CHAMAS DA VINGANÇA | REMAKE DA ADAPTAÇÃO DE STEPHEN KING É TÃO DESNECESSÁRIO QUANTO ENTEDIANTE

Quanto mais expectativa você colocar num filme, mais chances você tem de se decepcionar. E não é como se eu tivesse colocado muitas expectativas num filme chamado “Chamas da Vingança”, um remake de um filme dos anos 80 que já não foi lá essas coisas, mas tratando-se de um filme da Blumhouse, adaptação de um livro de Stephen King, a gente acaba esperando que seja pelo menos minimamente divertido. Infelizmente não é o caso e a melhor parte acaba sendo o fato de que o filme não dura muito tempo (ah, a trilha sonora é um ponto positivo também).

Desde seus primeiros segundos “Chamas da Vingança” fica numa linha tênue sem se decidir entre os gêneros de terror e ficção científica e falhando em ambos. Com um ar sombrio e pesado, acompanha a família McGee, composta pelos pais Andy (Zac Efron que sim, já tem idade suficiente pra se passar pelo pai de uma pré-adolescente) e Vicky (Sydney Lemmon) e sua filha Charlie (Ryan Kiera Armstrong), logo percebemos que não se trata de uma família normal. Já nos créditos iniciais é mostrado que Andy e Vicky participaram de experimentos em troca de dinheiro durante a faculdade e acabaram herdando alguns “poderes” que foram passados para Charlie, trazendo problemas para família.

Enquanto Andy e Vicky conseguem controlar seus poderes (Andy até se utiliza deles para ganhar dinheiro), Charlie acaba soltando fogo sempre que está brava ou com medo e depois de um incidente especialmente chamativo na escola, a família acaba tendo que fugir. Alguns outros incidentes acontecem e acaba que só pai e filha seguem viagem. A família que levava uma vida sem qualquer tipo de tecnologia, na verdade já fugia há anos da organização responsável pelos seus poderes e a perseguição piora quando a organização reativa um antigo caçador de recompensa, Rainbird (Michael Greyeyes), para ir atrás de Charlie. Isso é tudo que posso contar sem spoilers. E com spoilers também, para falar a verdade. Toda a trama é absolutamente previsível e não oferece ao menos um clímax inusitado ou qualquer tipo de ação inesperada.

“Chamas da Vingança” não cometeu um erro fatal, o grande problema é que não há qualquer acerto. Os atores têm muito pouco para trabalhar, mas com a exceção de Zac Efron e da jovem Ryan Kiera Armstrong, ninguém parece sequer se esforçar, os diálogos não oferecem nenhuma emoção, são apenas fatos jogados para avançar para a próxima cena, os personagens são rasos e sem dimensões, mesmo após os 90 minutos do filme ainda não sabemos qualquer informação interessante sobre eles e essa falta de interesse faz com que não haja conexão entre o espectador e o personagem e no final das contas não torcemos por nenhum deles. Mesmo com o potencial de um vilão interessante, como uma organização secreta que faz experimentos que levam a superpoderes, tudo é desperdiçado uma vez que não é bem explorado.

Nenhuma cena leva à outra como uma crescente, não há suspense ou tensão que gere curiosidade ou atenção, as cenas são apenas jogadas uma atrás da outra sem qualquer propósito a não ser levar ao conflito final que, ainda assim, consegue decepcionar. Os efeitos das chamas são relativamente ok – e poderiam até ser considerados bons se tivessem um enredo ao seu favor – mas aqui acabam perdendo o brilho junto com o restante do filme, que permanece completamente linear do começo ao fim.

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