5.1/10

A Mulher no Jardim

Diretor

Jaume Collet-Serra

Gênero

Drama , Suspense , Terror

Elenco

Danielle Deadwyler, Okwui Okpokwasili, Peyton Jackson

Roteirista

Sam Stefanak

Estúdio

Universal Pictures

Duração

88 minutos

Data de lançamento

08 de maio de 2025

Uma mulher misteriosa aparece repetidamente no jardim de uma família, muitas vezes entregando avisos assustadores e mensagens perturbadoras, fazendo-os questionar sua identidade, motivos e o perigo potencial que ela pode representar.

“A Mulher no Jardim” é como uma boneca russa, um filme com novas direções sendo descobertas a todo momento durante seus breves 88 minutos. A princípio, este parece ser um filme de terror com tendências mais trash: temos uma casa no meio do nada, uma família em luto e, de repente, uma mulher vestida de preto, com o rosto coberto por um véu, sentada numa cadeira no jardim. Não é como se o filme fosse completamente autêntico, mas é certamente mais complexo do que seu primeiro ato faz parecer, e o filme segue numa crescente, até culminar num final menos satisfatório, mas a construção do enredo e as referências empregadas são suficientes para garantir um bom filme de terror que, surpreendentemente, foge do óbvio.

O filme começa com Ramona (Danielle Deadwyler) assistindo um vídeo no celular, é seu marido lhe contando sobre um sonho que ele teve, em que a casa estava renovada e eles estavam felizes, mas logo descobrimos que a realidade não poderia ser mais diferente: Ramona está sozinha na cama, sua perna está machucada e ela anda com ajuda de muletas. No andar de baixo, seus filhos, o mais velho é Taylor (Peyton Jackson) e a menina Annie (Estella Kahiha), lidam sozinhos com o café da manhã, e com obstáculos: a luz foi cortada por falta de pagamento, a ração do cachorro acabou e a casa parece largada; o abandono da casa é um reflexo direto do momento em que se encontra a família, de luto por conta da morte do pai. A dinâmica entre os três é tensa, e só piora quando uma figura misteriosa aparece sentada no jardim e agora a família se vê presa dentro de casa: a bateria do celular acabou, não tem eletricidade e a mãe não pode dirigir – são todos pretextos inteligentes para isolar a família de forma mais natural. 

A primeira tentativa de interação entre Ramona e a Mulher no Jardim demonstra alguma ligação entre elas, já que a Mulher sabe detalhes da vida de Ramona, mas pouco é revelado sobre sua identidade e a conversa termina quando a Mulher avisa para Ramona que “hoje é o dia”. De volta para dentro da casa, a figura da Mulher no Jardim cria um ambiente de claustrofobia para a família, eles estão claramente enclausurados, ainda que a única coisa os prendendo seja essa pessoa vestida de preto debaixo do sol forte, a presença, pairando sobre eles, é suficiente para mantê-los confinados. O primeiro ato do filme é mais parado, estabelecendo os personagens, suas relações e seu passado e, principalmente, aspectos-chave do estado em que a mãe se encontra.

É no segundo ato, entretanto, que “A Mulher no Jardim” consegue se destacar, o enredo cresce exponencialmente, abre diversas possibilidades e brinca com espelhos e reflexos para elevar a história a outro patamar. Os caminhos são tantos que, por vezes, chega a nos desorientar completamente – talvez passe um pouco do ponto nesse sentido. Muitas imagens e símbolos são usados para falar, principalmente, do poder do luto e da depressão, de como uma sombra na sua vida pode ser capaz de apagar todo o resto. É nesse momento também que mais elementos do terror são empregados, como os jumpscares, a trilha sonora estridente e ação mais violenta. 

A atuação de Danielle Deadwyler como Ramona é essencial para que o filme se sustente, a atriz tem de equilibrar o desespero com agonia e raiva, ao mesmo tempo em que o sofrimento nunca abandona sua personagem e consegue salvar filme apesar do seu terceiro ato, que começa muito bem, traz explicações concisas que esclarecem boa parte da confusão criada pelo segundo ato, mas decepciona com a forma como chega em seu clímax, numa resolução que poderia ter sido melhor trabalhada para ser visualmente mais contundente. Mesmo que responda muitas perguntas, o final ainda deixa pontas soltas o suficiente para que você não se sinta 100% confiante a respeito do que entendeu ou deixou de entender, mas esse é um dos aspectos mais divertidos do filme.

 

Por Júlia Rezende

7.5

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