7,2/10

Maestro

Diretor

Bradley Cooper

Gênero

Drama

Elenco

Carey Mulligan, Bradley Cooper, Matt Bomer

Roteirista

Bradley Cooper, Josh Singer

Estúdio

Netflix

Duração

120 minutos

Data de lançamento

20 de dezembro de 2023

O amor complexo de Leonard Bernstein e Felicia Montealegre, desde o momento em que se conheceram em 1946 em uma festa e continuando por dois noivados, um casamento de 25 anos e três filhos.

A cinebiografia “Maestro”, dirigido e estrelado por Bradley Cooper, é a grande aposta da Netflix para o Oscar 2024. O filme estreia na plataforma no dia 20 de dezembro, mas será exibido em cinemas selecionados durante o último mês do ano. Com uma equipe de produção renomada, incluindo nomes como Martin Scorsese e Steven Spielberg na produção, a obra prometia ser uma cinebiografia sobre Leonard Bernstein, o famoso maestro e compositor americano.

O longa faz um recorte de várias décadas da vida de Leonard Bernstein (Bradley Cooper), focando em sua história de amor conturbada entre ele e sua esposa Felicia Montealegre Cohn Bernstein (Carey Mulligan). Além disso, mostra momentos de sua notória carreira no meio artístico.

Visualmente, o filme impressiona. A direção de fotografia de Matthew Libatique, conhecido por trabalhar nos filmes do diretor Darren Aronofsky, consegue trazer uma cinematografia de encher os olhos. Por essa questão estética, vale assistir o filme em uma tela grande. Em conjunto com a direção de Cooper, o filme transita habilmente entre o preto e branco durante as décadas de 1940 e 1950, para o colorido para retratar os anos 1970 e 1980.

A maquiagem responsável por Kazu Hiro também é outro ponto muito bem feito desde a juventude até o envelhecimento dos personagens. Com a ideia de deixar Bradley Cooper o mais parecido possível com Bernstein, a equipe de Hiro criou prótese de nariz e complementos para lábios e queixo e até o ‘formato da orelha’ de Cooper mudou, tudo para trazer o visual mais autêntico possível. Vale destacar que a maquiagem de Carey Mulligan também a deixou muito próxima de como era a real Felicia Montealegre.

No entanto, a beleza visual não compensa as falhas na narrativa. Além de dirigir e protagonizar o filme, Bradley Cooper também assina o roteiro em conjunto com Josh Singer (Spotlight), e é visível como existe uma dificuldade em criar aprofundamento na história de Leornard Bernstein, uma figura complexa, mas que continua um enigma depois do fim da cinebiografia, onde o espectador precisará pesquisar mais sobre a vida do músico para entender algumas questões levemente mostradas no filme.

“Maestro” acerta ao explorar a bisexualidade e dramas pessoais de Bernstein, mas falha ao não aprofundar a construção desse ícone da música. Não existe estudo de personagem, onde não conseguimos compreender as aflições e a mente do protagonista. Por exemplo, as cenas que mostram Bernstein dizendo se sentir depressivo não são contextualizadas, tornando-se rasas e pouco impactantes. O público não é capaz de criar um vínculo mais forte com a história dele.

Surpreendentemente, o destaque recai sobre Carey Mulligan, que interpreta Felicia, a esposa de Bernstein, pois enquanto ela revela camadas emocionais, a narrativa falha em fazer o mesmo com Bernstein. Sua personagem vive um vida solitária, e isso acaba assumindo até momentos de protagonismo, onde o certo seria o nome do filme ser “Maestro e Felicia” ou algo do tipo, já que todo o enredo coloca a personagem como tema central da história.

O filme brilha nos momentos em que Cooper assume o papel de maestro, recriando de forma magistral as performances icônicas de Bernstein. A produção teve o aval da família Bernstein para a utilização das principais composições do músico no filme, o que acaba sendo o ponto mais positivo para demonstrar a genialidade de Leonard Bernstein. No entanto, a ausência de uma exploração mais profunda da vida e legado do maestro deixa o espectador ávido por mais informações. Ao final, a sensação é de ter visto apenas um vislumbre da vida desse gênio da música.

Concluindo, apesar de seus pontos técnicos notáveis, “Maestro” sucumbe à superficialidade narrativa, tornando-se mais um exemplo de “Oscar bait”, atraindo espectadores pela premiação, mas deixando a desejar na entrega de uma história envolvente e completa sobre uma figura tão icônica da música.

6

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