3.8/10

O Chamado 4: Samara Ressurge

Diretor

Hisashi Kimura

Gênero

Terror

Elenco

Fuka Koshiba, Kazuma Kawamura, Mario Kuroba

Roteirista

Kôji Suzuki e Yuya Takahashi

Estúdio

Paris Filmes

Duração

100 minutos

Data de lançamento

27 de abril de 2023

Uma estudante extremamente inteligente tem que revelar o mistério de um vídeo amaldiçoado para salvar a vida de sua irmã mais nova que assistiu para se divertir.

Nos anos 90 o Japão apresentou Sadako, personagem que viria a ser conhecida e reconhecida por muitas pessoas além dos japoneses como um dos maiores ícones do terror. Muito provavelmente você não a conhece como Sadako e sim como Samara, a menina do poço, ou a menina da fita, ou a menina que saía da televisão. Samara e Sadako são, e não são, a mesma pessoa. Sadako é a personagem original, vindo do filme japonês Ringu inicial e Samara surgiu alguns anos depois, em 2002, quando Hollywood resolveu fazer sua própria versão americanizada da franquia e lançou O Chamado. Entre as franquias americana e japonesa já foram uma dezena de filmes, alguns conectados, outros não, mas a lenda permanece mais ou menos a mesma: tem um vídeo perturbador que mata as pessoas que o assistiram.

 

O Chamado 4: Samara Ressurge não é o quarto filme da franquia, nem traz a Samara de volta. Ele traz sim a personagem Sadako, mas funciona mais como um filme independente que carrega o mesmo DNA do original, tanto do americano quanto do japonês. As diferenças, no entanto, estão presentes, afinal estamos falando de um filme lançado mais de duas décadas após o material original. Que filme de terror com uma fita cassete seria levado a sério hoje em dia? Em O Chamado 4, o vídeo de Sadako no poço ainda existe (não supera o original, mas está lá), só que agora na Internet e se nos anos 90 as pessoas tinham 7 dias para se livrar da maldição depois de assistir à fita, na década de 2020, em que tudo passa voando num senso de urgência, faz sentido que o tempo de sobrevivência seja de apenas 24 horas, não?

 

Outra grande diferença é como se livrar da maldição, enquanto no original você precisava fazer com que outra pessoa assistisse ao vídeo, aqui, viralizar o vídeo de nada importa para uma salvação, pelo contrário, só significa mais mortes. E quando Futaba (Yuki Yagi) assiste ao vídeo e vê sua vida em contagem regressiva, sua irmã mais velha Ayaka (Fuka Koshiba) toma para si a responsabilidade de descobrir como parar essa maldição e salvar a irmã. Para tal, ela conta com a ajuda de seu QI de 200. Ayaka é uma jovem prodígio que acabou ficando famosa por causa de um programa de TV que colocava seus conhecimentos à prova e foi nesse programa que ela conheceu Kenshin (Hiroyuki Ikeuchi), uma espécie de “médium” com ar charlatão que defende a mitologia por trás do vídeo e insiste que ninguém o assista ou compartilhe, enquanto Ayaka, em contrapartida, tenta provar alguma ciência lógica por trás disso.

 

Em “O Chamado 4”, a comédia está mais presente do que nunca, o que às vezes é bem-vindo, quando é proposital e parte do comportamento estranho dos personagens, principalmente de Oji Maeda (Kazuma Kawamura) que ajuda Ayaka e está constantemente levando sustos, mas a comédia também aparece em momentos menos oportunos e com menos intenção. A maldição faz com que o Sadako apareça para quem assistiu ao vídeo primeiro como um conhecido, para depois se transformar na imagem da menina com os cabelos compridos cobrindo o rosto, a ideia é boa, mas a execução é no mínimo decepcionante e um tanto desastrosa. Essa execução aquém do que poderia ser está presente em muitos outros momentos do filme e cria o maior problema que um filme de terror ou terrir (quando mistura o horror com comédia) pode enfrentar: não fazer bem nenhum dos dois gêneros a que se propôs.

 

Um filme de terror que não assusta e um filme de comédia que não faz rir, ou pelo menos não quando gostaria, é um grande problema. As cenas de susto são fracas, a história comicamente trágica e o aprofundamento da conexão entre a maldição do vídeo com um vírus real (ideia que já havia sido trazida em filmes anteriores) acabou indo longe demais para ser acompanhada com alguma seriedade. Os exageros, muitas vezes, são bem-vindos no terror, mas aqui só acentuam o absurdo e desviam a atenção da narrativa.

 

É possível que a franquia seja continuada – muito provavelmente será, mas isso certamente não significa que “O Chamado 4” foi uma boa adição.

 

Por Júlia Rezende

4.5

Houston, temos um problema

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