5.4/10

Serra das Almas

Diretor

Lírio Ferreira

Gênero

Ação , Suspense

Elenco

Julia Stockler, Mari Oliveira, Ravel Andrade

Roteirista

Paulo Fontenelle, Audemir Leuzinger e Maria Clara Escobar

Estúdio

Imagem Filmes

Duração

121 minutos

Data de lançamento

24 de abril de 2025

Em Pernambuco, um roubo de joias irá reunir um antigo grupo de amigos desajustados, fazendo com que os resultados sejam catastróficos. Vigiados por fantasmas do passado, cada um deles terá que encontrar sua própria forma de liberdade.

A calmaria e o caos se intercalam em “Serra das Almas” desde a cena de abertura, em que um carro carregando 5 pessoas que gritam desesperadamente umas com as outras dá espaço para uma mulher aproveitando pacificamente num lago aparentemente deserto. Esses dois ritmos opostos compõem a narrativa do novo filme do diretor Lírio Ferreira, algumas vezes com mais equilíbrio do que outras. Com passagens pelo Festival do Rio e Mostra de São Paulo, “Serra das Almas” tem a vantagem de ser um filme que almeja algo novo, fora do ordinário, para o gênero que ainda é pouco explorado no cinema nacional. É um suspense que aposta na construção da trama para apostar num final explosivo, que realmente acontece, mas não a tempo (ou na qualidade necessária) de salvar a narrativa arrastada que nos levou até ele. 

Ainda que a cena de abertura seja propositalmente confusa, para nos inserir no caos, o desenrolar da trama pouco faz para nos elucidar acerca do que está realmente acontecendo e principalmente sobre quem são aquelas pessoas e suas motivações. Dentro da van em que tudo começa, tem dois ladrões/sequestradores, um refém e três jornalistas, duas mulheres e um homem – mas o homem já está morto quando eles chegam à uma casa isolada no interior de Pernambuco para buscar refúgio com um amigo de infância e sua namorada. O catalisador de toda essa situação foi um roubo de pedras preciosas, mas a extensão disso só é revelada no último ato. O que sabemos do começo é que o sequestro não fora planejado e os dois ladrões, Gislano (Ravel Andrade) e Gustavo (Vertin Moura), decidem levar, de última hora, as jornalistas Samantha (Julia Stocker) e Luísa (Pally Siqueira) para a casa de Ricardo (Jorge Neto), amigo de infância da dupla e que agora mora com sua namorada Vera (Mari Oliveira).

A chegada caótica dos velhos amigos, agora criminosos e com “companhia, é um rompimento com a paz e a consistência na cidade de Serra das Almas, mas representa também o desenterrar de situações e traumas jamais resolvidos do passado que o grupo compartilha. Lírio Ferreira aposta fortemente nas relações interpessoais para manter a narrativa nos primeiros dois atos – e eles são, de fato, personagens interessantes, não somente pelo texto, mas principalmente pelas atuações excelentes de todos os envolvidos, entregando a emoção que muitas vezes supre a falta de coesão do roteiro. A mistura de sotaques e o destaque do regionalismo são pontos altos.

O primeiro desequilíbrio, no entanto, está presente nas personagens femininas, sobretudo as jornalistas Samantha e Luísa. Luísa chega com um ferimento na perna, o que impossibilita uma tentativa de fuga mais rápida, mas as duas mulheres, que vêm de uma profissão que exige um certo nível de raciocínio, passam o filme (quase) todo sem sequer articular um plano para se livrarem daquela situação. Quando a trama começa a desenrolar e caminhar para seu desfecho, fica mais claro ser um filme que parte do ponto de vista masculino de seu diretor, optando por deixar as mulheres numa situação indefesa, em vez de agirem. O final tenta consertar essa questão – e o resultado é realmente divertido (talvez até mesmo satisfatório), mas a impressão é de que chegou tarde demais. O clímax parece apressado, principalmente se comparado ao ritmo arrastado do restante do filme e algumas das reviravoltas deixam algumas pontas soltas no caminho. Toda a atmosfera criada ao redor de Serra das Almas é bem aproveitada e convincente, mas vez ou outra os acontecimentos não acompanham essa atmosfera. Embora a falta de uma unidade seja prejudicial, as intenções e grandes atuações ajudam a elevar a trama e tiram o filme de um lugar comum.

 

Por Júlia Rezende

6.5

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