Pets - A Vida Secreta dos Bichos

Você sabe o que seu bichinho de estimação faz em casa quando você sai para estudar, trabalhar ou fazer compras? É justamente isso que a Illumination Entertainment, em nova parceria com a Universal Pictures (são também responsáveis pelos filmes ‘Meu Malvado Favorito’ e ‘Minions’) exploram na animação chamada por aqui de ‘Pets: A Vida Secreta dos Bichos’. Antes de o filme começar, há um curta metragem sobre os Minions precisando cortar grama para arrumar uma graninha, e convém lembrar, acaba sendo mais engraçado do que todo o longa metragem dos amarelinhos, provando que eles realmente funcionam como coadjuvantes… Mas, voltando a falar de ‘Pets’, o filme é dirigido por Chris Renaud, diretor também de ‘Meu Malvado Favorito 1 e 2’, auxiliado por Yarrow Cheney na codireção. Basicamente, a trama gira em torno de Max (Louis CK), um cachorrinho muito apegado a sua dona (Ellie Kemper), e que vive uma relação de afeto muito recíproca com ela, até o dia em que Duke (Eric Stonestreet), um cachorro bem maior e espaçoso é levado para casa, para viver com o novo “irmãozinho”.

Naturalmente pela sinopse, percebemos que o filme terá uma mensagem de adaptação e aprender a dividir seu espaço com alguém diferente. Mas uma característica interessante que esse filme não possui, e que normalmente animações de grandes orçamentos e estúdios parecem ficar “presas” a ela, é uma lição de moral no fim da história, que emociona ou faz refletir por um tempo. Veja bem, não estou dizendo que ‘Pets’ não seja capaz de emocionar ou que não aconteça uma mudança interior dos personagens (o que poderia ser considerado uma lição), mas parece haver aqui certa liberdade para ousar e fazer um tipo de animação mais despretensioso. Em outras palavras, aos poucos o filme vai se distanciando do que parecia ser um novo ‘Toy Story’, para se aproximar mais de um ‘Angry Birds’, onde o enfoque é visivelmente a diversão por si só. E isso possibilita um tipo de humor mais “ácido”, com personagens mais malucos e engraçados, como o coelhinho Snowball (Kevin Hart).

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Crédito: Divulgação

Outro aspecto marcante no filme é a quantidade de referências e homenagens a filmes clássicos, como um pôster de ‘Os Pássaros’, uma frase icônica de ‘Quanto Mais Quente, Melhor’, uma cena de ‘Nos Embalos de Sábado à Noite’ e até uma referência mais obscura de ‘Os Donos da Rua’, que Snowball faz várias vezes ao citar seu amigo Ricky. Para cinéfilos isso é uma maravilha, mas pode ser que para o público médio, muitos desses momentos passem despercebidos. De toda forma, ao apresentar a rotina nos bichinhos em casa na ausência dos donos, o filme já consegue arrancar muitas risadas. Uma delas – inclusive está no trailer – é a do cachorro Leonardo, um poodle (?) chique e de “pedigree” ouvindo música clássica, mas assim que seu dono fecha a porta, liga o som pesadão de “Bounce”, do System of a Down. As apresentações são realmente hilárias, mas é claro que apenas momentos assim não seriam suficientes para sustentar um filme de quase uma hora e meia, portanto há uma trama principal de resgate de alguns personagens que se perdem, cheia de encontros e desencontros bem divertidos. Bom, pelo menos até um pouco mais da metade do filme…

A versão dublada nacional funciona muito bem, consegue se manter bem engraçada. Quanto ao visual do filme, não houve nenhum capricho estético tão digno de nota, como a Pixar e a Disney tem conseguido fazer de forma primorosa, cada vez melhor. Mas é compreensível, de acordo com a proposta mais modesta do filme. Os personagens são bem desenhados – cada um com suas características de personalidade específicas – remetendo mais a personagens fofos e ao mesmo tempo excêntricos (talvez como um Looney Tunes), além da paleta de cores que é bem viva, já elevando de certa forma o espírito do espectador de “embarcar” na aventura dos pets. Mas há uma visível queda de qualidade no terceiro ato de ‘Pets’.

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Crédito: Divulgação

Talvez porque a empolgação com a “originalidade” daqueles personagens vá diminuindo gradativamente, uma vez que vamos nos acostumando com eles, o filme parece ter perdido qualquer vontade em surpreender o espectador, encontrando soluções de roteiro fáceis e convenientes, demonstrando certa preguiça para terminar a história. Há até a famigerada cena dos bichinhos dirigindo um veículo (como eu já havia criticado em ‘Procurando Dory’), naquelas típicas correrias barulhentas de perseguição de final de filme, já vistas uma dezena de vezes (o próprio ‘Toy Story’ já fez isso há mais de vinte anos…). A forma também como algumas alianças vão sendo feitas são bastante mal desenvolvidas, soando como algum tipo de pressa para resolver os conflitos e acabar com o filme. Portanto entre erros e acertos, ‘Pets’ surge como uma boa opção para adultos e crianças que buscam simplesmente dar algumas boas risadas despretensiosas. O coelho psicótico (acho eu) inspirado em ‘Em Busca do Cálice Sagrado’ já vale por si só e mesmo que não entregue uma história onde o “original” seja o ponto mais marcante, ainda assim justifica a monstruosa bilheteria que tem arrecadado ao redor do mundo (deve fechar perto de 1 bilhão de dólares no total).




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