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A Filha do Rei do Pântano

Diretor

Neil Burger

Gênero

Drama , Suspense

Elenco

Daisy Ridley, Ben Mendelsohn, Garrett Hedlund

Roteirista

Elle Smith, Mark L. Smith, Karen Dionne

Estúdio

Diamond Filmes

Duração

108 minutos

Data de lançamento

28 de setembro de 2023

Em A FILHA DO REI DO PÂNTANO, Helena (Daisy Ridley) leva uma vida aparentemente comum ao lado de seu marido e filha, mas esconde um segredo sombrio: seu pai é conhecido como "Rei do Pântano", e é o homem que manteve ela e sua mãe em cativeiro em um pântano por 12 anos, e que acaba de escapar da prisão. Depois de uma vida inteira tentando fugir de seu passado, Helena é forçada a enfrentar seus demônios para proteger sua filha.

Em A Filha do Rei Pântano, Helena é uma menina que mora com sua mãe e seu pai num pântano deserto. Eles não parecem ter nenhum tipo de contato com outras pessoas, vivendo isolados e caçando seu próprio alimento. Sua casa é uma pequena cabana, sem eletricidade, sem água tratada, eles têm apenas um ao outro. A relação de Helena com sua mãe é conturbada, mesmo sem outras companhias, elas ainda parecem não se dar bem e a sensação é de que algo está errado. Já com o pai, a relação de Helena não poderia ser mais próxima. Ele a ensina tudo que sabe: caçar, proteger a família, ser autossuficiente e conhecer a floresta em que vivem. E Helena aprende tudo com entusiasmo, levando a palavra de seu pai como uma bíblia.

Ainda é possível perceber, no entanto, que alguns comportamentos de Jacob (Ben Mendelsohn) também levantam suspeitas de que as coisas não são tão boas quanto as memórias de Helena fazem parecer. Seja no modo como tratava sua mãe, ou como ensinava a menina a matar todo e qualquer animal que pudesse apresentar algum risco, mesmo que no futuro, sem nunca mostrar qualquer nível de compaixão, ou como cobrava o mesmo tipo de comportamento frio da criança e ainda a marcava com tatuagens para cada uma de suas “vitórias”. Mas é só quando um homem que se perdeu aparece em suas terras que temos a verdadeira noção de quem é Jacob, ele mata o homem, mas a mãe consegue fugir e levar Helena junto, mesmo que contra sua vontade. Quando elas eventualmente encontram uma delegacia, descobrimos que a mãe de Helena foi sequestrada e mantida em cativeiro por Jacob, durante a maior parte de sua vida, e Helena é fruto desse abuso.

Avançando para chegarmos ao tempo presente, Helena agora tem sua própria família, com marido e uma filha pequena, e leva uma vida simples sem qualquer menção ao seu passado – que ela mantém escondido até mesmo do marido. Ela ainda carrega vestígios de sua infância fora do comum, como um desconforto em situações sociais e um relacionamento ainda distante com a mãe, mas é uma vida relativamente comum. Até que a polícia bate em sua porta para dizer que seu pai havia matado dois guardas e fugido da prisão e fica claro para Helena que ninguém conseguiria encontrá-lo a não ser ela mesma, já que os dois são os únicos que conhecem aquelas florestas como suas próprias casas.

Enquanto a parte da ação do filme fica por conta dessa perseguição meio gato e rato entre Helena e Jacob, o drama, que é o maior destaque da trama, fica com por conta do laço emocional ainda bastante presente para Helena apesar de, agora adulta, ter consciência das atrocidades cometidas pelo pai, ainda carrega consigo a memória afetiva de sua infância ao lado dele. Como espectadores, nosso primeiro contato com Jacob foi através das lembranças de Helena e é perceptível o porquê de sua confusão mental, já que o pai sempre se mostrou extremamente amoroso com ela, num momento em que ele era, literalmente, seu único exemplo de relacionamento humano, mas enquanto conseguimos colocá-lo numa posição apenas racional e entender o monstro que ele é, e foi, para outras pessoas, Helena tem mais dificuldade nesse aspecto.

O filme mostra bem essa dualidade e conflitos mentais da protagonista, mas é difícil manter a empatia com a personagem quando ela já é uma mulher adulta e consciente do mal feito, mas mantém uma visão romantizada do pai. Isso atrapalha a tensão construída pela perseguição e enfraquece um tanto a trama que, por si só, já é derivativa, apesar de se esforçar para manter, em algum nível, a originalidade. Já tem alguns anos que histórias de crianças/mulheres que cresceram em cativeiro não são mais inéditas e, mesmo com a atuação de Daisy Ridley a seu favor, A Filha do Rei do Pântano não consegue romper completamente a bolha do gênero para se tornar memorável.

 

Por Júlia Rezende

7.5

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