5.4/10

M3GAN 2.0

Director

Gerard Johnstone

Cast

Allison Williams, Jemaine Clement, Violet McGraw

Writer

Akela Cooper e Gerard Johnstone

Company

Universal Pictures

Runtime

119 minutos

Release date

26 de junho de 2025

Dois anos após o incidente M3GAN, Gemma ressuscita sua boneca IA para enfrentar Amelia, um robô militar criado por contratantes que roubaram a tecnologia de M3GAN.

Quando a cena inicial de M3GAN 2.0 é ambientada numa base militar na fronteira entre Irã e Turquia, você já sabe que algo muito mais ambicioso do que o filme original está por vir. Lançado em 2022, M3GAN teve seu sucesso alavancado pelas redes sociais antes mesmo da estreia, isso porque viralizou uma cena em que a personagem principal, a boneca/robô M3GAN dançava num corredor. Ainda que todo o sucesso não fosse 100% justificado, o filme era realmente divertido e fazia um bom uso do tropo de “boneco assassino”; criada para fazer companhia para crianças (a crítica em relação ao uso da tecnologia para substituir o cuidado humano já estava aí), M3GAN acabou sendo programada para matar a criança de quem ela deveria ser amiga, a criança em questão era Cady (Violet McGraw), sobrinha de Gemma (Allison Williams), que criou a boneca robô. Depois de alguns assassinatos, piadas e dancinhas, M3GAN terminou o filme “morrendo”, mas é claro que, como qualquer vilão de filme de terror (ou terrir, nesse caso), ela não morreu de verdade.

Em M3GAN 2.0 descobrimos que a boneca tinha feito um backup de si mesma na nuvem e tem observado Cady e Gemma através de seus dispositivos eletrônicos desde então. Desde a sua “morte” muita coisa mudou. Cady ficou super interessada em tecnologia, enquanto Gemma começou um movimento “anti-tecnologia”, um reflexo direto da sua culpa por ter criado a M3GAN, mas ainda trabalha em seu laboratória doméstico em outras tecnologias mais controladas, junto com seus assistentes Cole (Brian Jordan Alvarez) e Tess (Jen Van Epps), agora contando também com a companhia de seu novo namorado (Aristotle Athari). Enquanto M3GAN foi a grande vilã do primeiro filme, ela agora tem uma concorrente, que na verdade acaba virando uma inimiga, porque somos apresentados a uma nova robô toda poderosa, movida por IA e com o desejo de fazer com que a IA domine o mundo, a Amelia (Ivanna Sakhno). 

Quando descobre-se que Amelia é feita da mesma placa mãe que M3GAN, a veterana assume o papel de heroína, a única capaz de defender os humanos dos planos malignos de Amelia. É uma mudança brusca, mas que só acompanha as demais mudanças feitas nessa sequência. Ainda que o primeiro filme não fosse um terror propriamente dito, pegava emprestado diversos elementos e sua primeira parte chegava a se encaixar em um terror mais tradicional, mas, para a sequência, tudo isso foi abandonado e o que temos agora é uma ação com ficção científica. É curioso que o mesmo diretor, Gerard Johnstone, tenha sido mantido e que ele mesmo seja responsável pelo roteiro (junto com Akela Cooper) considerando a transformação bruta até mesmo de gênero e eu me pergunto se a pretensão era de que os fãs já cativos fossem tão fiéis que acompanhariam M3GAN em qualquer empreitada ou se eles simplesmente preferem focar num público completamente novo – é difícil acreditar que quem gostou do primeiro simplesmente receba as mudanças nem questioná-las, principalmente porque essa sequência não é boa, ou divertida, o suficiente para se sustentar sozinha.

A nova vilã, Amelia, não está sozinha. M3GAN 2.0 é cheio de subtramas e antagonistas, inclusive um magnata de big tech que pode ou não ter sido inspirado por Elon Musk, uma história envolvendo robôs de IA de décadas atrás e muitas referências a locais e questões atuais de IA. É engraçado, e contraditório, que uma das “novidades” da sequências é que o filme se leva ainda menos a sério do que o anterior, abraçando a galhofa e, muitas vezes, tirando sarro de si mesmo, ao mesmo que deixa evidente sua vontade de explorar – e dar a sua opinião – sobre um assunto tão relevante e complexo como o uso da IA, inclusive indo na direção incomum da maioria dos filmes sobre o tema, defendendo o uso da IA, defendendo uma suposta legislação supervisionada por “pessoas que realmente se importam”. É uma mensagem confusa, que acaba se perdendo nas diversas tramas e ação do filme; não é por acaso que a sequência é mais longa que o original, com 2 horas de duração dessa vez. 

Enquanto M3GAN era um filme “bobinho”, mas divertido sobre uma boneca que ameaçava a vida de uma menina, oferecendo entretenimento sem pedir muito do espectador, M3GAN 2.0 vem com assuntos mais sérios, mas não bem desenvolvidos, cenas de ação bem coreografadas mas nada originais. Um ponto positivo é que M3GAN continua tão ácida quanto sempre foi e pode render boas risadas, mas até seu visual nos distrai disso, já que ela é claramente fruto de efeitos visuais, enquanto os novos robôs são interpretados por humanos com quase nenhum efeito, causando uma estranheza quando todos dividem a tela. Para mim, que fui ao cinema esperando ver um filme na mesma linha do que eu já conhecia, M3GAN 2.0 foi uma grande decepção e mais um exemplo de produção que se perde em sua ambição. 

 

Por Júlia Rezende

 

5.5

Houston, we have a problem

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