Hollywood e a inesgotável fábrica de remakes

O capitalismo é um sistema que gira em torno do dinheiro. Mas para que seja possível ganhar dinheiro, você precisa vender algo. Ou pode recorrer a meios ilícitos, mas isso implicaria em sérios problemas com a justiça, então nem pense nisso. Hollywood é uma indústria que precisa sobreviver, logo ela precisa de dinheiro. O produto que essa indústria nos vende são os filmes. Entretanto, Hollywood possui uma demanda altíssima. Para suprir a demanda, é necessário que seja feito um filme atrás do outro. O problema é que nem mesmo o mais criativo dos roteiristas consegue escrever bons roteiros em uma velocidade absurda. E então só resta a eles recorrerem aos remakes.

Se tornou comum você navegar na internet e se deparar com notícias como ‘Anunciado remake do clássico X’. Isso se tornou algo frequente. Porém nem sempre o problema são a falta de ideias. Os americanos são megalomaníacos. Sentem-se como se estivessem no topo do mundo. Então quando um filme é lançado, faz um sucesso tremendo e ele não é americano e muito menos é falado em inglês, aí eles têm o orgulho ferido. Eles se sentem na obrigação de refilmar e fazer melhor. Mesmo quando o original é impecável.

O longa ‘Intocáveis’, filme francês estrelado por Omar Sy e François Cluzet, vai ganhar um remake com Kevin Hart e Bryan Cranston. O problema é que ‘Intocáveis’ não só foi um sucesso na França, mas também no mundo todo! A história é muito boa e as atuações excelentes. Não havia a necessidade de um remake. O medo mesmo é de acontecer o mesmo com ‘Rec’. Este filme espanhol foi um sucesso e foi muito bem recebido pela crítica e pelo público, mas seu pecado foi não ser falado em inglês… O remake americano foi feito e intitulado como ‘Quarentena’. Nem preciso falar do desastre que este filme é, né?

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Meu caro leitor, não pense que eu odeio remakes. Muito pelo contrário. Posso citar o remake de ‘Bravura Indômita’ feita pelos irmãos Coen que eu particularmente gosto muito. O original de 1969, que possui o mesmo nome, foi marcado por muita confusão nos bastidores. O diretor Henry Hathaway odiava o elenco e John Wayne detestava a atuação de Kim Darby. O remake contou com Jeff Bridges, Matt Damon, Josh Brolin (grande parceiro dos Coen) e Hailee Steinfeld. O resultado foi a indicação a dez categorias do Oscar.

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Em algumas situações é interessante fazer o remake. Muitos filmes tem uma história com um potencial incrível, mas acaba não sendo tão bons. Talvez pelo orçamento baixo, inexperiência do diretor, brigas entre o elenco, interferência excessiva dos produtores e entre outros. Um bom exemplo é o longa ‘Onze Homens e Um Segredo’ de 1960. Ele contava com astros como Frank Sinatra, Dean Martin e Sammy Davis Jr., mas possuía uma trama boba e pouco envolvente. Já o remake feito em 2001 por Steven Soderbergh e estrelado por George Clooney, Brad Pitt e Matt Damon possuía uma história mais focada, divertida e envolvente.

Algo interessante a ser destacado é o desprezo que Hollywood parece ter com as produções asiáticas. ‘Conflitos Internos’ é um filme de Hong Kong que ganhou uma versão ‘americanizada’. Martin Scorsese dirigiu o remake intitulado de ‘Os Infiltrados’. A história foi adaptada para a cidade de Boston. Há poucas mudanças em relação ao original. Inclusive muitas cenas do original foram refilmadas quadro a quadro. O mais injusto foi que ‘Os Infiltrados’ recebeu inúmeros prêmios, enquanto ‘Conflitos Internos’ foi desprezado. Nem vou falar das centenas de filmes de horror que Hollywood refilmou de filmes asiáticos. Na verdade, a grande maioria dos filmes de terror feitos em Hollywood são refilmagens de filmes de outros países.

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O que nos resta é acostumar-nos com isso. Essa prática já vem acontecendo há muito tempo. Dificilmente, pra ser otimista, Hollywood deixará de fazer isso. A sua defesa é não assistir no cinema um remake de um filme que você goste. Talvez o remake fique melhor ou tão bom quanto o original, ou talvez não. Fica a seu critério decidir. Porém, infelizmente, essa é a única saída que temos para convencer Hollywood a investir em novos roteirista ao invés de ‘reciclar’ filmes.

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