Lee Strasberg – O pai do “método” na América

Quando qualquer ator ou atriz vocacional começa seus estudos em interpretação teatral, uma obrigatoriedade é conhecer Stanislavski, o criador do conceito russo de como atuar. Discussões à parte de quem é ou não o maior divulgador real do ‘method acting’ nos Estados Unidos do início do século XX, Stela Adler (a mentora de Marlon Brando), ou Lee Strasberg (protetor de Al Pacino), fato é que Lee, um imigrante ucraniano foi quem teve maior sucesso com a nova ferramenta que criaria um celeiro de grandes atores que tornariam Hollywood um lugar de prestígio artístico.

Do Actor’s Studios por ele administrado como diretor artístico desde os anos 1930 saíram todos os maiores mitos do cinema, de James Dean a Al Pacino e Marilyn Monroe, cuja proteção dada por ele sempre foi criticada, por Marilyn ser vista como um corpo sem talento algum.

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Crédito: Divulgação

O centro nervoso deste meio criativo foi a cidade de Nova Iorque com seu cenário da Broadway (espetáculo) e off-Broadway (“teatro sério”), onde Tennesse Willians montou sua peça ‘Um Bonde Chamado Desejo’ com o próprio Brando no palco. Toda essa disputa pelo troféu de quem entendeu melhor o ‘método’ se dava porque Lee Strasberg discordava de Stela Adler, porque achava que interpretação deveria ser freudiana, ou seja, calcada na subjetividade do ator em relação a suas experiências pessoais, e não tanto a descoberta do personagem. Stela que foi aluna de Stanislavski já via a imaginação como força central da atuação.

Porque estamos discutindo tudo isto com você cinéfilo de carteirinha? Simplesmente porque o cinema americano se empobreceu quantitativamente em grandes atuações desde que a partir da década de 1980, a TV foi quem trouxe os atores para Hollywood, e alguns deles nunca pisaram num palco.

O tempo da telinha e sua velocidade atropelam a capacidade do ator de entender seu personagem, coisa que o teatro só aperfeiçoa, mas como cinema é uma montagem, sempre dá um jeito de esconder a canastrice de alguém, ou até se aproveitar dela.

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Crédito: Divulgação

Essa foi a principal discussão de ‘Birdman’, o filme ganhador do Oscar de Iñarritu que criticou a época em que estamos vivendo de marketing pesado e adaptações de heróis que substituem a arte de atuar pelo fetiche que o fã tem pelo personagem, portanto, já vai sem senso crítico para assistir um filme, e a infantilização do mercado torna-se a mola motora central do dinheiro na meca do cinema. Uma pena.

Portanto fica a dica de uma boa pesquisa para os leitores do Pipoca de Pimenta em conhecer a carreira do ator e mentor Lee Strasberg, e sua importância para a história do cinema, com polêmicas ou não, e leiam ‘O Ator de Cinema’ de Jaqueline Nacache que explica bem a função do ator diante da câmera e a autobiografia de Marlon Brando ‘Canções que Minha Mãe me Ensinou’.

Só para quem não se lembra dele, Strasberg é o velho mafioso Hyman Roth em ‘O Poderoso Chefão II’. Boa diversão a todos.




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