
Aqui (Here)
Diretor
Robert Zemeckis
Gênero
Drama
Elenco
Tom Hanks, Robin Wright, Paul Bettany
Roteirista
Eric Roth, Robert Zemeckis, Richard McGuire
Estúdio
Sony Pictures
Duração
104 minutos
Data de lançamento
16 de janeiro de 2025
Inspirado na graphic novel homônima de Richard McGuire, “Aqui” (Here, no título original) apresenta uma proposta ousada: capturar a passagem do tempo em um único local, explorando as histórias que se desenrolaram ali ao longo de séculos.
O conceito, centrado em uma sala de estar que testemunha eventos desde a era dos dinossauros até os tempos modernos, tem potencial para uma reflexão profunda sobre o que significa existir em um espaço compartilhado. No entanto, o filme dirigido por Robert Zemeckis tropeça ao transformar essa ideia em uma narrativa coesa e envolvente.
A história se concentra em apresentar diferentes famílias que moraram no local. Sendo o primeiro o casal John e Pauline Harter (Gwilym Lee e Michelle Dockery), moradores da casa no início do século XX, e Al (Paul Bettany) e Rose Young (Kelly Reilly), que a compram nos anos 1940. Enquanto o primeiro casal é limitado por uma trama previsível envolvendo os perigos da aviação, o segundo ganha um pouco mais de vida graças à química peculiar entre Bettany e Reilly, principalmente por serem os pais do protagonista Richard, interpretado por Tom Hanks, que se casa com Margaret, interpretada por Robin Wright, marcando a volta de Hanks e Wright contracenando como um casal. Ainda assim, nenhum desses núcleos consegue sustentar o peso temático do filme, que muitas vezes sacrifica o desenvolvimento dos personagens em favor de efeitos visuais e saltos temporais.
A técnica visual que deveria ser o coração da obra – o uso de quadros dentro de quadros para transitar entre diferentes épocas – começa de forma promissora. Desde os primeiros vislumbres do local como uma paisagem primitiva até a construção da casa em 1907, o filme parece apontar para uma exploração criativa do tempo. No entanto, a execução rapidamente se torna repetitiva e desajeitada, com transições abruptas, muito uso de CGI, que fogem de criar algo realista ou palpável.
Os esforços de Zemeckis para evocar o sucesso de “Forrest Gump” – reunindo Tom Hanks, Robin Wright e o roteirista Eric Roth – resultam em um sentimentalismo exagerado e uma falta de originalidade. Hanks e Wright, apesar de seu talento inegável, sofrem com um rejuvenescimento digital que mais atrapalha do que ajuda. O efeito visual, usado com frequência, confere aos atores uma aparência artificial que mina qualquer tentativa de criar uma conexão emocional com o público.
A inclusão de personagens nativos americanos e negros inicialmente parece prometer uma abordagem mais ampla das experiências humanas, mas essas figuras acabam relegadas a meros símbolos, com pouca profundidade ou impacto na trama. Isso não só subaproveita a oportunidade de discutir temas sociais relevantes, mas também dá ao filme um tom artificial, como se sua diversidade fosse apenas uma obrigação.
Embora “Aqui” traga ideias intrigantes sobre a transitoriedade da vida. de como um lugar já foi muita coisa e a conexão entre gerações, ele se perde em uma montagem confusa e uma narrativa fragmentada. A ausência de um tom consistente e a falta de personagens realmente memoráveis transformam o filme em uma experiência frustrante. O que poderia ter sido uma reflexão poética sobre o tempo e a memória se torna, no final das contas, uma experiência visualmente interessante, mas emocionalmente rasa.