Seu estilo de direção é inconfundível. Através da violência estilizada, personagens marcantes e de diálogos cotidianos e inteligentes, sempre com um humor preciso, Quentin Tarantino é um dos diretores mais inovadores e populares da sua geração.

LOS ANGELES, CA., NOVEMBER 29, 2012--Quentin-Tarantino. wrote and directed Django Unchained, a slave revenge spaghetti western that he calls a Southern may be , the last potential Oscar film to enter the race for 2013. (Kirk McKoy / Los Angeles Times)

Um cinéfilo assumido, que traz nos seus filmes referências de várias obras clássicas, sejam elas desconhecidas ou da cultura pop. Aproveitando seu aniversário de 53 anos, completados no último domingo (27/03), o Pipoca de Pimenta preparou ao longo dessa semana um especial em homenagem ao diretor, que começou com as referências de ‘Os Oito Odiados‘. Prepare-se para uma seleção de suas melhores cenas, seus melhores personagens, músicas e até dicas de belos filmes que o mestre deveria fazer antes de considerar sua aposentadoria.

AVISO: Vale lembrar que o texto contém alguns pequenos SPOILERS, que servem para contextualizar a leitura. Confiram a seguir.

PARTE 1 – OS MELHORES DIÁLOGOS

Like a Virgin – Cães de Aluguel (1992)

Início: Primeiros segundos de filme

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Só mesmo a mente de um gênio para colocar um bando de assassinos de aluguel, ladrões e mafiosos em uma lanchonete tomando café e falando sobre… Madonna?! É isso mesmo: o filme já começa com o próprio Quentin (Mr. Brown) divagando sobre o significado da música Like a Virgin de uma forma bem inusitada. Então eles continuam falando sobre outras músicas até entrarem em um sensacional debate sobre a obrigação de dar gorjetas, em uma leitura de texto fantástica de Steve Buscemi (Mr. Pink). A cena dura em torno de sete minutos e é uma introdução espetacular, que anunciava a genialidade e o quão longe o cinema de Tarantino chegaria. Veja o trailer.

Sicilianos são Grandes Mentirosos – Amor à Queima Roupa (1993)

Início: 47 minutos de filme

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“Eu sou o Anti-Cristo. E você me pegou com sede de vingança”. É basicamente assim que o mafioso Vincenzo Coccotti (Christopher Walken) se apresenta para interrogar Clifford Worley (Dennis Hopper) sobre o gigantesco roubo de drogas cometido pelo seu filho, Clarence. Ao contrário de outros filmes do diretor, onde ele usa a descontração antes da mudança de humor, aqui o tom é completamente sério desde o início. A cena é uma “montanha-russa” de emoções graças ao embate espetacular desses dois grandes atores, onde cada um tem seu momento no diálogo para brilhar. Ao som de uma música clássica, que dá o tom perfeito para a melancolia do momento, vemos a combinação perfeita de diálogo e atuação em uma cena-chave do filme, depois da qual não há mais como voltar atrás! Veja o trailer.

Ezekiel 25:17 – Pulp Fiction (1994)

Início: 15 minutos de filme

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Talvez este seja o filme com os diálogos mais lembrados de Quentin Tarantino. Aqui, temos cenas como o royale com queijo, o relógio dourado e a overdose de Mia. No entanto, um momento em especial ficou para a história definitiva do cinema, quando o capanga Jules Winnfield (Samuel L. Jackson) interroga Brett (Frank Whaley) sobre o porquê de ele ter traído seu empregador, o chefão do crime Marsellus. A intimidação calmamente construída por Jackson, que inicia de uma forma mais descontraída comendo um apetitoso Big Kahuna Burger, vai ganhando força até culminar em um clímax fantástico, no qual ele recita uma passagem fictícia da Bíblia sobre vingança e punição a todos aqueles que lhe fizerem algum mal – isso tudo um pouco antes de uma chuva de balas, que encobre o apavorado Brett. Uma catarse realmente poderosa. Veja o trailer.

O Caçador de Judeus – Bastardos Inglórios (2009)

Início: 7 minutos de filme 

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Logo no início de um dos seus melhores filmes, Tarantino nos apresenta ao grande vilão Hans Landa (Christoph Waltz), que chega a uma fazenda na França, ocupada durante a Segunda Guerra, para interrogar sobre alguns judeus que poderiam estar abrigados naquela região. Começando a conversa em francês, na qual ele “amigavelmente” pede a permissão para falar em respeito ao fazendeiro, Landa consegue a proeza de deixar o espectador confuso em relação à sua personalidade, que vai se alterando gradativamente de uma forma intimidadora, fazendo até o pobre Perrier LaPadite (Denis Menochét) querer fumar seu cachimbo com a tensão – assim como todos nós, do outro lado da tela. O clímax acontece quando Landa pergunta sobre seu apelido e faz uma analogia dos judeus como ratos e dos nazistas como falcões. Veja o trailer.

PARTE 2 – AS MELHORES CARNIFICINAS

A Vingança da Noiva – Kill Bill (2003)

Início: 1 hora e 21 minutos de filme

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Quando foi atrás da sua primeira vítima em busca de vingança, Beatrix Kiddo (Uma Thurman) se deparou com um grande desafio. A cena é tão espetacular que ficou para o final do filme, exibido em ordem não cronológica (uma marca do diretor), onde “A Noiva” precisa encarar incríveis oitenta e oito guerreiros de uma só vez para conseguir chegar no seu alvo: a traidora O-Ren Ishii (Lucy Liu). Em uma combinação perfeita de trilha, fotografia e coreografia, a heroína vai destruindo cada um de seus oponentes, em uma matança com direito a olhos e cabeças arrancadas e corpos partidos ao meio. Não é de se admirar que, no meio da sequência, o diretor tenha optado por deixar algumas cenas em preto e branco, para minimizar o choque de tanta violência. Veja o trailer.

Homem no Volante, Perigo Constante – À Prova de Morte (2007)

Início: 46 minutos de filme

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Quatro amigas saem de um bar à noite e dirigem pela estrada em alta velocidade, com o som no máximo volume. O carro “à prova de morte” de Stuntman Mike (Kurt Russell) as ultrapassa, desliga os faróis e, mais à frente, faz o retorno. O dublê psicótico – que havia acabado de matar outra garota de forma bem cruel no seu carro – parte a toda velocidade de encontro às garotas. O diferencial de Tarantino é que a cena é filmada e exibida de quatro ângulos diferentes para mostrar o impacto da batida em cada uma das personagens – e é tão gore que chega a dar inveja em muito filme de terror por aí. Veja o trailer.

Um Uísque, 33 anos e Três Copos – Bastardos Inglórios (2009)

Início: 1 hora e 19 minutos de filme

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O impasse começa quando um oficial da SS desconfia do sotaque de um dos aliados dos Bastardos, que se passa por um capitão. Após se sentar à mesa para descobrir qual é o motivo da reunião, o major, interpretado por August Diehl, propõe aos três oficiais e à bela atriz Bridget von Hammersmark (Diane Kruger) uma brincadeira de adivinhar qual o personagem escrito em um cartão colado em sua testa. Quando a paciência dos aliados acaba, o major é convidado a se retirar e pede um uísque 33 anos de saideira. Entretanto, o capitão aliado Archie Hicox (Michael Fassbender) acaba com seu disfarce ao pedir três copos com os dedos incorretos, pois os alemães utilizam o polegar ao invés do anelar. Depois de poucas palavras, logo eles percebem que ninguém sairá vivo dali, e um tiroteio intenso mata (quase) todo mundo – incluindo os empregados do bar. Veja o trailer.

O Aperto de Mão – Django Livre (2012)

Início: 2 horas e 7 minutos de filme

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Após o perverso fazendeiro Calvin Candie (Leonardo DiCaprio) descobrir o plano do Dr. Schultz (Christoph Waltz) e Django (Jamie Foxx) de comprar a liberdade de sua esposa, ele pede um valor exorbitante de 12 mil dólares. Depois de fechado o negócio, o fazendeiro achou que tinha saído em vantagem. No entanto, a postura do Dr. Schultz e sua provocação na hora de ir embora mexem com o orgulho de Calvin, que tenta forçar o doutor a um aperto de mãos para decretar oficialmente o negócio. O orgulho do doutor, por sua vez, fala mais alto e ele acaba se recusando, causando um impasse entre as duas partes. Quando vê que não tem mais opção, o doutor estende a mão em um cumprimento – mas na verdade dá um tiro no peito de Calvin, que cai morto. Isso desencadeia um tiroteio absurdo e exagerado bem ao estilo Tarantino, com muito sangue, corpos e balas voando por toda a mansão. Veja o trailer.





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