecer maior e mais assustador na perspectiva das crianças. Mesmo os adultos são praticamente retratados como “monstros”.

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Mas, acredito que o pior monstro de “It” seja a influência que Pennywise tem na sociedade. As crianças, puras de coração, precisam ser corajosas e lutar, mas aqueles mais facilmente corrompidos, acabam se tornando um verdadeiro instrumento para o mal. O maior exemplo disto é o valentão Henry Bowers. Em um show de interpretação de Nicholas Hamilton, a forma como oprime os outros garotos é revoltante, fruto de uma criação negligente por parte de um pai violento. Na minha opinião, nesses momentos – quando o filme dialoga com nossa realidade – é que “It: A Coisa” assusta mais.

Bill Skarsgard – que ficou com o papel após a desistência de Will Poulter – também entrega uma atuação impressionante como Pennywise. Seu olhar vago e “demente”, assustadoramente psicótico e riso histérico resultam em uma entrega física muito dedicada por parte do jovem ator, que surpreende. Dentre as poucas ressalvas que encontrei, no desenvolvimento próximo a resolução, o filme recorre a escolhas que acabam diminuindo o impacto da construção das cenas, explorando sustos e alucinações em demasia. Mas é uma questão pessoal e algo que pode ser facilmente relevado, até porque sabemos que há algumas convenções de que o gênero necessita para o filme funcionar.

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Concluindo, “It: A Coisa” pode ser considerada uma excelente adaptação da obra de Stephen King. O próprio, inclusive, já declarou que adorou o filme. Mesmo que não seja o filme mais assustador dos últimos anos, como alguns podem estar pensando (até por conta dos elementos de união e amizade que acabam tornando a trama mais “leve”), na sua devida proporção, o filme trabalha com o medo de maneira que a maioria dos blockbusters de terror não tem coragem, construindo a atmosfera com paciência e cuidado.

Além de contar com grande atuação por parte do elenco juvenil, ainda torna Pennywise um vilão que se aproxima muito do icônico Freddy Krueger (e até o referencia em um easter egg), pois ambos, com suas excentricidades, sentem mais prazer ao torturar suas vítimas do que simplesmente mata-las, e usam o seu maior medo contra você mesmo. Uma bela obra sobre medos e traumas, recomendada para quem gosta de enxergar além da superfície, com muitos sustos (e risos) no decorrer desta macabra jornada.

E você, já assistiu ou está ansioso para ver? Concorda ou discorda da análise? Deixe seu comentário ou crítica (educadamente) e até a próxima!

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