Sede Assassina

O diretor argentino Damián Szifron, marca a sua estreia em Hollywood com o filme policial, “Sede Assassina”, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, dia 22 de junho.

Szifron é conhecido por seu trabalho no excelente longa-metragem, “Relatos Selvagens” (2014), que foi indicado para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2015. Desde então, criou-se certa expectativa sobre os projetos futuros do diretor e sua relação com o cinema hollywoodiano, que nos últimos anos vem trazendo diretores estrangeiros talentosos para comandar essas produções, algo que pode ou não dar certo, dependendo da liberdade criativa que o estúdio concede ao diretor.

O thriller “Sede Assassina”, conta a história de Eleanor (Shailene Woodley), uma jovem policial talentosa, que é recrutada pelo o investigador-chefe do FBI (Ben Mendelsohn) para investigar um serial killer que está aterrorizando a população. Devido aos seus traumas do passado, Eleanor pode ser a única capaz de entender a mente e traçar o perfil desse assassino.

O roteiro assinado por Damián Szifron e Jonathan Wakeham, carrega uma narrativa investigativa muito interessante, que efetivamente prende o espectador na história, por carregar características básicas de um bom suspense: assassino misterioso, teorias e ação policial. Mas infelizmente, o filme vai perdendo força do meio para o final. Existe certa dificuldade de fechar algumas subtramas e de no aprofundamento dos seus personagens, o que acabou resultando em algo genérico para o gênero.

Para quem conhece o universo de produções de true crime, consegue identificar como o filme aborda bem sobre a corrupção policial, que cria estratégias irresponsáveis para encerrar casos mais rapidamente. Além de também abordar a cobertura midiática de grandes casos que envolvem serial killers, onde muitas vezes atrapalham nas investigações e na captura do real assassino, resultando em mais mortes e caos na cidade.

O filme se destaca pela ótima direção de fotografia e montagem, que logo no início apresentam uma sequência instigante com cenas feitas em planos intimistas e que fogem do padrão, o que mostra a qualidade visual que Damián Szifron traz em suas produções. Destaco a ótima cena logo no inicio, onde Eleanor perde o equilíbrio no prédio.

Em relação ao elenco, a atriz Shailene Woodley protagoniza Eleanor, uma personagem reclusa e que luta com seus próprios demônios e traumas do passado. A atriz faz um bom trabalho, mas a narrativa peca em não abordar mais sobre o seu passado, nunca sabemos exatamente o que aconteceu com ela e como isso afeta o seu psicológico. Já o personagem Geoffrey, interpretado pelo ator Ben Mendelsohn, rouba a cena durante o primeiro ato do filme, sua presença é bem mais marcante. A química entre os dois atores é notável, existe uma conexão paternal que é um ótimo acerto da direção.

Mas “Sede Assassina” não é uma estreia perfeita do diretor em Holywood, o longa desperdiça o seu próprio projeto, pois se tratando de Damián Szifron esperava-se mais ousadia, um suspense que poderia ter sido tão bom quanto “Seven” (1995) ou “Os Suspeitos” (2013). A sua trajetória vai perdendo força do que parecia ser um filme muito mais instigante, mas que se desenrolou em um thriller genérico que está longe de ser ruim, mas que fica aquela sensação de que podia ser muito melhor.