Os Caras Malvados 2

Quando “Os Caras Malvados” foi lançado em 2022, conquistou o público com seu humor inteligente, estética aguçada e enredo do tipo “heist”, com um roubo elaborado à la Onze Homens e Um Segredo (ou Oito Mulheres e Um Segredo, se você preferir), mas ainda se mantendo um filme infantil – uma daquelas raridades que pode agradar a família inteira de uma vez só. Na trama, uma gangue de “caras malvados” queria provar que era mais do que os estereótipos que lhes eram atribuídos e o resultado foi um filme honesto, divertido, engraçado e com importantes lições de moral. Agora, três anos depois, sua sequência chega aos cinemas seguindo a máxima da indústria cinematográfica: o 2 é sempre maior que o original. “Os Caras Malvados 2” é maior, tem mais personagens e é mais complexo que o antecessor, o que pouco tem a ver com sua qualidade. É um filme bom (talvez tão bom quanto), mas não melhor que o original. 

Ao final do primeiro filme, os Caras Malvados reconheceram seus erros e começaram seu processo de redenção, o que significa que tiveram que ser responsabilizados pelos seus erros. “Os Caras Malvados 2” começa com nossos protagonistas saindo da prisão e prontos para começar uma vida limpa, longe do crime, mas logo descobrem que não é tão fácil para um ex-presidiário voltar à sociedade – mais difícil ainda quando são injustamente incriminados de uma série de crimes que suas versões passadas poderiam muito bem ter cometido. Necessitando provar sua inocência, são obrigados a se associar a um novo grupo de “malvadas” para um último grande roubo, o que se torna a trama principal da nossa história, mas certamente não a única. Além das novas associadas, temos um novo vilão numa roupagem bem atual (tem bilionário também), temos a presença do vilão do primeiro filme (repaginado) e também a volta da governadora de identidade secreta, que está em clima de romance com o Lobo.

Se não bastasse a quantidade de novos personagens e subtramas, a estrutura clássica de heist é substituída por uma trama muito mais complexa e fantasiosa – é claro que a fantasia sempre esteve presente (é um grupo de animais, afinal de contas), mas eles agora vão até para o espaço, e os planos traçados podem ficar complicados demais para os mais novos. O humor, no entanto, deve compensar essa confusão, trazendo piadas para a família toda, algumas mais infantis, outras menos, mas quase sempre engraçadas. Outra constante, e essa ainda mais importante, é o visual do filme, que continua tão impactante quanto o primeiro, fazendo ótimo uso da mistura do 2D com 3D, sobretudo nas cenas de ação: sequências de perseguição de carro, planos mirabolantes, tudo é mostrado de forma criativa e compreensível, mesmo quando a situação em si é um puro caos, garantindo assim uma boa experiência. 

“Os Caras Malvados 2” é um filme com grandes perguntas e surpreendentemente relevante no que diz respeito à tentativa dos “caras malvados” de continuarem se esforçando para serem aceitos numa sociedade que está pronta para não lhes dar nada em troca, além da mensagem de amizade, já presente no primeiro filme e agora reforçada. Apesar de não superar o original (poucas sequências o fazem), é uma continuação sólida e uma expansão positiva do universo de Caras Malvados na DreamWorks.