Corra que a Polícia Vem Aí
Director
Akiva Shcaffer
Genre
Comédia
Cast
Liam Neeson, Pamela Anderson, Paul Walter Hauser
Writer
Dan Gregor, Doug Mand e Akiva Schaffer
Company
Paramount
Runtime
85 minutos
Release date
14 de agosto de 2025
Geralmente eu sou a primeira a me incomodar quando dizem que “não se faz mais comédia como antigamente”, mas nesse caso é verdade (mas também nunca estão falando de comédia como em “Corra que a Polícia Aí”) e eu não poderia ter ficado mais feliz de matar a saudade desse tipo de humor, que voltou tão potente quanto sempre foi, mesmo com novos atores e uma nova roupagem. Eu assisti “Apertem os Cintos… O Piloto Sumiu” pela primeira vez um pouco mais de uma década atrás e fiquei maravilhada com a beleza que é rir das coisas mais bobas possíveis, assim como depois de ter assistido à trilogia original de Corra que a Polícia Vem Aí. É o tipo de humor que Leslie Nielsen fazia parecer fácil e apenas a franquia de Todo Mundo em Pânico (que eu também amo) conseguiu replicar – até Akiva Schaffer trazer de volta um dos clássicos, com o remake (reboot? continuação?) de Corra que a Polícia Vem Aí! com Liam Neeson no papel principal, uma ideia que à primeira vista pode parecer estranha, afinal Liam Neeson tem se dedicado a papéis mais “sérios”, geralmente como o pai distante, mas dedicado de alguma menina em algum filme de ação, mas aqui ele prova continuar sendo o grande ator que sempre foi, no melhor papel de comédia da sua carreira.
Seria impossível (e mesquinho) fazer algo novo sem reconhecer a importância de quem veio antes, e Corra que a Polícia Vem Aí! (2025) não cai nesse erro. Liam Neeson faz o papal de Frank Drebin Jr, filho do saudoso Frank Drebin e logo no começo há uma cena em que ele se ajoelha na frente de uma foto do pai na delegacia e diz que quer ser como o pai, mas também quer trilhar seu próprio caminho, exatamente o objetivo desse remake – é a cena com mais referências diretas ao passado e acaba como deveria: numa piada, com relação ao O.J. Simpson, inclusive. Mas a partir daí, eles realmente seguem seu próprio rumo. Agora Jane dá lugar à Beth,( o interesse romântico de Drebin) interpretada por Pamela Anderson, que se prova mais uma escolha acertada de elenco (e mostra como Hollywood foi injusta com o que poderia ter sido uma carreira extensa de sucesso); ela está hilária, navegando confortavelmente entre comediante e femme fatale, e a menor diferença de idade entre o casal protagonista também é um indicativo positivo de atualização do filme. Os dois têm uma química inegável e se encontram com naturalidade a todo instante.
Em uma comédia como essa, a atuação tem uma relação codependente com a qualidade das piadas, além de ser necessário saber como entregar a piada, tem que estar ciente do limite entre o engraçado e o exagerado. São piadas físicas, trocadilhos de todos os tipos, jogo de palavras, alguns tão óbvios que você já sabe qual será o clímax assim que ouve a primeira frase, mas Akiva Schaffer encontrou esse equilíbrio, então, quando acontece, você ri mesmo assim. E “rir”, aqui, é a palavra-chave. A trama do filme faz sentido quando necessário e é envolvente o suficiente para te manter alerta, mas o objetivo final é a gargalhada. É um humor acessível, sem referências demais, sem complicações demais, sem lições de moral ou mensagem emotiva de fundo, é uma comédia no sentido mais natural da palavra e faz isso com maestria. Há muito tempo não faziam filmes como esse, mas que “Corra que a Polícia Vem Aí!” possa trazê-los de volta.
Por Júlia Rezende