Quarteto Fantástico: Primeiros Passos
Diretor
Matt Shakman
Gênero
Ação , Drama , Ficção Científica
Elenco
Pedro Pascal, Vanessa Kirby, Ebon Moss-Bachrach
Roteirista
Josh Friedman, Eric Pearson e Jeff Kaplan
Estúdio
Marvel Studios
Duração
115 minutos
Data de lançamento
24 de julho de 2025
Com um novo filme da Marvel (são muitos, é verdade), nasce uma nova esperança de um futuro interessante para o estúdio. Embora nenhum tenha se provado especialmente promissor até o momento, o último lançamento, Quarteto Fantástico: Primeiros Passos tem a vantagem de poder contar uma história realmente nova e independente (pelo menos até os créditos finais), já que os personagens estão dando literalmente os primeiros passos no UCM, além de estarem em outra época e em outra dimensão da Terra em relação aos filmes anteriores. Isso significa que não temos dezenas de referências e participações especiais que você só entenderia se tivesse assistido a outras dezenas de filmes. Livre dessas amarras, a primeira família chega ao UCM com um teor muito mais emocional, e científico, menos focado na parte “super” dos heróis – e bem família.
Essa pode não ser a primeira adaptação do Quarteto Fantástico para os cinemas, mas é a que vale a pena. Temos menos detalhes sobre a origem do quarteto, mas eles se fazem desnecessários diante da dinâmica dos personagens, que não deixa dúvida sobre a natureza da sua relação: eles são uma família, unida e afetuosa, e esse é o verdadeiro poder. Esse sentimento é amplificado pela gravidez de Sue Storm (Vanessa Kirby), tão aguardada pelos pais, Sue e Reed (Pedro Pascal) e bem recebida pelos tios Johnny (Joseph Quinn) e Ben (Ebon Moss-Bachrach). A população dos EUA naquela década fica tão feliz quanto a família, já que é grata e grande admiradora do Quarteto também, eles são tema de desenho animado, brinquedo de caixa de cereal e celebridades, mas têm um papel ainda mais importante na ciência com Reed e na diplomacia com Sue. Mas falta de conflito não faz um filme, e é aí que entra a Surfista Prateada (Julia Gardner), aterrorizando Nova Iorque quando chega pelos ares com a macabra mensagem de que Galactus, o Devorador de Mundos tem a Terra como seu próximo alvo e, em breve, todos eles estarão mortos, então que aproveitem seus últimos momentos com aqueles que amam.
É claro que o Quarteto, como protetor da Terra e prestes a receber um novo membro na família, não esperaria pela morte sem tentar salvar o planeta, então logo eles estão no espaço, à procura de Galactus e de uma solução. O Galactus eles encontram, mas a solução é uma verdadeira escolha de Sofia: eles podem salvar a Terra ou Franklin, o bebê que está para nascer e que Galactus acredita que tem o potencial de ser seu grande sucessor. Deixar o pequeno (e muito fofo, quando não está carregado de CGI) Franklin como peça central dessa trama traz dois resultados muito positivos: dá espaço para Sue se tornar uma personagem desenvolvida e tridimensional e abre a discussão sobre um problema pessoal se tornar igualmente relevante para a sociedade como um todo.
Quando pensamos em Quarteto Fantástico: Primeiros Passos pelo prisma da emoção, é um filme primoroso. A carga emocional é alta e quase sempre funciona, não só para o Quarteto, mas para outros personagens mais surpreendentes também. O que funciona também é a estética do filme; com o visual retrofuturista clássicos das HQ, a direção de arte é um grande acerto, com detalhes incríveis e uma ambientação imersiva e visualmente bonita, mas quando pensamos no desenrolar mais “prático” da trama, sobretudo do conflito principal, a qualidade cai drasticamente e um dos planos de Reed, supostamente o homem mais inteligente do mundo, é tão pouco engenhoso que beira o absurdo. Os poderes e as cenas de ação também são pouco utilizadas, não que isso prejudique o filme por inteiro, mas poderia ter sido um fator de potencialização da trama em vez de ser apenas um “detalhe”. A mesma coisa se aplica a personagens secundários, como o Ben, que tem alguns momentos interessantes mas que não chegam a se concretizar.
Entre possibilidades e potenciais, Quarteto Fantástico: Primeiros Passos ainda traz conceitos válidos e que poderiam acrescentar muito à essa nova fase da Marvel. Assim como em Superman, aqui a humanidade fala mais alto e a mensagem de esperança e união ganham destaque, algo extremamente necessário quando levamos em conta o estado do mundo em que estamos vivendo agora. Resta saber se essa essência da primeira família continuará persistindo quando se juntarem ao Universo caótico e às dezenas de super-heróis que os aguardam.
Por Júlia Rezende