5.1/10

O Nascimento do Mal

Diretor

Lori Evans Taylor

Gênero

Drama , Terror

Elenco

Melissa Barrera, Guy Burnet, Edie Inksetter

Roteirista

Lori Evans Taylor

Estúdio

Diamond Filmes

Duração

90 minutos

Data de lançamento

11 de maio de 2023

Uma mulher grávida em repouso começa a se perguntar se sua casa é mal-assombrada ou se é tudo coisa da sua cabeça.

A relação familiar, principalmente a relação maternal, é um tema recorrente nos filmes de terror e seus subgêneros, temos filmes como Hereditário, Boa Noite, Mamãe!, O Bebê de Rosemary, e até, mais recentemente, o filme Tic-Tac: A Maternidade do Mal. Esse último fica mais próximo de “O Nascimento do Mal” por falar especificamente sobre a gravidez. Então, podemos concluir que um filme de terror sobre uma mulher grávida não reinventa a roda, mas principalmente nesse gênero, nunca podemos considerar que algo só é bom se foge dos clichês ou se é “inteiramente original”, se é que isso ainda existe. “O Nascimento do Mal” usa esses elementos a seu favor para entregar um resultado surpreendente, com tudo que um filme de terror precisa – e um algo a mais.

A protagonista é Julie Rivers (Melissa Barrera, de Pânico 5 e 6), uma mulher que está chegando no final de sua gravidez quando acaba tendo um acidente e recebe ordens médicas para ficar em repouso absoluto e não passar nenhum tipo de estresse até o parto para não colocar sua vida e a do bebê em risco. Como um bom filme de terror, Julie acabou de se mudar para uma casa gigante e meio isolada. Ela e seu marido Daniel (Guy Bernet) compraram a casa por um preço abaixo do mercado porque ela precisava de uma boa reforma, mas eles tiveram que parar o serviço já que Julie não poderia mais acompanhar a obra e Daniel passa o dia trabalhando como professor numa Universidade próxima.

Julie se vê sozinha em casa, isolada em seu quarto, não podendo sair da cama por mais 5 minutos para idas ao banheiro, banhos só podem acontecer de 3 em 3 dias. Ela e seu marido levam a sério as recomendações do médico, no passado o casal perdeu um filho que nasceu morto, um trauma particularmente impactante para Julie, que teve que passar um tempo num hospital para tratar de sua saúde mental, coisa que seu marido não a deixa esquecer.

O tédio e o marasmo que tomam conta dos dias de Julie é interrompido quando ela começa a ouvir sons de bebês vindos da casa e visões estranhas, dentro de seu próprio quarto e também no quarto do bebê que já está quase pronto e conta com uma câmera de babá eletrônica da qual ela tem acesso. Ela tenta contar para o marido o que está acontecendo, mas para Daniel a resposta é muito simples: Julie está entrando em surto por conta de seu trauma do passado e confinamento no presente e sua solução é contratar uma mulher, a enfermeira especializada Delmy Walker (Edie Inksetter), para fazer companhia para Julie enquanto ele está fora. A falta de confiança por parte de seu marido e a companhia constante dessa desconhecida em sua casa apenas aumentaram o estresse de Julie, junto com as visões e situações sobrenaturais que a assolam só pioram sua condição, e sua sensação de isolamento deixa de ser física para ser também emocional.

O aspecto emocional trazido em O Nascimento do Mal é também seu maior trunfo. O filme tem tudo que um terror precisa, e tudo com muita qualidade. Melissa Barrera já tinha se provado uma boa atriz para o gênero em sua participação nos últimos filmes da franquia Pânico e aqui ela repete o bom trabalho, o que é essencial para distanciar o filme de algo superficial ou jocoso. Os sustos são bem feitos, funcionam bem com a trilha e realmente dão medo em muitas situações, perdendo um pouco apenas quando tentam deixar gráfico demais, como cenas em que alguma criatura sobe pelas paredes como uma aranha, presente em quase todo filme de terror hoje em dia. Por que as pessoas acreditam que é assustador colocar espíritos malignos para andarem por aí como o homem-aranha ou como se praticassem parkour ainda é um grande mistério para mim, mas o filme compensa quando parte para outros artifícios mais próximos do suspense. Independente disso, é a interpretação da gravidez, da maternidade, da perda e do luto que diferenciam esse de outros tantos filmes. A camada psicológica que ele explora, sobretudo acerca da sanidade e da resiliência de Julie é uma surpresa pra lá de agradável.

Até mesmo as reviravoltas, que à primeira vista parecem um tanto desastrosas, fazem sentido e amarram a história no final, mostrando um bom alinhamento com a história central. O luto de uma mãe é uma coisa poderosa, mas o amor de uma mãe pode ser uma força muito maior.

 

Por Júlia Rezende

8.5

Missão cumprida

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