Os Fantasmas Ainda Se Divertem
Diretor
Tim Burton
Elenco
Winona Ryder, Michael Keaton, Jenna Ortega
Roteirista
Alfred Gough e Miles Millar
Estúdio
Warner Bros. Pictures
Duração
104 minutos
Data de lançamento
05 de setembro de 2024
Às vezes, revisitar um clássico pode ser uma grande ideia. Essa afirmação pode não ser uma regra geral, mas se prova verdadeira com filmes como Os Fantasmas Ainda Se Divertem. Mais de 35 anos depois de um dos filmes mais emblemáticos de Tim Burton, o diretor está de volta (junto com suas principais estrelas) para provar que, assim como Beetlejuice, ele ainda pode se divertir. “Os Fantasmas Ainda se Divertem” faz o que geralmente se espera de uma sequência e aumenta tudo que já existia no original, o filme é ligeiramente mais longo, o enredo traz mais narrativas, temos novos personagens, mais números musicais e o filme como um todo é muito, muito mais insano.
Para “Os Fantasmas Ainda se Divertem”, toda a essência do primeiro filme e da alma de Tim Burton. Apesar do primeiro ser o tipo de filme que não precisa de uma continuação, essa é mais que bem-vinda, não só para o público, mas para os envolvidos também. É nítida a empolgação do elenco e direção para dar vida a essa nova fase, e isso faz toda a diferença. Décadas depois de se mudar para Winter River e descobrir que podia ver mortos, Lydia Deetz (Winona Ryder) agora mora em Nova Iorque, onde ela apresenta um programa de TV paranormal, chamado “Casa Assombrada”. Seu namorado Rory (Justin Theroux) é também produtor do programa e única pessoa realmente próxima de Lydia, já que sua filha Astrid (Jenna Ortega) não é a maior fã do programa ou da mãe. O que reúne a família novamente é também o tema recorrente de Beetlejuice, a morte. Charles Deetz morreu num acidente e Lydia e Astrid se juntam à viúva Delia (Catherine O’Hara), que agora é uma artista/influencer, na antiga casa da família para resolver as últimas pendências.
A volta da família à casa em Winter River é apenas uma das tramas desse filme, uma grande diferença em relação ao primeiro; até mesmo Beetlejuice ganha uma subtrama dessa vez. Apesar da diversidade de histórias, todas são suficientemente simples e divertidas para nunca parecer poluído demais, mesmo com todos os excessos já característicos da produção. Tim Burton é um diretor de muitas facetas e cada uma delas tem uma chance de aparecer. Astrid engata um romance que mistura sonho com morbidez, Lydia tem seus dilemas em relação à sua mediunidade, Delia traz o humor do primeiro filme, mas potencializado com mais espaço de tela e o clima mais sombrio fica por conta de Beetlejuice e sua ex-esposa (de alguns séculos atrás) Delores (Monica Bellucci), uma mulher que literalmente junta seus cacos só para cobrar vingança de Beetlejuice. É muito legal ver como os veteranos voltaram a dar vida aos seus personagens como se nenhum tempo houvesse passado, mas mais legal ainda ver como novatos como Jenna Ortega se encaixaram tão perfeitamente nesse universo.
Com seus personagens excêntricos e sua ambientação mais excêntrica ainda, “Os Fantasmas Ainda se Divertem” deixa de lado a possibilidade de criar algo novo, inédito e embarca numa viagem cujo único objetivo parece ser a diversão. Está longe de ser um roteiro complexo ou altamente “inteligente”, mas “Os Fantasmas se Divertem” nunca foi sobre isso, de qualquer forma. É uma celebração do bizarro, do divertido e do inocentemente imoral, tudo isso com um elenco brilhante e uma direção inspirada, completamente entregue às sensações. Pode não ter sido uma sequência esperada, mas foi uma grata surpresa.
Por Júlia Rezende