A GAROTA DINAMARQUESA

Apesar das controvérsias sobre a história real dos personagens, pode se definir o filme em duas sinceras palavras: SIMPLESMENTE ESPETACULAR, pelo menos com relação às interpretações.

Há uma tendência em relação aos filmes europeus, quando os mesmos dizem respeito a uma ligação direta entre biografias e outras artes. Eles geralmente são cansativos. É o que se pode ver em ‘Mr. Turner’ e ‘Coco Antes de Chanel’. Muito diferente do que foi exposto em ‘A Garota Dinamarquesa’ é uma grande exceção a esta tendência.

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O filme é um drama pseudo-biográfico baseado nas vidas das pintoras Lili Elbe e Gerda Wegener, com uma referência maior à primeira, já que é tida como provável primeira mulher transexual a se submeter a uma cirurgia de mudança de sexo. A história é apresentada destacando a figura principal, quando ainda tinha a identidade masculina, ou seja, quando se apresentava como o então pintor Einar Mogens Wegener, o qual era casado com a também pintora Gerda Wegener. Na tentativa de buscar uma musa inspiradora para os seus retratos ilustrados e conhecedora dos desejos estranhos do marido em querer se vestir de mulher, a esposa sugere que o marido se vista como tal, adotando uma identidade de “Lili” ao se apresentar como sua musa. Tal tática desperta um desejo incontrolável de Einar em querer assumir sua nova identidade, com o intuito de se transformar em uma mulher autêntica.

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A interpretação de Eddie Redmayne ganhou elogios logo na estreia desta produção dirigida por Tom Hooper, diretor de ‘O Discurso do Rei’ e ‘Les Miserables’. A preparação para viver a personagem Lili é algo muito bem sentido por quem assiste ao filme, com performances bem realistas e convincentes, levando-se à conclusão de que tal preparação exigiu um esforço não apenas físico como mental e que poucos atores são capazes de fazê-lo. A interpretação de Redmayne não apenas é digna de elogios, mas também de premiações importantes como o Oscar. Se este último se concretizar, será seu segundo Oscar consecutivo de Melhor Ator e a terceira premiação dessa natureza na história da premiação da Academia de Artes e Ciências.

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A sueca Alicia Vikander, a qual, no filme, possui um visual que lembra muito Helena Bohan Carter em ‘O Discurso do Rei’, também é digna de elogios. Fez um trabalho formidável como a artista Gerda e, apesar de ser uma atriz sueca não – inglesa, fato que a faz perder um pouco o foco dos membros votantes das citadas premiações, ela possui um ponto a favor dado por uma dessas premiações, os prêmios SAG Awards, onde a mesma está indicada como coadjuvante e não como atriz principal, o que aumenta a possibilidade de vitória em atenção ao fato de ainda ser pouco conhecida pelo público.

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Com relação ao enredo em si, o filme é bastante criticado por não demonstrar a autenticidade da história das personagens, até mesmo da orientação sexual de Gerda e por omitir aspectos importantes e relevantes ao que fragilizou realmente a saúde de Lili após a cirurgia genital, o que enfraquece seu apreço em razão do roteiro de Lucinda Coxon. Por isso, é importante dizer que o que realmente salva o filme em si são as interpretações dos dois protagonistas.

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Alexandre Desplat é responsável pela bela trilha sonora do filme e Danny Cohen pela singela, mas bonita fotografia. A produção ficou, em parte com os veteranos Tim Bevan e Eric Fellner, reconhecidos por trabalhos grandiosos como ‘Elizabeth’ e ‘Os Miseráveis’. Pode-se dizer que o que o filme tem de qualidade na maquiagem, tem de péssimo gosto para penteados, até mesmo em razão das perucas utilizadas no filme. O figurino e a cenografia também são pontos muito fortes da produção.

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