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Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo

Diretor

Mauricio Eça

Gênero

Aventura

Elenco

Sophia Valverde, Xande Valois, Mateus Solano

Roteirista

Regina Negrini, Sabrina Garcia e Rodrigo Goulart

Estúdio

Imagem Filmes

Duração

88 minutos

Data de lançamento

18 de janeiro de 2024

No primeiro dia de aula do ensino médio, Mônica, Cebola, Magali, Cascão e Milena não demoram muito para perceber que as coisas no colégio andam estranhas. Quando descobrem que o Museu do Limoeiro será leiloado, eles decidem se unir em uma missão para tentar salvá-lo. Enquanto investigam o que está acontecendo, eles se deparam com segredos antigos e assustadores do bairro do Limoeiro que envolvem a centenária Ordem dos Cozinheiros. Toda a Turma logo vai perceber que pode estar lidando com uma ameaça muito maior do que imaginavam.

Em 2019, a Turma da Mônica, um patrimônio cultural brasileiro há mais de meia década, fez sua estreia com o universo live-action no cinema com o longa Turma da Mônica: Laços. Dirigido por Daniel Rezende e bem próximo do material fonte, foi um grande sucesso de público e de crítica, tanto que a sequência (Turma da Mônica: Lições, com o mesmo diretor e mesmo elenco) veio apenas dois anos depois e foi tão bem sucedida quanto – senão mais. No entanto, esse foi só o começo de um ambicioso plano da Maurício de Sousa Produções de criar seu próprio universo cinematográfico compartilhado, à la Marvel: uma série de TV com o mesmo elenco dos primeiros filmes foi lançada em 2022 no Globoplay, uma nova série chamada Turma da Mônica: Origens (mostrando a origem da amizade da turma com um elenco novo) deve ser lançada ainda esse ano, assim como um live-action focado no personagem do Chico Bento e, no meio de tudo isso, temos Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo. 

Com os personagens baseados nos quadrinhos da Turma da Mônica Jovem, que trazem os protagonistas numa nova roupagem, agora na adolescência e envolvidos com todos os tipos de temática, incluindo fantasia. O sucesso de seus antecessores, porém, não é sinônimo de aceitação imediata e, na verdade, acabou tendo o efeito contrário. O fato do elenco ter mudado completamente não foi bem visto pelos fãs (um preconceito injustificado), mas a troca de elenco está longe de ser a grande falha de Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo. Enquanto os dois primeiros filmes mantiveram uma grande afinidade com a realidade, Reflexos do Medo tomou a arriscada decisão de adotar tramas de suspense e “terror” sobrenaturais, como já acontecia nos mangás, mas nunca tinham sido adotadas em live-action. Sendo assim, foram duas grandes mudanças para essa nova fase. Mudanças podem ser algo positivo, tudo sempre depende da ideia e da execução e, infelizmente, nenhuma das duas foi boa.

Mônica (Sophia Valverde), Magali (Bianca Paiva), Cascão (Theo Salomão), Cebola (Xande Valois), que não quer mais ser chamado de Cebolinha e a novata Milena (Carol Roberto) estão em um importante rito de passagem para qualquer adolescente: o começo do ensino médio. Essa situação, sozinha, já poderia render grandes histórias para a Turma do Bairro do Limoeiro, mas o roteiro vai além. Magali entra para uma misteriosa “Ordem de Cozinheiros”, o museu do bairro está prestes a fechar e ainda temos o clássico da “menina popular malvada”, que continua sendo usado em filmes jovens brasileiros apesar disso não fazer parte da nossa cultura. Liderados por Mônica, a Turma está decidida a salvar o museu. Uma coisa leva à outra e eles se veem envolvidos em eventos sobrenaturais, com direito a rituais de magia, poderes e efeitos especiais. 

O filme, dirigido por Mauricio Eça, parece deslocado desde sua primeira cena. É perceptível a ambição de ser um “grande filme” ou ao menos uma “grande produção”, mas os diálogos são forçados e muitas das cenas parecem desconectadas. A chegada da maturidade para esses personagens poderia ter sido usada para aprofundar a temática escolhida, mas ao mesmo tempo em que se pretende fazer um filme jovem – e não infantil – os novos elementos são utilizados de forma superficial. A adolescência é uma série de clichês, todo o misticismo poderia ser facilmente encontrado em séries infantis do Disney Channel e o terror é qualquer coisa, menos terror. O resultado disso tudo é que Reflexos do Medo acaba sendo um filme muito mais infantil do que, por exemplo, os dois primeiros, que eram protagonizados por crianças, mas além de não ter o apelo para públicos mais maduros, também falta a autenticidade presente em – quase – todas as produções da Turma da Mônica até agora (seja live-action ou não). 

A Turma, que se tornou o fenômeno que é, geração após geração, justamente por sua essência única e seus personagens com qualidades marcantes. O afastamento dessas características como uma tentativa de definir essa nova fase como algo completamente novo afastou também tudo que definia, e encantava, sobre a Turma da Mônica e transformou a produção num produto genérico, que poderia pertencer a qualquer um dos outros filmes dessa temática. É uma pena que um núcleo tão promissor tenha se perdido em ideias espalhafatosas, mas sem real valor, um completo oposto do propósito original.

 

Por Júlia Rezende

4.5

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