7.2/10

Nosso Amigo Extraordinário

Diretor

Marc Turtletaub

Gênero

Comédia , Drama

Elenco

Ben Kingsley, Harriet Sansom Harris, Jane Curtin

Roteirista

Gavin Steckler

Estúdio

Big Beach

Duração

87 minutos

Data de lançamento

07 de setembro de 2023

Milton vive uma vida tranquila e rotineira em uma pequena cidade no oeste da Pensilvânia, mas tem seu dia virado de cabeça para baixo quando um OVNI e seu passageiro extraterrestre fazem um pouso forçado em seu quintal.

Milton (Ben Kingsley) é um idoso que preza pela sua independência, mas sua filha Denise (Zoe Winters) está preocupada com sua saúde, Milton tem esquecido de algumas coisas, misturado outras e faz exatamente as mesmas reclamações em toda reunião de associação do bairro. É uma vida solitária e sem grandes acontecimentos, até que um OVNI cai no seu quintal e dele sai um alien. Esse é o enredo de um filme que consegue ser, ao mesmo tempo, um dos mais simples e estranhos do ano. E um dos mais sensíveis também.

A estranheza começa com a reação de Milton. Ele vê o OVNI e o alien com uma certa apatia, mais incomodado com sua plantação de azaleias que foi destruída pela nave do que qualquer outra coisa, tenta ligar para a filha para contar a situação, mas ela não atende e ele não insiste. Só volta a mencionar o ocorrido na reunião do bairro, mas diante do histórico pouco crível de Milton, ninguém dá bola. Enquanto isso, ele tenta contato com o alien, que não fala nem parece entender completamente o que é falado, mas come as maçãs que Milton oferece e lhe faz companhia dentro de casa quando não está tentando consertar sua nave. Por um tempo é só Milton e o alien na casa, apesar de Milton não tentar escondê-lo de ninguém:  sua filha não o vê por coincidência e quando o caixa do mercado pergunta o porquê de tantas maçãs, Milton simplesmente responde que é para alimentar o alien que está em sua casa.

Quando Sandy (Harriet Sansom Harris), uma vizinha de Milton que parece igualmente solitária, vai à sua casa e descobre que tem, de fato, um alien ficando em sua casa. Sua reação é um pouco mais apropriada que de Milton e ela levanta questões importantes, se ele é perigoso, se não pode ser uma ameaça e quando se convence de que não é, estabelece a nova regra de que ele deve permanecer escondido, um segredo entre eles, já que os humanos podem ser um perigo para o próprio alien e decide chamá-lo de Jules, criando assim um laço emocional com ele. Sandy revela para Jules que sua filha mora do outro lado do país e que, apesar de se darem bem, não se veem pessoalmente há 3 anos, fonte de grande tristeza para ela. Jules não fala uma palavra, nem esboça qualquer reação, mas apenas sua presença já inspira uma compreensão e um senso de companhia que tanto Sandy quanto Milton não encontravam a muito tempo, isso graças a duas coisas: sua aparência ligeiramente bizarra (ao mesmo tempo que tradicional, se tratando de um alien numa ficção), mas simples, sem depender de CGI, e à atuação de Jade Quon, que mesmo praticamente irreconhecível dentro do traje, ainda expressa uma gama de sentimentos a partir de sua linguagem corporal.

Jules é, sem dúvidas, uma metáfora para muitas coisas e por um tempo o filme nos faz questionar se ele é mesmo real ou apenas fruto da imaginação dos dois idosos solitários, mas então descobrimos que o FBI está investigando a situação e está à procura do OVNI que caiu e tudo é, aparentemente, real. Essa não é a parte mais relevante da trama, no entanto. Independente de qualquer coisa, Jules é muito mais do que um alien. Quando o telejornal noticia sobre a investigação, Joyce (Jane Curtin), outra vizinha, vai até a casa de Milton e conhece Jules, mais uma pessoa que sabe do segredo. E, de repente, nenhum deles é mais solitário, unidos por Jules, eles vão além de suas diferenças para ajudá-lo e protegê-lo, e no meio disso formam uma espécie de amizade.

É difícil definir “Nosso Amigo Extraordinário”, ele não é exatamente uma comédia, mas também não é um drama. Talvez seja uma decisão de Marc Turtletaub deixar a história sempre nesse “limbo”. Ao mesmo tempo em que outros caminhos poderiam ser explorados, por deixas que existem no filme, ele é restrito ao “mundinho” desses três idosos e o que é realidade para suas vidas. Enquanto cuidam de Jules, cada um deles é obrigado a parar e refletir sobre si, seus arrependimentos, seus medos e os desafios que vêm com a idade. Essas reflexões são feitas de forma natural e sem grandes alardes, mas isso não torna o resultado menos poderoso e ao fim, nos encontramos tocados com todos os personagens, inclusive Jules.

 

Por Júlia Rezende

8

Missão cumprida

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