“Prisioneiro Espacial” decola bem, mas não atinge seu destino e se perde na proposta

Enviado ao espaço para trabalhar em uma colônia penal fora do planeta, o detento Isaac se encontra à deriva ao redor da Terra após uma grande explosão, agora preso em uma cápsula transportadora não muito maior do que uma cela de prisão, compartilhando seu tempo com uma mulher um tanto quanto suspeita. Essa é a trama de “Piloto Espacial”, novo filme escrito e dirigido por Luke Armstrong, premiado pelo curta-metragem “Shadows” e integrante da equipe de efeitos visuais de “Vingadores: Ultimato” e “Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw”.

Bastante claustrofóbica em grande parte de sua trama, a obra nos apresenta ambos os personagens presos no espaço, passando por condições de frio extremo, falta de ar e até mesmo vestígios de insanidade. Ainda que seguindo alguns clichês de filmes espaciais, a obra consegue reinventar essa narrativa e entregar uma trama satisfatória, incrementada por convincentes efeitos especiais que dão um toque a mais na obra como um todo. Em vez de apenas uma obra de sobrevivência, o roteiro se complementa com reflexões políticas e morais acerca da corrupção no sistema carcerário, discutindo sobre o tratamento de presidiários e, ao mesmo tempo, debatendo os conceitos de culpa e inocência.

O filme deixa a desejar, entretanto, no quesito de atuação. Por melhor que sejam suas intenções, os protagonistas Johnny Sachon e Lottie Tolhurst acabam entregando interpretações um tanto rasas de seus personagens, compondo atuações caricatas e, infelizmente, com pouca emoção.

Em determinado momento do filme, por exemplo, os dois personagens acabam brigando entre si, mas toda a luta acaba ficando sem o realismo necessário, seja pela falta de emoção dos atores, como pelas falhas na busca por veracidade em suas sequências mais simples. Dessa forma, a obra acaba se perdendo com atuações que não conseguem sustentar a complexidade que a trama propõe, podendo levar o público a não se relacionar com o protagonista e não se importar em torcer por sua liberdade e salvação.

Não só isso, o filme também falha em sua proposta de plot twist. Desde o começo é apresentado ao público um mistério promissor, mas cuja resposta se torna cada vez mais óbvia ao decorrer dos dois primeiros atos: o que aconteceu com a colônia? No terceiro ato, entretanto, a obra responde ao mistério e apresenta sua solução como se fosse algo inovador e surpreendente, ainda que não passando de um previsível e clássico clichê do gênero.

Dessa forma, a obra não consegue entregar tudo o que propõe, mas facilmente pode ser considerada um bom entretenimento para o fim de semana, ainda mais para quem aprecia suspenses de ficção científica. “Prisioneiro Espacial” é, portanto, uma obra que apresenta uma trama bastante promissora, além de boas reflexões e efeitos especiais, mas que acaba se perdendo no meio de sua decolagem e, assim como o protagonista do filme, não chega a seu destino e permanece à deriva daquilo que foi inicialmente proposto.  

O filme e estreia dia 25 de março através do streaming Cinema Virtual.

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