CASE COMIGO | JENNIFER LOPEZ BRILHA, MAS NÃO TIRA FILME DA MESMICE

Que a Jennifer Lopez é uma das maiores estrelas de sua geração é muito difícil de discordar. Começando sua carreira no início dos anos 2000, Jennifer Lopez se consagrou primeiro como uma das latinas mais bem sucedidas no ramo da música, e apesar de também ter uma longa carreira no cinema, foi só recentemente que J-Lo recebeu o devido reconhecimento como atriz, no seu último papel como Ramona no filme As Golpistas, que poderia ter rendido pelo menos uma indicação ao Oscar. E se o começo dessa crítica está parecendo uma propaganda da Jennifer Lopez, é porque é exatamente essa a sensação que sua nova comédia romântica, Case Comigo, passa – e essa é a melhor parte do filme.

Em “Case Comigo” Jennifer Lopez é Kat, uma superstar do mundo da música e uma versão exagerada, mas ainda cheia de alusões, da própria carreira de J-Lo. Kat está noiva de um outro superstar latino, Bastian (interpretado por Maluma em sua estreia como ator). Os dois são super badalados e têm suas carreiras mega expostas na Internet, mas os dois contribuem para todo esse circo, principalmente considerando que resolveram realizar a cerimônia de seu casamento no palco, com transmissão ao vivo para mais de 20 milhões de pessoas, durante um show, tudo isso aproveitando para divulgar seu novo single juntos, intitulado – é claro – de “Marry Me” (“case comigo”, em inglês). Tudo vai de acordo com o planejado, até que, segundos antes de subirem ao palco para trocarem o “Sim”, sites de fofoca divulgam um vídeo em que Bastian é flagrado traindo Kat com sua assistente. Kat vê o vídeo, e num ataque de fúria e algum outro sentimento que possa justificar esse tipo de decisão (apesar de eu não ter conseguido encontrar nenhum até o momento), ela escolhe um homem qualquer na plateia para se casar com ela no lugar de Bastian, mudando a vida dos dois nesse momento.

O homem com que ela se casa é Charlie (Owen Wilson), um viúvo pai de Lou (Chloe Coleman), uma pré-adolescente que ele sente que começa a se distanciar por conta da idade e, por sugestão de sua melhor amiga Parker (Sarah Silverman), acaba concordando em levar sua filha ao show numa tentativa de estreitar sua relação. Ele carrega um cartaz com o nome da música “Marry Me” e é o escolhido por Kat para subir ao palco e se casar com ela. Num ímpeto e sob os olhares da plateia e de milhares de câmeras (e da pressão de sua filha que é fã de Kat), ele diz que sim e eles se “casam”. Ambos sabem que aquela cerimônia não é exatamente oficial, mas Kat aproveita a situação para atrair um olhar mais positivo da imprensa e eles concordam em se conhecer melhor, numa espécie de reality show de seu novo “relacionamento”.

Case Comigo tem um dos fatores mais clichês, mas que também mais funciona em comédias românticas: Kat e Charlie são completos opostos em praticamente tudo. Ela leva uma vida luxuosa, completamente exposta na Internet e cheia de privilégios, ele é um professor de matemática, com uma vida simples e que tem aversão às redes sociais. Mesmo com todas as diferenças, os dois se dão bem logo de cara e passam a aprender muitas coisas um com o outro. Durante toda a história, somos bombardeados com o talento de Jennifer Lopez, o filme está repleto de músicas novas da artista e muitas vezes temos a impressão de estar assistindo a videoclipes em vez de um filme só – mas as músicas são ótimas, então fica mais difícil de reclamar. Ainda assim, só talento de J-Lo, tanto como cantora quanto seu carisma evidente como atriz, não são suficientes para transformar Case Comigo num grande filme.

Owen Wilson está bem no papel do simplório Charlie, mas não faz muito além do necessário para convencer. Quase todas as motivações dos personagens são ou clichês ou praticamente absurdas e o roteiro não tem nada de tão especial (na trama, personagens ou diálogos) que possa marcar o filme como uma comédia romântica memorável ou que valha a pena de ser reassistida – ou sequer lembrada, podendo muito bem ser considerada um material promocional de Jennifer Lopez, e aí nesse caso poderia ser considerado um sucesso.

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