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O Rei da Feira

Diretor

Fernando Joffily

Gênero

Comédia

Elenco

Leandro Hassum, Pedro Wagner, Marcio Vito

Roteirista

Gustavo Calenzani

Estúdio

Imagem Filmes

Duração

87 minutos

Data de lançamento

04 de setembro de 2025

Quando um feirante é misteriosamente assassinado, entra em cena Monarca (Leandro Hassum), um detetive nada convencional, que mistura seu faro investigativo com dons paranormais... e um certo talento para se meter em confusão. Ao lado do espírito tagarela da própria vítima, o Bode, ele vai encarar uma investigação cheia de barracos, fofocas e revelações no meio da feira mais agitada do Brasil.

O universo da comédia certamente é o mais explorado dentro do cinema brasileiro, é o que mais se comunica e se conecta com o público e é o que tem o maior número de produções. Leandro Hassum é uma das figuras mais emblemáticas do gênero nas últimas décadas, com filmes novos sendo lançados praticamente todo ano, mas “O Rei da Feira”, novo longa dirigido por Felipe Joffily, ainda consegue sair da caixinha e mostrar que ainda há muito a ser explorado. Fugindo daquele humor mais pastelão, à lá Zorra Total, aqui temos um whodunnit – mas com muita comédia, é claro. A premissa é instigante, Monarca (Leandro Hassum) é um detetive de polícia que vê gente morta desde pequeno. Ele também é membro assíduo da feira livre da região e quando um dos outros frequentadores é encontrado morto, o Bode (Pedro Wagner), Monarca ganha ajuda do seu espírito para investigar. Poderia ser uma missão bem simples, mas o Bode estava bêbado quando morreu e não consegue se lembrar de quem foi o responsável pelo crime. Além disso, Bode tinha ganhado no Jogo do Bicho logo antes de morrer e o dinheiro desapareceu, adicionando mais um motivo para sua morte.

O que diferencia esse de um whodunnit comum é sua ambientação. A feira e seus arredores, cenário do filme quase 100% do tempo, são muito bem feitos, convincentes. A direção de arte, alinhada à direção de fotografia, garante um visual marcante, com cores vivas e saturadas. A direção de Felipe Joffily, no entanto, não traz o mesmo resultado positivo, abusando dos planos e contraplanos individuais, na maior parte do tempo parece que os personagens não estão interagindo entre si, e sim que gravaram suas partes sozinhos e foram juntados na edição. Foi certamente uma decisão consciente da direção, mas, para mim, acabou me afastando da narrativa em certos momentos. Outra decisão que não superou as expectativas foi a escalação de Leandro Hassum para viver Monarca. Hassum tem uma carreira de comediante mais que comprovada e consolidada, assim como já provou (principalmente nos seus trabalhos mais recentes) ser capaz de interpretar cenas de drama com a mesma qualidade, mas em “O Rei da Feira”, que é uma comédia, mas não necessariamente uma comédia “pastelão”, seus trejeitos exagerados, típico de seus personagens mais clássicos, não encaixa tão bem com as demais performances. 

Dito isso, “O Rei da Feira” ainda é um filme que entretém, que diverte. Hassum ainda é um grande ator e os demais têm uma grande presença de cena, com destaque para Pedro Wagner como Bode e Renata Gaspar como mãe de Monarca, um espírito amargurado, que mais parece um encosto (e poderia ter ganhando uns minutos a mais de tela). A trama é simples, mas bem construída, com um humor acessível e incessante, ainda que umas piadas sejam melhores que outras. O filme também funciona como mistério, capaz de nos manter em dúvida até o final e a resolução é satisfatória, apesar de haver um apelo emocional desnecessário e repentino. É sempre interessante e válido ver diferentes gêneros sendo trabalhados dentro do cinema mais mainstream brasileiro, principalmente quando expande a comédia, parte do DNA do cinema nacional e coloca nas telonas o jeitinho brasileiro. 

Por Júlia Rezende

7

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