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Quentin Tarantino ficou popularmente conhecido após seu primeiro filme “Cães de Aluguel”, de 1992 ter feito um sucesso enorme, sendo indicado aos principais prêmios para filmes independentes, como Sundance, Toronto e Spirit Awards.

Logo “de cara” o diretor mostrou que o cuidadoso desenvolvimento dos personagens, diálogos cotidianos, inusitados e engraçados, aliados a roteiros feitos com bastante esmero seriam sua marca registrada. Dois anos depois viria o precoce, porém merecidíssimo reconhecimento da Academia, quando Tarantino pegou muito do que havia dado certo em “Cães de Aluguel” e juntou a uma mistura de estilos, não apenas visualmente, mas com doses certas de humor negro, sadismo, drogas, trapaças, assaltos, competições de dança e, é claro, violência. O resultado de tudo isso foi o consagrado “Pulp Fiction – Tempos de Violência”, de 1994 e que rendeu ao diretor/escritor um Oscar pelo Roteiro Original, além de mais 6 indicações, incluindo Filme e Direção.
Mas espera! Nós pulamos um ano! Na Bíblia, em certo momento da vida de Jesus Cristo ocorre o que estudiosos chamam de “os anos perdidos de Cristo”, pois não há relatos nos Evangelhos da adolescência do Messias. Sendo assim, teria sido o ano de 1993 “perdido” para Tarantino? Descobri que para conseguir cobrir os custos da sua primeira produção, Cães de Aluguel, Tarantino vendeu um roteiro que escreveu com seu colaborador de costume Roger Avary pela bagatela de 50 mil dólares (valor mínimo exigido pela WGA na época). O roteiro, chamado “The Open Road”, era constituído de incríveis 500 páginas e deu origem a dois enormes sucessos dos anos 90: “Amor à Queima-Roupa”, de 1993 e “Assassinos por Natureza”, de 1994 e dirigido por Oliver Stone (“Platoon”, 1986)!
Para a direção de “Amor à Queima-Roupa” foi escolhido o diretor de “Top Gun”, de 1986, Tony Scott e um grande elenco foi contratado, como Christian Slater, Patrícia Arquette, Dennis Hopper, Val Kilmer, Gary Oldman, Brad Pitt, Christopher Walken, Samuel L. Jackson, James Gandolfini, etc. Elenco certamente à altura do projeto.
“Roubo, Traição, Assassinato. Quem disse que o Romance está morto?” Esse é o slogan da trama, que apesar de não ser inovadora, é narrada de forma peculiar com muita ação, humor e violência, unindo tantos elementos distintos que a “mão” do roteirista fica evidente. Na trama, Clarence (Slater) conhece uma prostituta (Arquette) e casa-se com ela! Depois ele vai até o cafetão (Oldman) da moça para informar sua demissão e ocorre um tiroteio, Clarence foge de lá com uma mala cheia de cocaína e começa a ser perseguido pelos mafiosos que trabalham para os donos da droga (Walken e Gandolfini). Junte isso ao fato de Clarence dar ouvidos ao seu “mentor” psicológico Elvis (Kilmer), decidindo vender a droga para um figurão de Holywood.
Na época de seu lançamento, o filme não teve uma boa recepção do público, arrecadando pouco dinheiro, mas foi bem aceito pela crítica e depois de algum tempo se tornou um filme “cult”, chegando a ser considerado o “Bonnie e Clyde” moderno. Engraçado e violento, o filme explode como uma brutal dinamite, auxiliado por mais uma boa trilha sonora de Hans Zimmer (“Batman, o Cavaleiro das Trevas” e dezenas de outros sucessos), com destaque para a música “Wounded Bird”, de Charles & Eddie. “Amor à Queima-Roupa” traz Tarantino ao seu melhor, com uma história dinâmica, interessante e envolvente e nas mãos do grande diretor de ação Tony Scott, o resultado foi muito gratificante.

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