Peter Weir – Um contador de histórias

O australiano Peter Weir é um excelente exemplo de diretor, na mais completa acepção da palavra. Diferente do que muitos imaginam, os cineastas, apesar de muitos deles serem mais célebres que seus próprios filmes, são a ferramenta final de um organismo vivo que é a produção cinematográfica. Após a política dos autores firmada pela Nouvelle Vague, se manteve uma idéia de ver o líder da batuta como um pintor, ou artista, que deve ter uma assinatura particular, sua marca.

01 Jan 1998 --- Original caption: Jim Carrey and Peter Weir during the filming. --- Image by ¬© Bureau L.A. Collection/Sygma/Corbis Foto: Bureau L.A. Collection/Sygma/Corbis

No espaço que se propõe como “arte”, talvez isto faça sentido, mas acima de tudo, oque se mostrou funcional, foi o cinema narrativo, simplesmente por que nós, o público nos interessamos por boas histórias. Entre os bons contadores podemos colocá-lo, pois seus filmes são conhecidos pelo que dizem, não por seu nome.

Com uma carreira bem eclética abordou temas diversos, com uma liberdade de abordagem admirada por astros como Jim Carrey, que protagonizou ‘O Show de Truman’(1998), a sátira cínica sobre a claustrofobia midiática e o empobrecimento cultural da TV, ou o ainda australiano ‘Gallipoli’(1981) sobre a perda da inocência e o desperdício da juventude nos campos de batalha. Talvez um dos melhores filmes anti-guerra ao lado de ‘Platoon’(Oliver Stone) e ‘Glória Feita de Sangue’(Kubrick).

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Boa parte de seus personagens são cercados de conflitos morais e filosóficos, até mesmo chegando a ser atingidos pela vida por sua ingenuidade diante de barreiras intransponíveis. Um excelente exemplo disto está em seu primeiro filme hollywoodiano, ‘A Testemunha’(1985), onde vemos o choque violento entre a idílica paisagem Amish ser substituída pela vida urbana, e logo que isto acontece, um assassinato é visto pelos olhos do garoto Samuel(Lucas Haas), ou o épico ‘Caminho da Liberdade’(2010), onde presos políticos do stalinismo passam a descrer de ideologias para somente sobreviver.

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Mas talvez o mais famoso deles seja ‘Sociedade dos Poetas Mortos’(1989), em que o maior inimigo da autonomia seja a própria educação. Ente outras obras ainda temos a melhor adaptação de uma aventura marítima literária, ‘Mestre dos Mares’(2003) em que visões de mundo se colidem entre o militar Jack Aubrey(Russell Crowe) e o naturalista Maturin(Paul Bettany) sobre ética de guerra, se é que isso existe.

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Ficam aí as dicas para conhecer uma carreira prolífica e interessante de um diretor que põe seus trabalhos acima de si mesmo, pois esse deveria ser o papel do diretor, o homem atrás da câmera.

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