‘SUZUME’ | ANIMAÇÃO É ESPETÁCULO VISUAL COM LINDA HISTÓRIA SOBRE MEMÓRIAS

O diretor japonês Makoto Shinkai (Your Name, O Tempo com Você) volta às telonas com sua nova animação, “Suzume”, que estreou quinta-feira (13) nos cinemas brasileiros. O filme traz toda a identidade de Shinkai com uma história que aborda amor, luto e o poder das memórias, além de entregar mais um espetáculo visual.

Na história acompanhamos a jornada da jovem Suzume, que vive em uma pacata cidade em Kyushu, no sudoeste do Japão. Em mais um dia a caminho da escola, ela acaba conhecendo uma belo estranho chamado Souta, que desperta sua curiosidade a respeito das ruínas que ficam nas montanhas da cidade.

Lá ela encontra uma porta que mostra um mundo belo e magnífico do outro lado, mas que a protagonista é incapaz de atravessar. Nesse processo, inadvertidamente ela acaba liberando o totem que impedia que algo terrível escapasse desse lugar. E é nesse momento que o caminho de Souta e Suzume se entrelaçam, onde os dois entram na missão de fechar as portas que estão causando desastres por todo o Japão.

O cinema de Makoto Shinkai vem chamando atenção desde 2016 quando lançou a animação “Your Name”, que conquistou público e crítica se tornando o anime de maior bilheteria da história. Ele ganhou fama por trazer muita identidade em suas produções que incluem uma narrativa centrada em elementos fantásticos que envolvem o tempo, memórias e uma história de amor, e claro, a estética visual que já virou sua marca registrada.

“Suzume” é mais uma prova de como o diretor consegue se superar a cada produção e mostrar seu domínio artistíco. Como em seus filmes anteriores, “Your Name” e “O Tempo com Você”, a temática do amor juvenil e a relação com o tempo é mais uma vez explorado. Mas percebe-se que o novo longa constrói uma narrativa que busca o amadurecimento dos personagens sobre os seus traumas, além de criar uma belíssima reflexão sobre o luto.

A metáfora do luto é feita através dos lugares abandonados, que carregam as memórias de todos o momentos ocorridos naquele lugar. Eles precisam trancar as portas com uma chave para impedir que um verme gigante destrua o mundo.

Para que a fechadura apareça é preciso escutar as vozes/memórias que esse lugar carrega, entender que da perda não vem só a dor, é necessário reconhecer e aceitar a perda, para poder superá-la. Além disso, é possível discutir que passar por esse processo de superação é muito mais fácil com pessoas que você ama por perto.

Pode-se interpretar também o verme como uma manifestação do rancor e sentimentos negativos que as pessoas guardam dentro de si, que podem ser liberadas de maneira explosiva e dolorosa, como por exemplo, na cena em que Suzume e sua tia expõe todos os ressentimentos guardados uma da outra.

Apesar do tema sério, o filme tem piadas com ótimo timing, que foram adaptadas magistralmente pela equipe de dublagem brasileira, o que criou um equilíbrio na trama. São vários os momentos divertidos e cativantes que prendem a atenção do público durante as duas horas de filme.

A animação é poesia pura. A narrativa impactante, o trabalho incrível de sonoridade e os cenários com cores e movimentos espetaculares, criam uma experiência audiovisual, algo que é fora da curva nas produções de animação recentes, mostrando como é importante criar uma identidade cinematográfica como faz Makoto Shinkai.

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