Anônimo 2
Diretor
Timo Tjahjanto
Elenco
Bob Odenkirk, Connie Nielsen, Christopher Lloyd
Roteirista
Derek Kolstad e Aaron Rabin
Estúdio
Universal Pictures
Duração
89 minutos
Data de lançamento
21 de agosto de 2025
Quando o filme “Anônimo” foi lançado durante a pandemia, em 2021, foi uma grata surpresa e essa surpresa, inclusive, não diz respeito apenas ao lançamento – foi também um fator essencial para seu êxito, do elenco à trama. Bob Odenkirk, que ficou mais conhecido por seu papel como Saul Goodman em Breaking Bad e Better Call Saul, dificilmente seria a imagem que viria à nossa mente ao pensar num personagem de ação, e é isso que faz com que Anônimo funcione tão bem: um homem “qualquer”, vivendo uma vida comum como pai de família e funcionário frustrado, de repente explode e se revela um assassino profissional altamente habilidoso e o completo oposto de um “homem comum”. Como a regra de Hollywood é que se um filme foi bem ele, obrigatoriamente, tem que ter uma sequência, “Anônimo” não saiu imune e, quatro anos depois, “Anônimo 2” chega aos cinemas, com o mesmo elenco, novo diretor e, necessariamente, uma nova trama.
O maior desafio de “Anônimo 2” é perder o elemento da surpresa. Agora já sabemos quem é Hutch, sua família e sua índole, então, para continuar contando essa história, o roteiro toma uma decisão já conhecida das sequências: trazer mais para o pessoal e envolver (ainda mais) a família. Depois dos acontecimentos do primeiro filme, em que Hutch desmantelou todo um cartel e acabou ateando fogo numa pilha de dinheiro, então agora ele lida com as consequências disso. Ele voltou a trabalhar como um assassino de aluguel, agora a serviço de O Barbeiro (Colin Salmon), até que sua dívida seja paga. É um trabalho extenuante e constante, assim ele volta àquela rotina do começo do primeiro filme, embora agora muito mais agitada e arriscada, além de ocupar seu tempo e fazer com que ele acabe negligenciando sua família e seu casamento. Na esperança de salvar suas relações, ele decide tirar férias no mesmo lugar que seu pai (que vai junto na viagem) levou ele e seu irmão (também assassinos treinados) uma vez na infância – e assim temos um filme em filme.
Assim como no primeiro filme, Hutch não procura os problemas – ou a violência, mas eles o encontram mesmo assim. Tentando entreter os filhos Brady (Gage Munroe) e Sammy (Paisley Cadorath), Hutch e Becca (Connie Nielsen) decidem ir ao arcade na cidade, mas lá Brady tem um mal-entendido com um valentão da cidade, começando uma briga e demonstrando uma certa violenta hereditária. Hutch tenta apartar, mas quando está para ir embora e sua filha é provocada por um dos seguranças do arcade, toda sua violência acumulada explode em cima do homem, a polícia é envolvida e aí começam os problemas de Hutch. O enredo central de “Anônimo 2” envolve uma máfia ligada à polícia e chefiada com uma nova grande vilã, a caricata (positivamente) Lendina, vivida por Sharon Stone. Quando cai no território já conhecido, ou seja, Hutch podendo liberar todo seu potencial violento, aí Timo Tjahjanto, o diretor da sequência, pode usar e abusar de sua habilidade para filmar cenas de luta criativas, com cortes inteligentes e sem escrúpulos – e esses são os momentos mais divertidos.
Verdade seja dita, essa sequência (assim como 90% das sequências) não precisava existir. O impacto de “Anônimo” dificilmente seria replicado, tanto que não foi, e aqui o molde que tinha o original é usado até o limite, algumas vezes beirando o absurdo. Ainda assim, o talento de Bob Odenkirk, junto com as cenas de ação frenéticas e um final apoteótioco, sobrepõem os deslizes para criar um filme comicamente violento e divertido o suficiente para garantir bons 90 minutos no cinema.
Por Júlia Rezende