Autêntico e ousado, “Manifesto” comprova mais uma vez o incrível talento de Cate Blanchett

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“Nada é original. Roube de todos os lugares que inspiram ou alimentam sua imaginação. Devore filmes antigos, novos filmes, música, livros, quadros, fotografias, poesias, sonhos, conversas aleatórias, arquitetura, pontes, sinais de rua, árvores, nuvens, massas de água, luzes e sombras. Selecione apenas coisas que falam diretamente com sua alma. Se você faz isso, seu trabalho (e roubo) será autêntico. Autenticidade não tem preço; originalidade não existe”.

Em determinado momento do filme “Manifesto”, que estreia nos cinemas nesta quinta (26), uma professora ensina essa célebre declaração do cineasta Jim Jarmusch aos seus alunos, ainda crianças. Os pequenos absorvem a mensagem com aquele brilho no olhar que apenas suas jovens mentes ávidas por conhecimento são capazes de proporcionar. Em seguida, no entanto, a professora repreende os mesmos alunos, orientando-os a seguir uma série de regras na sua tarefa, uma piada – bastante engraçada, diga-se – com as rigorosas normas do Dogma 95.

“Manifesto” é uma obra que se propõe a discutir sobre a arte. Acredito que a exposição de ideologias que o filme aborda, muitas vezes conflitantes entre si (como no exemplo dado acima), define muito bem a proposta do filme. Talvez a mensagem que o diretor alemão Julian Rosefeldt pode estar querendo passar (neste contexto) seja: onde está a originalidade? A arte contemporânea deveria ser criada a partir da nossa essência, do que somos. E não um amontoado de colagens e referências.

Aparentemente, desde pequenos estamos condicionando nossos futuros artistas a ter uma falsa sensação de liberdade, quando na verdade a sociedade (neste caso, a professora) impõe uma série de regras e limites para definir o que de fato é arte, ou não. O papel do artista deveria ser derrubar esses limites e revolucionar. Para ele, uma nova era artística precisa surgir a qualquer custo. Através de discursos profundos e intensos, “Manifesto” soa como uma verdadeira poesia anárquica filmada. A ironia é que para compor sua obra, Rosefeldt também usa referências, da mesma maneira como critica no filme.

Mas, o filme não se resume a apenas a isso. Na verdade, “Manifesto” é um dos projetos mais autênticos deste ano. Originalmente lançado em 12 “esquetes” no ano de 2015 – todas estreladas por Cate Blanchett – para uma exposição na Austrália, Rosefeldt coletou vários manifestos históricos sobre a arte para compor sua obra, desde música, passando por dança, arquitetura e é claro cinema, convertendo essas ideologias para aplicação na sociedade contemporânea.

 

 

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Então, surgiu a ideia de transformar tudo em um longa-metragem. Apesar de (propositalmente) muitas dessas esquetes soarem abstratas ou até contraditórias – o que me faz questionar um pouco seu valor enquanto mensagem – admiro bastante a energia e entusiasmo do (não tão) jovem diretor, cujo vigor e ousadia causaram uma excelente primeira impressão. Mas, definitivamente, o que eleva “Manifesto” ao posto de filme imperdível é a hipnotizante contribuição de Cate Blanchett, que interpreta 13 papéis durante o longa. Se o espectador der uma chance e mergulhar na proposta, o filme irá envolve-lo completamente.

Inspirado nas obras de artistas ousados e conceituais como Malevitch (o mestre da arte abstrata) e sua famosa expressão “Arte exige verdade e não sinceridade”, o filme mira também em vários outros alvos, como o capitalismo (sendo um sistema ultrapassado que a longo prazo acarretou vários problemas na sociedade), a postura e manipulação da mídia, e até os críticos, que usam sua “linguagem secreta” para dizer como compreendem a arte mais do que os outros. Convém mencionar que, apesar de ter sido escrito em 2015, há uma coincidência quanto ao momento e discussão sobre “o que é arte”, que estamos passando por aqui.

Sendo assim, “Manifesto” definitivamente não é um filme de fácil digestão para todos, mas a criatividade da proposta e principalmente a contribuição inspirada de Cate Blanchett, interpretando tantos personagens, cada um com suas nuances, o torna uma obra relevante e uma experiência marcante para quem procura sair do convencional.

E você, já assistiu ou está ansioso para ver? Concorda ou discorda da análise? Deixe seu comentário ou crítica (educadamente) e até a próxima!

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