Ferrari

O diretor Michael Mann finalmente volta aos cinemas com o longa sobre a vida de Enzo Ferrari. Mann, que é conhecido por Colateral (2004) e o clássico “Fogo Contra Fogo” (1995), não lançava filme desde 2015 com o drama de ação “Hacker”, que foi um fracasso de bilheteria e crítica na época.

Um projeto dos sonhos de Michael Mann era adaptar o livro biográfico, “Ferrari: O homem por trás das máquinas”, do autor Brock Yates. O diretor levou quase duas décadas para tornar a produção uma realidade.

Em “Ferrari”, Michael Mann traz o ator Adam Driver como Enzo Ferrari, para viver a vida tumultuada do lendário magnata do automobilismo. Além de Driver, o elenco conta com Penélope Cruz, Shailene Woodley e o brasileiro Gabriel Leone.

O roteiro escrito por Troy Kennedy Martin, que faleceu em 2009, faz um recorte da vida de Enzo Ferrari, que é focado em 1957, um ano crucial na vida do empresário tanto pessoal quanto profissionalmente, onde a empresa fundada por Ferrari e sua esposa Laura (Penélope Cruz) enfrenta a falência. Enzo arrisca tudo na famosa Mille Miglia, uma corrida de longa distância pela Itália, algo que redefiniu o conceito de carro esportivo italiano de alta performance e que semeou as sementes da Fórmula 1. Além disso, tenta viver um segunda vida em segredo com sua amante e futura companheira Lina Lardi (Shailene Woodley) e o seu filho Piero (Giuseppe Festinese), fruto da relação, que espera um dia poder usar o sobrenome do pai.

O grande destaque é o Adam Driver, que está ótimo como Ferrari ou “Il Commendatore”, como era chamado. A sua interpretação mostra as várias faces de um homem complexo, que ao mesmo tempo que é amoroso com seus filhos, ainda é frio e calculista com outras relações, dando prioridade para o sucesso de sua empresa e de seu legado.

Além disso, outros nomes do elenco entregam performances poderosas, como Penélope Cruz destacando-se pela expressividade de seu olhar e a força de uma mulher independente, e claro, Gabriel Leone que está ótimo dando vida ao personagem do piloto Alfonso de Portago, que é uma figura importante para o enredo.

Sob a direção habilidosa de Michael Mann, o filme captura a essência da paixão pelo automobilismo, sendo uma ótima opção para filmes desse gênero, como foi o caso de “Ford vs Ferrari” (2019), do diretor James Mangold. Além disso, Mann consegue construir personagens ambíguos e com atitudes duras e complexas.

A montagem tem um ritmo bom, que consegue misturar momentos dramáticos com cenas dinâmicas das corridas. Mesmo com uma narrativa cheia de altos e baixos.

Mas existe claramente um problema nos efeitos visuais, onde o CGI não convence, o que não tira tanto o efeito impactante em momentos de batidas violentas, principalmente, a cena da tragédia na corrida Mille Miglia.

Em suma, “Ferrari” é envolvente. Oferece uma perspectiva interessante da vida de Enzo Ferrari, um homem cheio de camadas e difícil de decifrar. Mesmo com alguns problemas técnicos, o que faz o filme bom são as performances marcantes e a boa direção de Michael Mann.