2.9/10

Ursinho Pooh: Sangue e Mel

Diretor

Rhys Frake-Waterfield

Gênero

Terror

Elenco

Nikolai Leon, Maria Taylor, Natasha Rose Mills

Roteirista

Rhys Frake-Waterfield

Estúdio

California Filmes

Duração

84 minutos

Data de lançamento

10 de agosto de 2023

Após serem abandonados por Christopher, que foi para a faculdade, Pooh e Piglet matam qualquer um que se atreva a se aventurar no Bosque dos Cem Acres.

Terror e humor, muitas vezes, andam lado a lado. Seja no terrir, cuja risada é tanto um objetivo quanto o medo, ou nos casos em que a risada vem depois de algum susto particularmente intenso. Seja como for, um filme de terror só pode decepcionar nesse sentido se mirar em alguma dessas opções e não atingir nenhuma delas. Os filmes B, ou trash, nunca tem a intenção de ser mais do que são, são os filmes assumidamente “ruins”, tanto que acabam, de certa forma, ficando bons dentro do que se propõem e conquistando um público cativo de fãs, geralmente levando à uma franquia.

Ursinho Pooh: Sangue e Mel tem o intuito claro que entrar nesse rol de filmes. Aproveitando que o Ursinho Pooh e sua turma entraram em domínio público nos EUA em 2022, Rhys Frake-Waterfield tratou de transformar os ícones infantis em assassinos canibais. A ideia por si só já chama atenção, subverter personagens conhecidos justamente por sua “fofura” e colocá-los como grandes vilões de um filme de terror. Acontece que, além de instigante, a ideia também é grotesca e é isso que se sobrepõe, negativamente.

É claro que Rhys Frake-Waterfield tem consciência do que está fazendo e não tenta criar nenhuma obra-prima, mas é  surpreendente o nível de descaso que parece ter sido empregado no filme, não necessariamente no roteiro (não que ele seja incrível), mas sim na execução. A história aproveita também Christopher Robinson (Nikolai Leon), o menino era amigo e provedor de Pooh, Leitão e Ió, mas os deixa para trás quando vai para a faculdade. Abandonados e sem ter como sobreviver sozinhos, primeiro Pooh e Leitão matam e comem o Bisonho e depois juram abandonar toda e qualquer parte restante de sua humanidade, inclusive falar, e matar Christopher. Mas, sem saber dessa reviravolta, o menino retorna ao local onde deixou os amigos, achando que eles estariam aguardando por ele, e ainda leva junto a namorada Mary (Paula Coiz) para conhecê-los.

Enquanto isso, um grupo de 5 amigas, uma delas superando um trauma do passado, se reúnem numa casa do interior para passar alguns dias desconectadas. O que elas não sabem é que elas estão próximas do local em que Pooh e Leitão esperam por sua vingança contra Christopher Robinson e acabarão cruzando seu caminho. Esse é o ponto de partida de Ursinho Pooh: Sangue e Mel, mas também o ponto final, já que pouquíssimo se desenvolve depois disso. Enredo à parte, essa versão sombria ainda poderia se salvar se fosse, de fato, mais sombria ou se se debruçasse inteiramente no gore e se dedicasse mais à arte do absurdo.

A decepção começa já pelos vilões protagonistas, Pooh e Leitão, que juraram rejeitar todos seus sinais de humanidade, no final das contas são dois homens vestidos como lenhadores, vestindo uma máscara pouco convincente (a do Pooh é um pouco melhor) e até sapatos. Em momento algum as caracterizações nos levam a imergir na história ou associar esses personagens com os originais, sendo que esse era todo o ponto do filme e, sem isso, qualquer possibilidade do filme se destacar vai por água abaixo. É claro que esse é um filme de baixíssimo orçamento, mas é impossível que pelo menos Pooh e Leitão não pudessem ter sido trabalhados de forma melhor.

Tudo no filme segue nesse mesmo ritmo, de que o que estamos assistindo poderia ser melhor, sem grandes sacrifícios. As personagens não têm qualquer personalidade, uma ou duas ganham um destaque junto com Christopher Robinson, mas nem eles conseguem fazer transparecer algum tipo de emoção verdadeira durante o filme, num nível em que não somos inspirados o suficiente a torcer por nenhum deles, nem pelos vilões nem pelos mocinhos. O humor, que tinha todo o direito de aparecer por aqui (é um urso gigante assassino, afinal de contas), é extremamente escasso até mesmo nas tentativas, enquanto o filme tinha o dever de ser ao menos divertido.

Seja como for, a sequência de Ursinho Pooh: Sangue e Mel já está garantida, o que não é uma surpresa considerando que o filme teve um orçamento de 100 mil dólares e já arrecadou mais de 5 milhões em bilheteria. Espera-se que com um orçamento maior no futuro, eles se empenhem mais para não depender unicamente da imagem de Pooh, ou que pelo menos a melhorem em relação ao primeiro.

 

Por Júlia Rezende

3.5

Houston, temos um problema

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