TOP GUN: MAVERICK | SEQUÊNCIA APOSTA NA NOSTALGIA, MAS É A NOVA ROUPAGEM FAZ SUPERAR O ORIGINAL

Vou começar fazendo uma confissão: até alguns dias antes de assistir “Top Gun; Maverick”, eu nunca tinha assistido o clássico de 1986. Se você é um fã e achou essa informação um absurdo, vai achar a próxima ainda pior: eu achei o original bem mais ou menos e até agora estou me perguntando o motivo de ter se tornado o grande sucesso que se tornou, além do óbvio talento e carisma de Tom Cruise. Não preciso nem dizer que estava com pouquíssimas expectativas ao chegar ao cinema para assistir à continuação lançada há mais de 35 anos, mas para minha surpresa eu não gostei só em comparação ao original, mas realmente me diverti e achei um bom filme, apesar de tão parecido com seu predecessor.

“Top Gun: Maverick” começa com o exato mesmo texto em tela preta que iniciou “Top Gun”, um indicativo de que muita nostalgia estava por vir, e estava mesmo. Mais de 3 décadas depois de se formar entre os melhores pilotos da Marinha, no programa Top Gun, Pete Mitchell, codinome Maverick, foi de tenente para capitão e parou por aí. Afinal de contas, Maverick ainda é Maverick e apesar de ter amadurecido um pouco com a morte de Goose no primeiro filme, seu desdém pelas regras e dificuldade em respeitar figuras de autoridade seguem latentes e impediram que sua carreira avançasse, apesar de Maverick insistir que está exatamente onde deveria estar.

Quando Maverick leva um novo avião ao seu limite para provar um ponto para seu chefe, é mandado de volta para o programa “Top Gun” como uma espécie de punição, mas dessa vez ele está de volta como professor (é, não faz muito sentido) de uma nova turma de formandos cheia de referências aos anteriores, mas mais divertida e bem resolvida, e a partir daqui a nostalgia se faz cada vez mais latente.

A morte de seu melhor amigo e ala, Goose, ainda é de extrema relevância para vida e carreira de Maverick, assim como foi um fato catalisador no original. E isso se repete com muitos outros elementos, Maverick ainda veste o combo jeans + camiseta branca + jaqueta, seus óculos aviador obviamente estão presentes também, assim como seu atrevimento. O universo do filme ainda é extremamente masculino e Tom Cruise ainda domina a tela com seu carisma infinito. As diferenças nesses quesitos são sutis, agora temos uma mulher na turma do Top Gun, Maverick tem um novo interesse amoroso (Jennifer Connely), felizmente não temos mais as inúmeras cenas em que todos os homens aparecem suados, sem camisa e seminus sem qualquer necessidade, apesar de ainda ter uma cena em que eles jogam futebol americano na praia de calça jeans, mas sem camisa, para honrar os velhos tempos, e agora a figura de Goose é substituída por Rooster (Miles Teller), seu filho que já um homem feito (e a cara do pai) que, naturalmente, quer se tornar um piloto Top Gun também e deverá ser treinado por Maverick, apesar de suas desavenças.

Aqui, a trama que leva Maverick de volta ao Top Gun é uma missão quase-impossível, quase-suicida da Marinha para destruir alguma coisa de algum inimigo, nada disso importa de verdade (e se você for parar pra analisar assistindo ao filme, vai ver que faz menos sentido ainda), mas até os possíveis furos no roteiro não fazem da sequência um filme menos interessante. Quem faz uma grande diferença aqui é Joseph Kosinski, o diretor que conseguiu manter os elementos essenciais do clássico e emocionar com a nostalgia (incluindo uma participação mais que especial de Val Kilmer, reprisando seu papel como Iceman), mas juntando ao novo e dando uma nova roupagem para criar algo ainda maior e mais memorável, com mais classe, conceito e sensibilidade sem perder a diversão.

Do começo ao fim Top Gun: Maverick é fonte de entretenimento e aventura, boa parte disso se deve às cenas no ar, todas reais e sem depender de CGI, é impressionante o resultado dessa decisão, que já chamava atenção nos anos 80 e agora chama ainda mais por conta da tecnologia, uma dica: assista na maior tela que você encontrar, esse é um filme com visuais incríveis, pra se lembrar de como é legal ir ao cinema e se você tiver a opção de assistir em IMAX, não hesite, Tom Cruise vai valer o seu dinheiro.

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