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Superman

Director

James Gunn

Genre

Ação

Cast

David Corenswet, Rachel Brosnahan, Nicholas Hoult

Writer

James Gunn

Company

Warner Bros. Pictures

Runtime

129 minutos

Release date

10 de julho de 2025

Um herói movido pela crença e pela esperança na bondade da humanidade. Em Superman, acompanhamos a jornada do super-herói em tentar conciliar suas duas personas: sua herança extraterrestre como kryptoniano e sua vida humana, criado como Clark Kent (David Corenswet) na cidade de Smallville no Kansas. Dirigido por James Gunn, o novo filme irá reunir personagens, heróis e vilões clássicos da história de Superman, como Lex Luthor (Nicholas Hoult), Lois Lane (Rachel Brosnahan), Lanterna Verde (Nathan Fillion), Mulher-Gavião (Isabela Merced), entre outros. O chamado de Superman será colocado à prova através de uma série de novas aventuras épicas e diante de uma sociedade que enxerga seus valores de justiça e verdade como antiquados.

Cada vez que um novo filme de super-herói é lançado (e são muitos), a promessa é sempre de que ele será a próxima “grande coisa” do cinema, mas agora as apostas estão ainda mais altas: os filmes de super-herói estão passando por um momento de crise (quando não de bilheteria, certamente de crítica), é o primeiro projeto de James Gunn à frente do DCU e traz novos rostos para contar a história do herói mais clássico dos quadrinhos. Entretanto, mesmo com as expectativas nas alturas, se tem alguém com potencial para trazer um novo (e necessário) respiro para o gênero é o Super-Homem, ainda mais acompanhado de um diretor, e aqui também um roteirista, que entende muito bem do assunto e acumula alguns bilhões em bilheteria. As expectativas eram altas – e elas foram alcançadas com sucesso.

Como um personagens já representado diversas vezes no audiovisual, as comparações são inevitáveis, principalmente com os mais notáveis: Superman (1978), o mais clássico, e Homem de Aço (2016), o mais recente nos cinemas. Para a sorte do público geral, nosso novo Clark Kent das telonas compartilha muito mais semelhanças com o Super-Homem de Christopher Reeve, isso porque James Gunn bebe, principalmente, da mesma fonte, o heróis dos quadrinhos. A figura do Super-Homem surgiu para animar um Estados Unidos pós recessão e não à toa representava um símbolo de esperança. É exatamente nesse lugar que encontramos esse começo da nova fase da DC no cinema, fica pra trás o ar pesado e taciturno que rodeou o Super-Homem nas últimas décadas, o filme de James Gunn é colorido, animado e muito bem-humorado, assim como o Superman de David Corenswet, mas ter graça não significa que a trama não pode ser séria, só significa que James Gunn conseguiu encontrar um equilíbrio onde coisas sérias e importantes acontecem, mas ainda há leveza para resolver os problemas. O resultado disso é um filme que te cativa desde o início e te pega pelo coração, fazendo com que você se importe com todos os personagens, não importa quão pequeno, e torça com todas suas forças para que o bem vence o mal; e não é essa a mensagem principal do Superman?

Se tivéssemos que apontar o maior acerto de James Gunn, seria difícil não mencionar justamente a forma como ele nos apresenta cada um dos personagens (e são vários) e faz com que nos sintamos próximos de todos eles, sem parecer fazer esforço. Parte disso se dá por conta dos diálogos. Aqui, os personagens não só falam, mas se comunicam – e com isso, acabam se comunicando com o público também. A relação de Lois Lane e Clark Kent é um romance inspirado, mas longe de ficar no clichê “amor à primeira vista e viveram felizes para sempre”. A outra parte é responsabilidade do elenco; David Corenswet é a personificação perfeita de tudo que Superman representa e o personagem sabe ser um líder sem precisar abrir mão de sua personalidade, ele sabe rir de si mesmo, mas também não poupa esforços para salvar tudo e todos – animais inclusos. Para além de David, Rachel Brosnahan dá um show dando vida à Lois Lane, uma jornalista muito mais cética do que Clark Kent, mas igualmente carismática, assim como o restante do elenco. No lado “do mal”, vale ressaltar também a presença forte de Nicholas Hoult, que entrega um Lex Luthor próximo da perfeição, um vilão realista, invejoso e amargo como deveria ser.

No que diz respeito à trama, James Gunn apostou em tudo e mais um pouco, tem a Gangue da Justiça (nome a definir) com o Lanterna Verde (Nathan Fillion e seu incrível corte de cabelo), o estoico Senhor Incrível (Edi Gathegi) e a sarcástica Mulher-Gavião (Isabela Merced), do lado dos mocinhos. Já do lado dos vilões temos A Engenheira (Maria Gabriela de Faría), o Ultraman e o Martelo da Boravia, além dos vilões humanos que são tão ruins quanto. As cenas de ação demonstrando todos os motivos do homem ter o “super” no nome também estão presentes, com direito a slow motion e tudo mais. Entre mil e um personagens e um emaranhado de tramas e subtramas, a maior surpresa é o quão político “Superman” é. Representado expressamente como um imigrante e com a imprensa e redes sociais em força total, o Superman se vê no meio de uma encruzilhada quando se envolve num conflito político entre dois países que são, descaradamente, representações fictícias de dois países bem reais que estão em “conflito” atualmente. Não só a política internacional é retratada, mas também o papel crescente da desinformação e das engrenagens que dão força às fakes news – potencializando o papel do Planeta Diário, que recebe a atenção que merece e se torna, também, um personagem do filme. 

São muitas histórias entrelaçadas, o que às vezes pode ser um pouco confuso, mas todas elas carregam a alma do filme como ponto comum: a esperança na humanidade. Enquanto os outros filmes do Super-Homem focaram na origem do alienígena e de seu pai em Krypto, aqui Clark Kent é muito mais filho de Jon e Martha, “caipiras” do Kansas, do que seus antecessores kryptonianos. Há nesse filme uma subversão de um fato-chave da origem de Kal-El que dá um novo significado à toda sua trajetória e enriquece tudo que ele representa, sem prejudicar em nada tudo que já conhecemos do super-herói. O Superman nunca foi tão humano quanto é aqui, não só quando está se disfarçando do modesto e ordinário Clark Kent, mas principalmente quando está vestindo o traje vermelho e azul com o objetivo de proteger e valorizar cada vida na Terra, independente de sua origem – tal como um super-herói de verdade deve ser – e nos mostrando como um filme de super-herói pode ser.

Por Júlia Rezende

9

Mission Accomplished

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