7,8/10

Anatomia de Uma Queda

Diretor

Justine Triet

Gênero

Drama

Elenco

Sandra Hüller, Swann Arlaud, Milo Machado Graner

Roteirista

Justine Triet, Arthur Harari

Estúdio

Diamond Filmes

Duração

150 minutos

Data de lançamento

25 de janeiro de 2024

Uma mulher é suspeita de ter assassinado o marido, e o seu filho cego enfrenta um dilema moral como única testemunha.

O filme “Anatomia de uma Queda”, dirigido pela francesa Justine Triet, chega aos cinemas nesta quinta-feira, dia 25 de janeiro. O longa vem mostrando favoritismo desde o Festival de Cannes, onde venceu a Palma de Ouro e fez história com Justine Triet sendo a terceira cineasta mulher da história a vencer o principal prêmio do Festival. Já em Hollywood, o longa continua como um dos favoritos da crítica especializada, ganhando indicações e prêmios nas principais premiações de cinema. E na terça-feira (23), o filme conquistou 5 indicações ao Oscar, que inclui Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Direção, Melhor Roteiro Original e Melhor Montagem.

A história gira em torno de Sandra (Sandra Hüller), uma escritora alemã, Samuel (Samuel Theis), seu marido francês e Daniel (Milo Machado-Graner), o filho de 11 anos do casal, que vivem em um chalé numa pequena e isolada cidade nos Alpes da França. Quando Samuel é encontrado morto, a polícia passa a tratar o caso como um suposto homicídio, e Sandra se torna a principal suspeita.

Sandra Hüller, no papel principal, entrega uma das melhores atuações do ano. Hüller cria uma personagem complexa, que carrega uma personalidade instigante e com diversas nuances. E vale destacar também, o jovem ator Samuel Theis, que interpreta o filho do casal, traz toda a carga emocional ao lidar com a morte do pai e a possível prisão da mãe.

O filme se destaca por renovar o gênero de thriller e filmes de tribunal, construindo uma narrativa envolvente em torno de um crime. Justine Triet conduz o longa com maestria, trazendo sua visão e estilo marcantes. A trama, centrada em um julgamento, evita o tédio com diálogos longos graças ao roteiro bem estruturado e uma montagem dinâmica que revela informações gradualmente, sem deixar pontas soltas.

A abordagem do longa em relação ao som é notável, destacando-se a importância da música, memórias sonoras e a habilidade do filho em utilizar sua audição aguçada para desvendar o mistério. O som vira um dos principais elementos para fazer essa narrativa dar tão certo. Primeiro, em relação a música que toca logo no começo do filme e que se repete algumas vezes, causando desconforto na personagem Sandra e também no espectador. Além disso, durante o julgamento algumas provas em áudios também são utilizadas, o que cria essa narrativa imaginativa.

O longa também explora o relacionamentos entre os personagens, revelando a vida da protagonista e de seu marido. De forma sutil, a sua vida profissional e até sexual são expostas ao longo da trama. Além disso, a cena de briga entre o casal proporciona uma análise sobre a dinâmica entre os personagens. A narrativa permite ao espectador compreender ambos os lados da discussão, revelando a complexidade dos sentimentos e desilusões presentes no relacionamento. A obra não apenas explora as nuances da relação amorosa entre o casal, mas também destaca valores e papéis de gênero.

A questão da “inversão de papéis”, em que o marido busca retomar sua carreira enquanto questiona a prioridade dada à escrita da esposa, levanta questões profundas sobre os estereótipos de gênero. A diretora Justine Triet tece uma discussão interessante sobre a mudança de papéis e os desafios enfrentados por um casal intelectual, moderno, mas que ainda carrega questionamentos conservadores sobre o papel do homem e da mulher na sociedade.

“Anatomia de uma Queda” não apenas entrega um mistério cativante, mas também mergulha nas complexidades dos relacionamentos, proporcionando uma análise inteligente e instigante sobre questões sociais. É uma obra completa, enriquecendo com reflexões que vão além do mistério central.

10

Missão cumprida

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