6.7/10

Uma Família Extraordinária

Diretor

Matt Smukler

Gênero

Comédia , Drama

Elenco

Kiernan Shipka, Jean Smart, Samantha Hyde

Roteirista

Jana Savage e Matt Smukler

Estúdio

Diamond Filmes

Duração

105 minutos

Data de lançamento

05 de outubro de 2023

Inspirado em uma história real, UMA FAMÍLIA EXTRAORDINÁRIA acompanha a jornada de Bea enquanto ela tenta encontrar um equilíbrio entre os conflitos da adolescência e as situações atípicas que enfrenta com dois pais com deficiência intelectual.

Em 2021 foi lançado CODA – No Ritmo do Coração, um remake americano do filme francês A Família Bélier (2014), sobre uma menina que cresceu com pais e irmão surdos, por ser a única que ouve, ela acabava se tornando a intérprete da família para interações com os vizinhos, com os clientes e etc., a colocando numa posição de “cuidadora” da família de alguma forma, até que ela descobre que tem talento para o canto e tem uma boa oportunidade para se formar numa ótima universidade longe de casa, e deve decidir se continua “cuidando” da família ou se trilha seu próprio caminho.

“Uma Família Extraordinária” não é um remake desses filmes, nem pode ser acusado de plágio, pois trata de uma história baseada em eventos reais, mas carrega muito em comum com o vencedor do Oscar de 2022. Aqui, Bea (diminutivo para “Bambi”) Johnson (Kiernan Shipka) narra sua história enquanto está em um coma por conta de um acidente (apesar de ser um coma, não é nada realmente grave e o filme não se inclina para o drama) e toda sua família está no hospital para vê-la. É uma família claramente afetuosa, ainda que inegavelmente caótica, e logo aprendemos que Bea não leva uma vida considerada “normal”: tanto seu pai Derek (Dash Mihok) quanto sua mãe Sharon (Samantha Hyde) sofrem de deficiência intelectual e, desde muito nova, Bea é responsável não só por si mesma, mas por seus pais também.

Derek e Sharon se conhecerem, começaram a namorar e rapidamente se casaram, uma surpresa para seus pais, que até mesmo consideraram infertilizar os dois para que eles não viessem a ter filhos, mas antes que pudessem fazer qualquer coisa, Shanon estava grávida. Os pais de Shanon, Peg (Jean Smart) e Earl (Brad Garrett) sempre foram dedicados à filha e estenderam essa dedicação à sua nova neta, mas o cansaço e a falta de uma vida privada entre os dois fez com que o casamento deles ruísse. Da parte de Derek, sua mãe Loretta (Jacki Weaver) vivia uma vida muito mais despreocupada e livre e, sendo oposto de Peg, isso levou a conflitos familiares. Quando Derek fez questão de se mudar com a família para sua própria casa, em Las Vegas, e os três se viram sozinhos pela primeira vez enquanto Bea crescia, a realidade da menina foi ficando cada vez mais distinta da de seus colegas.

Bea é uma menina extremamente inteligente. Ela estuda em uma escola privada, paga por sua tia materna Joy (Alexandra Daddario) e o marido Ben (Reid Scott), cujas vidas não poderiam ser mais diferentes de Bea, e é constantemente relembrada de todos os aspectos que tornam sua vida uma experiência única em relação a de outros adolescentes de sua idade. Desde ter que lembrar os pais de pagar as contas, a mãe de se arrumar e chegar no trabalho no horário, a aprender (ou tentar) dirigir aos 10 anos de idade. A maioria dos acontecimentos, que poderiam ser trágicos, são tratados com leveza e retratados de forma bem-humorada, que cai muito bem na história e no sentimento geral do filme. A personalidade de Bea é uma dos elementos mais atrativos do filme, trazendo não só humor, mas também romance com o doce Ethan (Charlie Plummer). É inegável, no entanto, que o elenco estelar é o grande trunfo do filme de Matt Smulker, sem qualquer exceção, todos os personagens são interpretados por grandes e impressionantes atores, capazes de abrilhantar uma história que, sem tantos talentos, passaria despercebida.

Existe ainda a questão de se tratar de um filme contado da perspectiva de uma pessoa neurotípica, ainda que trate de questões de deficientes intelectuais e, querendo ou não, ao longo do filme há momentos que nos fazem questionar se os personagens dos pais não estão sendo usados como uma espécie de escada para a história de Bea. Por mais que sejam retratadas situações em que fica claro os obstáculos e preconceitos que os dois enfrentam na vida simplesmente por estarem fora dos padrões considerados “normais”, não as enxergamos do ponto de vista de quem sofre essas agressões, o que certamente faria uma grande diferença. Seja como for, a visão que Bea tem de seus pais ainda é bonita e sensível, resultando num filme divertido o suficiente para entreter.

 

Por Júlia Rezende

8

Missão cumprida

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