6.7/10

Renfield

Diretor

Chris McKay

Gênero

Comédia , Terror

Elenco

Nicholas Hoult, Nicolas Cage, Awkwafina

Roteirista

Ryan Ridley e Robert Kirkman

Estúdio

Universal Pictures

Duração

93 minutos

Data de lançamento

27 de abril de 2023

Renfield, o torturado ajudante de Drácula, é forçado a capturar presas para seu mestre e cumprir todas as suas ordens. Mas agora, após séculos de servidão, Renfield está pronto para ver se há uma vida fora da sombra de seu chefe.

Quando falamos de um personagem icônico como o Drácula, as possibilidades de recontar sua história são basicamente infinitas. Pode ter um tom sombrio e se transformar num filme de horror aterrorizante, pode ser um drama, um romance e – por que não? – uma comédia. Um personagem dessa magnitude dispensa apresentações e deixa o campo da imaginação aberto para interpretações. “Renfield” se utiliza de tudo isso para criar sua comédia/ação/gore sobre o Drácula e seu familiar, um humano cuja função na Terra é servir a um vampiro específico, que se dá conta de que o Drácula é um “chefe” abusivo. A ideia é boba, mas não leve isso para o lado errado, eu mesma sou grande fã de histórias bobas, desde que contadas de uma forma inteligente. Muitas coisas (mas não tudo) não dão certo em “Renfield”, mas certamente não é a premissa.

O filme começa com uma breve, e surpreendentemente bem-feita, explicação de como Renfield acabou se tornando o familiar de Drácula e até hoje vive para servi-lo e então temos Renfield em uma reunião de “codependentes”, pessoas que estão em relacionamentos abusivos de todos os tipos e tentam conseguir forças para sair deles. Quem já assistiu “What We Do In The Shadows” (a série do Star+), vai achar impossível não comparar as duas produções, o que se torna um grande problema para o filme, já que a série é sensacional e faz um trabalho ímpar ao transformar os vampiros e um familiar em criaturas pateticamente hilárias, Guillermo, o familiar da série, poderia facilmente fazer parte desse grupo de codependentes, e sua jornada certamente seria mais engraçada.

Os primeiros momentos do filme são os melhores, o humor funciona, Nicholas Hoult faz bem o papel de um homem subjugado e com baixa autoestima mas também consegue convencer (com louvor) nas cenas que demandam mais ação e lutas. O Drácula de Nicolas Cage é tão caricato e absurdo quanto parece e isso é positivo, daquele jeito que dá pra perceber que o ator está se divertindo com o personagem. Uma comédia meio insana sobre o familiar do Dráculo querendo encontrar sua força interior para se livrar do vampiro tóxico já daria um bom filme (de novo, “What We Do In The Shadows” está aí para provar), mas “Renfield” não se contenta com “apenas” essa trama e é aqui que o filme perde parte do seu potencial.

No meio da jornada de autoconhecimento de Renfield, entra uma subtrama (que acaba se tornando a central) de máfia, polícia e tráfico de drogas, com mais um toque de vingança, drama familiar e uma levíssima pitada de romance. A policial Rebecca (felizmente interpretada por Awkwafina, que consegue salvar a personagem apesar de sua unidimensionalidade) quer acabar com uma máfia Lobo encabeçada por Bellafrancesca (Shohreh Aghdashloo) e Tedward (Ben Schwartz) para vingar a morte de seu pai, no meio disso ainda tem uma situação com sua irmã Kate (Camille Chen) que trabalha pro FBI. Essa trama é a origem da maioria das cenas de ação, cheias de coreografias de luta e muita violência explícita, mas uma violência exagerada o suficiente para perder o tom de horror e pender mais para a comédia – também uma coisa positiva.

Dá pra se divertir com “Renfield”, sabiamente o filme tem apenas 1h30 de duração e vai direto ao ponto sem grandes enrolações, a dinâmica entre Drácula e Renfield é especialmente engraçada de se assistir e todo o misticismo por trás da cultura da existência dos vampiros gera bons momentos e quando o filme decepciona, é mais por conta daquilo que ele poderia ter sido e não foi e menos do que fez de errado.

 

Por Júlia Rezende

7

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