
Jurassic World: Recomeço
Diretor
Gareth Edwards
Gênero
Ação
Elenco
Scarlet Johansson, Mahershala Ali, Jonathan Bailey
Roteirista
Michael Crichton e David Koepp
Estúdio
Universal Pictures
Duração
134 minutos
Data de lançamento
03 de julho de 2025
Se existe alguma franquia que consegue resistir ao tempo e a inúmeras sequências, ela está cada vez mais difícil de ser encontrada. Jurassic Park, que começou sua vida no cinema nos anos 90 e depois da trilogia original voltou às telonas com uma trilogia em 2015 e agora, com seu 7º filme, pretende começar mais uma. É uma decisão que condiz com o sucesso de bilheteria da trilogia que começou com Jurassic World, em que cada filme arrecadou mais de 1 bilhão de dólares mundialmente, e condiz também com a atual obsessão da indústria com sequências, reboots, remakes e afins. Será que ainda há uma nova e interessante história a ser contada sobre a desextinção dos dinossauros? Provavelmente não, mas ainda é fácil gostar dessas histórias mesmo assim. Nada em “Jurassic Park: Recomeço” é minimamente original ou inteligente. Dito isso, eu ainda me diverti bastante assistindo.
Depois dos dinossauros ressurgirem pela segunda vez com o começo da saga Jurassic World, agora, em Jurassic World: Recomeço, eles estão prestes a serem extintos pela terceira (?) vez. Cinco anos depois dos acontecimentos de Jurassic World: Domino (apesar de só ter passado 3 anos desde o lançamento do filme), os dinossauros deixaram de ser novidade. Os parques fecharam, os museus também e quando um dinossauro aparece vagando no meio de Nova Iorque depois de fugir de um zoológico, a reação é aborrecimento em vez do encantamento que uma vez existiu. Além do desinteresse do público geral, as mudanças climáticas que são difíceis para nós, humanos, são ainda mais danosas para os dinossauros, que carregam o DNA de uma época ainda não estragada pela mão humana. Na Terra não há lugar para as criaturas pré-históricas – a não ser, é claro, por uma pequena ilha isolada na faixa do Equador onde, no passado, dinossauros eram geneticamente modificados e para onde forem levados todos os dinossauros remanescentes. É uma ilha deserta, um paraíso para esses animais e sem qualquer contato com humanos; então, naturalmente, um homem tem planos para perturbar essa paz.
A figura do corporativo ambicioso que quer se aproveitar dos dinossauros para encher (ainda mais) o seu bolso já é figura cativa na franquia e aqui não é diferente. O vilão da vez é Krebs (Rupert Friend), o dono de uma grande farmacêutica que descobriu através de suas pesquisas científicas que há, na genética dos maiores dinossauros, uma possível cura, ou ao menos retardamento, de doenças cardíacas em humanos, o que, obviamente, resultaria em um remédio que vai lhe render bilhões de dólares. O objetivo dele é simples e direto: coletar uma amostra do sangue dos maiores dinossauros terrestre, aquático e aéreo e para alcançar esse objetivo ele reúne uma equipe composta pela mercenária Zora Bennett (Scarlett Johansson), o cientista apaixonado por dinossauros Dr. Henry Loomis (Jonathan Bailey) – também uma figurinha carimbada nesse universo. Além deles, temos o comandante do barco que vai levá-los até a ilha, Duncan Kincaid (Mahershala Ali) e sua equipe, que é tão genérica que você já sabe quem vai ficar pelo caminho – e em qual ordem – assim que coloca os olhos neles. É esse o grupo que vai em direção à ilha na esperança de tirar sangue de dinossauros e viver pra contar a história.
Além do grupo central, temos uma trama paralela: um pai (Manuel Garcia-Rulfo) viaja de barco com suas duas filhas, a mais nova Isabella (Audrina Miranda) e a mais velha Teresa (Luna Blaise), para passar um tempo juntos antes de Terese ir para a faculdade e com eles também está o namorado folgado de Teresa (David Iacono). Por que um pai escolheria levar seu barco, com suas filhas, perto de uma ilha povoada por dinossauros? É melhor não fazer perguntas para o roteiro assinado por Michael Crichton e David Koepp se você pretende se divertir com esse filme. Quando eu disse que nada nesse filme era inteligente, eu estava falando sério. Quase todas as ações (tanto dos humanos quanto dos dinossauros) são pautadas pela falta de inteligência – no começo do filme eles mencionam que os dinossauros não são mesmo inteligentes, mas qual é a desculpa dos humanos? Todos os personagens são rasos e clichês ambulantes; a trama é previsível desde os momentos em que os personagens são apresentados e o filme poderia ser um total desastre, mas o que salvou (quase) tudo, para mim, são as reais estrelas aqui: os dinossauros e as cenas de ação.
Os primeiros filmes desse universo, dirigidos por Steven Spielberg, colocou os dinossauros num lugar aterrorizante. A primeira trilogia pode ser considerada de terror e, por mais que esse nível não seja alcançado, Jurassic World: Recomeço tem sequências de tirar o fôlego, em que os dinossauros podem ser realmente assustadores. As cenas de ação são frequentes e algumas muito bem feitas, com diferentes espécies de dinossauros sendo exploradas e é bom ver os humanos no habitat natural deles em vez do oposto como foi nos últimos filmes e é difícil não pensar em Kong – Skull Island (o que não é um ponto negativo). Com tantos situações, fica mais fácil não se perguntar o quê, ou o porquê das coisas estarem acontecendo, mas foi quando eu me vi torcendo para o maior dinossauro (que tem menos tempo de tela que o Hulk vermelho no último Capitão América) comer todos os personagens remanescentes que eu notei que a trama é tão superficial que não nos permite criar qualquer tipo de apego com os personagens e fica fácil torcer para os dinossauros em vez disso.
Se você ainda leva longas franquias de ação a sério e espera algo sensacional – ou genial – vindo de Jurassic World, é certo que você se decepcionará, mas para aqueles que procuram diversão e são fãs de ver bichos gigantescos aterrorizando humanos (me incluo nesse grupo), tudo que você precisa fazer é encontrar a maior sala de cinema perto de você e aproveitar essa nova adição ao universo criado por Spielberg. Inclusive, esse é o filme com referências mais claras ao estilo de Spielberg, o que, por si só, já diz muita coisa. O diretor Gareth Edwards faz maravilhas dentro das possibilidades que o roteiro lhe apresentou e mostra que ainda sabe como impressionar no quesito “monstros”.
Por Júlia Rezende