
Lobisomem
Diretor
Leigh Whannell
Gênero
Terror
Elenco
Julia Garner, Christopher Abbott, Sam Jaeger
Roteirista
Leigh Whannell e Corbett Tuck
Estúdio
Universal Pictures
Duração
103 minutos
Data de lançamento
16 de janeiro de 2025
Veterano do terror no cinema, Leigh Whannell traz mais uma releitura de um monstro clássico, o lobisomem. Seu primeiro monstro reimaginado foi em O Homem Invisível (2020), um filme impressionante que conseguiu tornar seu monstro uma criatura ainda mais aterrorizante, ainda que incrivelmente humana. Em seu novo filme, “Lobisomem”, Leigh Whannell traz uma visão diferente do que é, de fato, um monstro e a linha entre o medo e o amor quando o inimaginável acontece. Talvez o fator mais desafiador em Lobisomem seja a quebra de expectativa; apesar de ser um filme de terror, seu aspecto mais marcante não é o susto ou o amedrontamento, e sim os limites que você está disposto a atravessar por aqueles que ama. Acima de tudo, o filme parece ser uma contemplação de Leigh Whannell a respeito dos contrastes entre a real essência de uma pessoa e aquilo que lhe é imposto, seja por traumas do passado ou dos próprios antepassados ou por um vírus misterioso.
A história começa nos anos 90, com um pai rígido e um filho obediente vivendo isolados numa cabine perto de uma floresta. O pai (Sam Jaeger) é superprotetor e quer ensinar para o filho o necessário para que ele fique bem e seguro. Quando saem para caçar, ele explica que é muito fácil se perder naquelas terras – e morrer também. Já naquela época o menino vê uma figura que lembra um lobo, mas que logo desaparece. Trinta anos depois, o menino cresceu para se tornar Blake (Christopher Abbott). Longe da floresta, Blake agora vive na cidade grande e já não tem mais uma relação com o pai, mas carrega em si a mesma preocupação com sua própria filha. Blake é casado com Charlotte (Julia Garner), uma jornalista bem-sucedida e sem muito tempo para a família, o que causa tremores na relação. No entanto, é só quando Blake descobre que seu pai, até então dado como desaparecido, agora é considerado morto e deixou como herança sua cabine na floresta, que as coisas começam a mostrar o lado sombrio para onde estão indo.
Como qualquer filme de terror que se preze, é claro que se hospedar numa casa no meio do nada não pode ser uma boa ideia, e o nome do filme não deixa qualquer dúvida do que vai aparecer em seu caminho. “Lobisomem” não é um filme surpreendente, mas constrói bem sua mitologia (apesar de simples) e as situações que levam o protagonista ao seu fim. Quando se propõe a ser filme de monstro, o faz muito bem. Os efeitos visuais são eficientes, há cenas realmente violentas e que não economizam no gore. As atuações, especialmente de Julia Garner, são um dos pontos cruciais para não deixar que Lobisomem se torne um filme trash. O horror e a sensibilidade andam juntos em performances intensas, mas nunca exageradas, garantindo a dramaticidade mais “pé no chão”. Leigh Whannell deixa sua marca mais memorável com as cenas que demonstram uma maior criatividade de sua parte, como quando vemos através do ponto de vista não das vítimas, mas do “monstro”.
Diferente de O Homem Invisível, “Lobisomem” não tem, necessariamente, uma ligação mais clara com temáticas contemporâneas, apesar de estar ambientado no nosso tempo, o que pode fazer com que o filme pareça menos contundente. O roteiro é relativamente simples, sem grandes nuances ou surpresas, mas não aparenta tentar ser mais do que isso, de qualquer forma. Considerando sua curta duração, visuais interessantes, efeitos convincentes e uma direção sem rodeios, “Lobisomem” pode não ter atingido todo seu potencial, mas ainda é um bom entretenimento e vale o preço do ingresso.