5.8/10

Confinado

Director

David Yarovesky

Genre

Suspense

Cast

Bill Skarsgård, Anthony Hopkins, Ashley Cartwright

Writer

Michael Arlen Ross

Company

Diamond Films

Runtime

95 minutos

Release date

29 de maio de 2025

Um ladrão que arromba um carro de luxo percebe que caiu em um sofisticado jogo de terror psicológico.

Um homem tenta roubar um carro e acaba preso nesse carro ultra-tecnológico, sendo torturado pelo dono, que controla tudo de longe. 

Se você achou essa uma premissa interessante, certamente não é o único, já que “Confinado” é o terceiro remake do filme argentino 4X4, lançado em 2019. Desde então, a Índia fez sua versão em 2022 e o Brasil também, com o filme A Jaula no mesmo ano. Apesar do conceito se, de fato, interessante, nenhum desses filmes foi bom o suficiente para justificar que ele continue sendo feito em países diferentes. É uma daquelas situações em que o desenvolvimento e a conclusão não fazem jus à ideia geral. “Confinado”, o novo filme de David Yarovesky, tenta contornar isso ao trazer um final mais inventivo e cheio de ação, mas não o bastante para salvar a trama baseada em tortura que já estava morna ao chegar no terceiro ato.

Bill Skarsgård é Eddie Barrish, um jovem passando por dificuldades financeiras, a van que ele usa para fazer entregas precisou de um conserto e ele precisa de 500 dólares para o mecânico liberar o carro. Ele está com pressa porque não pode deixar sua filha esperando na escola, de novo, e piorar ainda mais sua imagem com a mãe da menina. Depois de tentar, sem sucesso, conseguir o dinheiro emprestado, ele decide roubar e quando vê um carro num estacionamento, acredita estar sorte, já que a porta está aberta. Ele entra, procura por algum objeto de valor, mas não encontra, então tentar sair – e é aí que descobre que está trancado. Os vidros têm insulfilm, então ninguém de fora pode ver que tem um homem preso lá dentro; logo ele percebe que o carro também é à prova de som e seus gritos de socorro não chegam a ninguém. O celular também não tem sinal dentro do carro. Desesperado, começa a tentar quebrar as portas, os vidros, mas nada funciona. Em última instância, pega sua arma para dar um tiro na janela, mas é claro que o carro também é à prova de balas e a sua munição ricocheteia e atinge sua perna. Quando parece ser impossível de piorar, o visor do carro se ilumina e ele recebe uma ligação, vinda do dono do carro.

Anthony Hopkins é William, mostrando apenas sua voz nas primeiras duas partes do filme, e explica que ele já foi roubado muitas vezes, então equipou o carro para ser uma armadilha para pessoas como Eddie, e agora ele faria justiça com as próprias mãos. Como mencionado, funciona bem como premissa, mas como desenvolver uma trama igualmente interessante a partir disso? A resposta dessa pergunta ainda não parece ter sido encontrada. Durante uma boa parte do filme, só o que vemos são as maneiras possíveis de se torturar alguém através de um carro: ar condicionado no máximo, depois aquecedor no máximo, choques elétricos no banco, isolamento, falta de banheiro… Enquanto isso, o discurso de William, que se diverte com toda a situação, nos dá a subtrama através de seu passado. Sua filha foi morta por bandidos e ele tem um câncer terminal, combo que justificaria seu cinismo em relação ao mundo.

A explicação de William é tão rasa quanto o desenvolvimento do personagem de Eddie, que tenta apelar para compaixão do público ao expressar seu desejo de se manter vivo para que possa ver a filha novamente e ser, enfim, um bom pai, mas a menina já é uma criança, não um bebê, e ele certamente já teve mil e uma chances de fazer isso acontecer. Talvez a falta de equilíbrio de ambos seja o que distancia a história do público, nenhum dos dois personagens tem carisma suficiente ou a capacidade de despertar uma conexão com o público, fazendo com que as torturas sejam apenas torturas gratuitas e não capazes de gerar emoção. Quando William e Eddie se encontram cara a cara pela primeira vez, o filme muda seu rumo e parte para a ação, deixando de lado o carro como ferramenta narrativa, mas os diálogos são pouco inspirados e as motivações dos personagens continuam rasas, algumas fagulhas de comentário político chegam a aparecer, mas são rapidamente dissipadas. No final, o que temos é uma boa ideia que não chega realmente a qualquer lugar.

 

Por Júlia Rezende

6

Orbiting

en_US