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A Pequena Sereia

Diretor

Rob Marshall

Gênero

Drama , Musical

Elenco

Halle Bailey, Jonah Hauer-King, Melissa McCarthy

Roteirista

David Magee

Estúdio

Walt Disney Studios

Duração

135 minutos

Data de lançamento

25 de maio de 2023

A Pequena Sereia é a adorada história de Ariel, uma bela e espirituosa jovem sereia com sede de aventura. A mais nova (e rebelde) das filhas do Rei Tritão, Ariel anseia por descobrir mais sobre o mundo além do mar e, ao visitar a superfície, se apaixona pelo elegante Príncipe Eric. Embora as sereias sejam proibidas de interagir com os humanos, Ariel deve seguir seu coração e, para isso, ela faz um acordo com a malvada bruxa do mar, Úrsula, que lhe dá a chance de viver em terra firme, mas acaba colocando sua vida – e a coroa de seu pai – em perigo.

A Pequena Sereia, uma animação musical lançada em 1989 sobre uma sereia que sonha em viver entre os humanos, é um dos maiores e mais amados clássicos da Disney, cujos personagens e, principalmente, as músicas estão presentes na vida e no imaginário de crianças (agora adultos) até hoje. Mas com seus 100 anos de vida – e sucesso – o Walt Disney Studio não está satisfeito com seus clássicos dos da década de 80 e 90 e, nos últimos anos, têm começado um processo de renovação desses clássicos com remakes em live-action. Muitos títulos já passaram por esse tratamento, alguns bem recebidos, outros nem tanto, mas a verdade é que pelo menos a curiosidade do público a Disney tem. Foi a curiosidade e a memória afetiva que fez com que o live-action de O Rei Leão ultrapasse a marca de um bilhão de dólares de bilheteria, apesar de não ter sido bem avaliado pela crítica.

A Pequena Sereia, assim como O Rei Leão, é desses clássicos que carrega consigo uma legião de fãs, muitos deles puristas, e desde o anúncio da produção uma série de questões, principalmente sobre a atriz que viria a interpretar a mais famosa sereia de todos os tempos, foram levantadas. Pouco há de se dizer a respeito da necessidade de remakes e live-actions, já que isso é ponto vencido hoje em dia e a quantidade dessas produções só aumenta e não tem previsão de parar, a própria Disney já tem algumas refilmagens em live-action prontas para acontecer, como Moana, Lilo & Stitch e A Branca de Neve. Só nos resta, portanto, discutir sobre a qualidade do que já foi feito, e, desafiando algumas probabilidades (como o histórico dos últimos live-actions e qualidade do trailer), A Pequena Sereia se mostra um remake que faz jus ao material original, mantendo sua essência com algumas mudanças que apenas ajuda a manter a história atemporal.

O enredo do live-action segue de forma fiel o da animação, com uma surpresa ou outra que ajuda a modernizar o conteúdo sem alterar sua forma. É esse respeito à produção original que faz de A Pequena Sereia uma boa reimaginação da história, principalmente em relação ao nível de qualidade empregado. O live–action é dirigido por Rob Marshall, que além de sua experiência como diretor, tem também experiência como diretor de musical, sendo o responsável pelo grandioso Chicago e o não tão grandioso assim Nine. Rob Marshall, juntamente com os efeitos visuais, cria um mundo aquático ao mesmo tempo realista e fantasioso. Muito se falou a respeito do visual escurecido apresentado nos trailers, mas o que encontramos ao assistir o filme é um fundo do mar de cores vibrantes e criaturas interessantes. Enquanto O Rei Leão (2019) parecia mais um documentário do canal Discovery, A Pequena Sereia encontrou um equilíbrio até mesmo com os animais mais próximos da realidade como o Sebastião, Linguado e Sabidão.

Halle Bailey, a escolhida para dar vida à nova versão da Ariel, é um show à parte. A jovem de apenas 23 anos é jovem também na sua carreira de atuação, sendo esse o seu primeiro grande papel, mas sua voz já tinha sido mais do que comprovada nos últimos anos, sua dupla musical com sua irmã Chloe chamou atenção de ninguém menos que Beyoncé, que passou a agenciar as duas e ajudou a mostrar para o mundo o talento das duas. Que Halle faria um bom trabalho na parte vocal de Ariel não era surpresa nenhuma, mas garantiu seu destaque também na atuação, mostrando estar confortável com o papel, ganhando força durante o estender de sua performance e provando que sim, foi a decisão certa para a personagem. Sua dinâmica com o vencedor do Oscar Javier Bardem como Rei Tritão traduz bem a relação de pai e filha com um toque a mais de emoção no segundo ato.

A música, elemento essencial do filme, continua tão divertida e marcante quanto sempre foi. Assim como na animação, o responsável pela trilha sonora foi Alan Menken, que apenas revitalizou seu trabalho (não mexer no que já deu certo foi um certo) e o adaptou para a nova narrativa com a ajuda de Lin-Manuel Miranda (Encanto, Hamilton e Moana). Existem 2 músicas novas, um solo de Eric (Jonah Hauer-King) que não chama muita atenção e um rap de Sabidão e Sebastian (dublados na versão original por Awkwafina e Daveed Diggs) que fica na cabeça e é cara de Lin-Manuel Miranda da melhor forma possível. A nova versão de Poor Unfortunate Souls (solo de Ursula), interpretada por Melissa McCarthy é uma boa síntese de suas escolhas para a personagem e mantém as coisas divertidas.

Com nostalgia para agradar os amantes do clássico e algumas novidades (muito bem-vindas) entre Eric e Ariel para modernizar a história, A Pequena Sereia deve agradar ao público cativo e o novo e caso não agrade, a boa notícia é que a animação continua existindo e acessível.

 

Por Júlia Rezende

8.5

Missão cumprida

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