Renée Zellweger rouba a cena e compensa defeitos de “Judy: Muito Além do Arco-Íris”

Inspirado no musical Judy Garland – O Fim do Arco-Íris, sucesso na Broadway e escrito por Peter Quilter, o filme Judy: Muito Além do Arco-Íris se encarrega de mostrar os meses finais da vida da estrela Judy Garland, que faleceu aos 47 anos por conta de uma overdose.

Começando com um flashback em que uma jovem Judy (Darci Shaw) se encontra no set de filmagem de O Mágico de Oz, já é possível perceber os traços de abuso emocional sofrido por conta de Louis B. Mayer, que ajudaria a moldar a vida de Judy na tragédia que se tornou. Mayer, o produtor que liderava o estúdio responsável pela produção d’O Mágico de Oz deixa bem claro para a jovem atriz que muitas outras garotas, mais bonitas que ela, adorariam estar em seu lugar e que se Judy não aproveitasse a oportunidade, se tornaria “apenas” uma dona de casa.

Alguns outros flashbacks acontecem durante o filme, todos eles para ilustrar, de forma dramática e um pouco forçada por vezes, o impacto negativo que ter começado a carreira tão cedo teve na vida de Judy. Em um deles podemos ver o estúdio controlando o que a atriz podia comer, com quem poderia se encontrar e até mesmo dando pílulas para que ela pudesse dormir.

Depois do flashback inicial, já somos apresentados à Judy Garland em decadência: a estrela, acompanhada de seus dois filhos mais novos é rejeitada no hotel onde se hospedava e é obrigada a recorrer ao seu ex-marido, que prontamente toma a guarda das duas crianças – com razão.

Judy, assim como muitas outras estrelas que conheceram a fama muito cedo, não soube crescer sob os holofotes e não pode colher os frutos dessa fama. Ao invés, tornou-se alcoólatra, viciada em remédios e até mesmo sem-teto por um período. Foi esse clima trágico que a acompanhou até o final de sua vida e que Renée Zellweger soube captar com maestria.

São necessários apenas alguns minutos de filme para entender por que Renée Zellweger já ganhou prêmios importantes por sua interpretação de Judy (Globo de Ouro e SAG Awards), além de ter garantido uma indicação ao Oscar. Zellweger é, sem sombra de dúvida, a melhor parte do longa.

Após perder a guarda de seus filhos, Judy viaja para Europa e faz seus últimos shows em Londres, onde ainda tinha um público cativo. Com uma personalidade imprevisível, seus shows poderiam ser maravilhosos ou um completo desastre e essa tensão é sentida pelo espectador durante o filme, graças a atuação de Zellweger, que também impressiona cantando, com sua própria voz, clássicos de Judy Garland.

É claro que Judy tinha de ser a grande protagonista de sua biografia, mas o longa deixou pouco espaço para o desenvolvimento de qualquer outra personagem, impossibilitando até mesmo que pudéssemos conhecer a própria Judy Garland além de seus vícios e tragédias.

O filme acaba valendo a pena pela memorável atuação de Renée Zellweger, que muito provavelmente lhe renderá um Oscar, mas não tanto pela história em si, que poderia ter sido mais aprofundada e pouco acrescenta em relação ao que já era popularmente conhecido sobre Judy. Você sairá do cinema pensando muito mais em como Zellweger fez falta em Hollywood nos últimos anos do que na própria história que acabou de assistir.

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