7.6/10

Wonka

Diretor

Paul King

Gênero

Comédia , Drama , Musical

Elenco

Timothée Chalamet, Olivia Colman, Hugh Grant

Roteirista

Simon Farnaby e Paul King

Estúdio

Warner Bros. Pictures

Duração

116 minutos

Data de lançamento

07 de dezembro de 2023

Um jovem Willy Wonka cheio de ideias está determinado a mudar o mundo a cada deliciosa mordida de seu chocolate, uma atrás da outra, provando que as melhores coisas da vida sempre começam com um sonho.

Willy Wonka é um personagem que habita o imaginário popular há algumas décadas. Seja a versão original, lançada nos anos 70 ou o remake com Johnny Depp de 2005, você certamente já ouviu falar do dono da Fantástica Fábrica de Chocolate, sua personalidade excêntrica, seus pequenos funcionários (?) Oompa-Loompas e suas invenções mirabolantes envolvendo chocolate e outros doces. O remake chegou a trazer alguns aspectos da vida de Wonka “antes da fama”, mas ambos os filmes focaram na Fábrica e na relação de Wonka com as crianças escolhidas para conhecê-lo, principalmente Charlie.

Com a memória de A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005) ainda fresca em nossas cabeças, a Warner traz novamente a figura de Wonka para os cinemas. No filme de 2005 chegamos a ver um pouco da “história de origem” de Wonka e sua obsessão por chocolate, mas “Wonka” deixa isso de lado (e todo o resto também) para criar e construir, do zero, sua nova versão de Willy Wonka, completamente independente das outras produções. Foi uma decisão arriscada, mexer na fundação de um personagem já conhecido e amado, mas para fazer a nova roupagem funcionar, os passos certos foram dados: escalaram um dos nomes mais populares do momento, Timothée Chalamet para o papel principal e, para direção, escolheram Paul King, diretor de dois dos filmes infantis mais aclamados pela crítica nos últimos tempos: Paddington. Ambas decisões fazem ainda mais sentido quando consideramos a nova direção que “Wonka” dá para o excêntrico chocolatier.

Anteriormente, apesar de ser para o público infantil, Willy Wonka era um personagem com uma certa malícia, criador de invenções engenhosas, muitas (quase todas) vezes colocava as crianças que visitavam a Fábrica em risco sem se importar com as consequências, é fácil encontrar na Internet memes sobre como as crianças simplesmente desapareciam, ou até mesmo morriam, nos filmes e eles simplesmente continuavam o passeio como se nada tivesse ocorrido. De uma forma ou de outra, essa realidade paralela e a personalidade desligada de Wonka eram grande parte do charme dos filmes, mas agora, “Wonka” vem com uma proposta completamente diferente. A paixão de Wonka por chocolate tem uma explicação comovente: sua mãe, que faleceu quando ele ainda era criança, juntava cacau e fez pra ele seu primeiro chocolate, com a promessa de que, quando ele compartilhasse chocolate com outras pessoas, ela estaria do seu lado. Essa conexão dita o tom não só desse personagem, mas do filme como um todo.

Focado ainda mais no público infantil, o novo filme resgata aspectos essenciais dos outros filmes para construir algo inédito dentro desse universo. Começando pelo visual, “Wonka” se apoia ainda mais no colorido, no inventivo e na fantasia, e o resultado é deslumbrante. O filme é uma sucessão de cenas belíssimas de encher os olhos tanto dos pequenos quanto dos adultos, as músicas entram nessa categoria também. Além das duas músicas já conhecidas pelos fãs, “Wonka” é um musical de verdade e, embora as músicas não sejam exatamente memoráveis, fluem bem e em sincronia com o ritmo do filme. Fazia tempo que não tínhamos um musical assim, lembrando clássicos como Mary Poppins.

A humanização parte de sua mãe, mas o acompanha em cada passo e cada interação com os outros personagens, principalmente com Noodle (Calah Lane), uma criança órfã que se junta a Wonka para que eles sobrevivam ao casal de vilões (Olivia Colman e Tom Davis). Noodle, assim como Wonka, esbanja carisma e apelo infantil, e eles formam uma dupla genuinamente interessante e relacionável. Tanto os vilões como os outros personagens são mais caricatos e, consequentemente, mais rasos. Essa talvez seja uma consequência inevitável de um filme assumidamente infantil, as tramas são mais simplificadas, deixando menos espaço para ambiguidades e nuances, mas, também como um (bom) filme infantil, “Wonka” tem emoção para dar e vender e te pega pelo coração. É um filme com um charme irresistível, humor inocente, mas eficaz e mensagens otimistas refletidas nas jornadas dos protagonistas.

 

Por Júlia Rezende

8.5

Missão cumprida

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